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PARTE10:
NOÇÕES SOBRE MANUTENÇÃO DE REGISTRO E DE ANÁLISE ECONÔMICOS PARA A AQÜICULTURA.

N. Merola*

A aqüicultura continua sendo um setor em rápida expansão, orientado para um crescente número de mercados. Ao se estabilizar a oferta de proteínas de pescado, devido ter sido atingida a produção máxima sustentável pela pesca extrativa na maioria dos países, esta forma de cultivo adquire sempre maior importância como único método disponível para satisfazer a crescente demanda de produtos aquáticos.

A produção mundial da aqüicultura, no ano de 1987, foi de 10,2 milhões de toneladas, enquanto a produção estimada para o ano 2.000 é de 22,2 milhões de toneladas. O setor está crescendo a uma taxa anual de 5,5% e a produção relativa de pescado deveria aumentar sua participação na cota total. Estes dados são também representativos para o Nordeste brasileiro, dado que estimativas realizadas pelo BNB indicam um déficit de produção superior a 300.000 toneladas, com projeção para o ano 2.000 de 900.000 toneladas. Considerando a difusão e relevância que a proteína de pescado assume na dieta da família nordestina e o aspecto do déficit previsto, se pode entender o significado econômico e social que a produção obtida, através de qualquer forma de piscicultura, representa para o povo nordestino.

Neste trabalho consideramos e apresentamos uma série de estudos metodológicos ligados às avaliações e análises econômicas de uma atividade piscícola, tratando de prover com instrumentos adequados para o extensionista completar e melhorar a qualidade e a eficiência de sua intervenção no processo produtivo.

10.1 Manutenção de Registros

Uma grande quantidade de informação é exigida para o planejamento da atividade produtiva de uma granja ou de uma piscicultura, assim como para efetuar análises da produção de diferentes produtos. A maioria das informações necessárias não é disponível nos registros financeiro, portanto, se pretende obter dados adicionais físicos e de custo, para realização do trabalho, quer a nível de planejamento e/ou de avaliação.

Sempre existindo o problema de inclusão de detalhes no processo de manutenção de registros, a quantidade e profundidade dos dados necessários deverá ser avaliada comparando os custos adicionais ligados ao tempo (trabalho) necessário. Entretanto, é sumamente importante manter pelo menos os registros básicos, particularmente em uma atividade como a de piscicultura, que não é consolidada e se ressente da falta de parâmetros técnicos e econômicos aplicados aos diferentes casos considerados. É fundamental possuir esta gama de informações se se deseja aplicar princípios econômicos necessários para a boa condução de uma atividade agropecuária e/ou para avaliar e considerar que melhorias se deve introduzir e que mudanças efetuar no projeto.

* Especialista em aqüicultura do Projeto FAO-GCP/RLA/075/ITA
C.p.07.1058, Brasília, DF, Brasil

10.1.1 Registros de Dados Biológicos

O acompanhamento da produção pode e deve se efetuar através de fichas que reunam a informação biológica necessária para avaliar os aspectos técnicos da produção. Na Tabela 1 mostra-se uma forma de registro utilizável para recolher diariamente os dados relativos a alimentação e fertilização, seja orgânica ou inorgânica. Ao final de cada mês somam-se os totais e se registra na tabela o resumo anual de cada tanque ou viveiro de piscicultura.

Na Tabela 2 apresenta-se outro tipo de registro diário que permite manter um controle dos principais parâmetros associados à produção, como a temperatura, a biomasa, a mortalidade e a alimentação, além de se dispor de um espaço para observações que pode ser utilizado para outros tipos de dados. Como na ficha anterior, os dados devem ser somados no final do mês e registrados na ficha anual.

Uma ficha/quadro anual é apresentada na Tabela 3. Esta ficha contém toda a informação relativa ac ambiente de cultivo, passando desde a estocagem até a colheita, via amostragens e outras etapas da produção. Os dados podem ser registrados por espécie ou reunindo tudo concernente ao viveiro, inclusive os dados processados e dos indicadores biológicos (produção, produtividade, conversão, etc.) mais comumente utilizados para avaliar a eficiência do cultivo.

10.1.2 Registro de Dados Econômicos

Como foi visto no item anterior, existem registros para uso diário e outros para uso anual (ou sazonal). Os diários devem ser mantidos para os insumos (entradas) e para os produtos (saídas).

10.1.2.1 Registro de insumos e produtos (diários)

Existem dois tipos de insumos: os fixos e os variáveis. Os fixos não mudam com a variação da produção, enquanto os variáveis estão diretamente ligados ao nível de intensidade aplicado e a produção resultante.

Cada custo deve ser descrito com todos os detalhes possíveis, especificando origem, uso, tipo e quantidade. Na Tabela 4 apresenta-se um modelo para custos fixos e na Tabela 5 um para entradas variáveis. O item se refere ao insumo (p.ex.: alimento, alevinos, etc.) e o tipo à descrição do mesmo (torta de arroz, milho, “pellet”, etc).

Todas as atividades de piscicultura requerem mão-de-obra, que também deve ser registrada a fim de se avaliar seu custo e sua eficiência. Na Tabela 6 mostra-se um modelo em que se define o tipo de atividade na qual se emprega a mão-de-obra (p.ex.: fertilização, alimentação, etc.), a qualidade (adulto, jovem, homem, mulher, etc.), a quantidade expressa em homem/dia ou homem/hora e o custo unitário (por dia ou por hora) e total.

Os menores custos de comercialização podem ter importância sobre o custo total e talvez se queira comparar diferentes opções de venda. Neste caso é bom manter um registro separado destes custos e detalhar tudo que se refere a este rótulo. A Tabela 7 mostra um modelo que permite diferenciar custos e receitas de acordo com a atividade (vendas na granja, etc.)

O registro de produtos (saídas) se apresenta na Tabela 8, que prevê a anotação de tudo que foi produzido no viveiro, seja para consumo interno como para venda. No primeiro caso estima-se qual seria o valor perdido por não tê-lo wendido no mercado (custo/receita de oportunidade), assim como a produção que foi utilizada em troca, total ou parcial, de pagamentos (salários).

10.1.2.2 Registro de inventário, produção e uso de máquinas (anuais ou sazonais)

Os dados coletados diariamente são resumidos em tabelas anuais, as quais são utilizadas depois para calcular a rentabilidade e a eficiência do seu uso. A Tabela 9 mostra um modelo para um viveiro ou um produto, donde se calcula, ao final, uma série de informações necessárias para a análise econômica desejada e indicadores para estimativas, projeções e planejamento em geral.

Tabela 1
REGISTRO DE CONTROLE DE ALIMENTAÇÃO, ADUBO ORGÂNICO E ADUBO INORGÂNICO
MêsMês
DiasAlimentaçãoAdubo
Orgânico
Adubo InorgânicoDiasAlimentaçãoAdubo
Orgânico
Adubo Inorgânico
UréiaFosfatoUréiaFosfato
1    1    
2    2    
3    3    
4    4    
5    5    
6    6    
7    7    
8    8    
9    9    
10    10    
11    11    
12    12    
13    13    
14    14    
15    15    
16    16    
17    17    
18    18    
19    19    
20    20    
21    21    
22    22    
23    23    
24    24    
25    25    
26    26    
27    27    
28    28    
29    29    
30    30    
31    31    
TotalTotal
Alimento:Kg 
Adubo Orgânico:Kg 
Adubo Inorgânico:Kg 
Uréia:Kg 
Fosfato:Kg
  RESPONSÁVEL

OBSERVAÇÕES:




Tabela 2

REGISTRO DE CONTROLE DE ALIMENTAÇÃO E BIOMASSA

Tanque:  
Período
(Gaiola)Mês
DiasTemp.(°C)No de PeixesPeso Unit.
(Kg)
Peso Total
(Kg)
AlimentaçãoObservações
Tipo (1)% (2) Kg/dia
1        
2        
3        
4        
5        
6        
7        
8        
9        
10        
11        
12        
13        
14        
15        
16        
17        
18        
19        
20        
21        
22        
23        
24        
25        
26        
27        
28        
29        
30        
31        

TOTAL NO MÊS
1) Tipo: pó; “pellet” (tamanho); úmido; seco, etc.
2) % : 5-4-3 etc.

Tabela 3
FICHA RÉSUMO ANUAL DO AMBIENTE DÉ CULTIVO
Tanqueno         Superfície e Volume          Período         
Estocagem
PeríodoEspécieData da Estocagem№ de PeixesPeso (Kg)Fonte e Data
Data de Eclosão
Observações
TotalPor haTotalP/Peixe
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         

Colheita
Esp.DataDias de Cresc.№ de PeixesPerda/haAumento LíquidoPermanece no TanqueAlim. Total Por haConverção
TotalPor ha%№ de PeixesTotalha DiaPeixe
             
             
             
             
             
             
             
             
             
             
             
             

Tabela 4
REGISTRO DE ENTRADAS FIXAS
DATAITEMCUSTO MENSALCUSTO ANUALOBSERVAÇÕES
     

Entradas:

Tabela 5
REGISTRO DIÁRIO DE ENTRADAS VARIÁVEIS
DataTanqueENTRADAS
 áreaItemTipoQuantidadeCusto UnitárioCusto Total
        

Entradas:

Tabela 6
REGISTRO DIÁRIO DE ENTRADAS DE MÃO-DE-OBRA
DataTanqueAtividade EconômicaTipo de Mão-de-ObraTotal Hom/dia ou Hom/hTaxa de Sal. e TipoCusto Total de Mão-de-obraObservações
Área
         

Atividades:

Tabela 7

REGISTRO DAS ATIVIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO

Mês          Ano          Comprador/Mercado         

DataAtividadeCustos VariáveisVendas
TransporteGeloCaixasSaláriosOutrosTotalKgPreço Unit.Receita
           
TOTAL          

Tabela 8
REGISTRO DE SAÍDAS
DataTanqueEspécie CapturadaQuant Capturada
(Kg)
Ouantidade VendidaQuant. Consumida na FazendaQuantidade DoadaPagamentos em ObjetosValor da Produção
ÁreaQuant.
(kg)
Preç. Unit
($/kg)
Valor
($)
Quant.
(kg)
Valor
($)
Quant.
(kg)
Valor
($)
Quant.
(kg)
Valor
($)
               

Tabela 9

REGISTRO RESUMO PARA PRODUTOS OU AMBIENTE DE CULTIVO

Ano          Produto          Obsercações          

Tanque no          Superfície                    

DataAlevinosFertilizanteAlimentoMão-de-obraMaquináriaOutros
TipoQuant.TipoQuant.TipoQuant.TipoQuant.TipoCusto Hora
            
Total

Produção Total           Valor total da Produção           Lucro por Tanque          
Colheita por ha           Custos Totais           Lucro por ha          

A Tabela 10 apresenta um quadro resumo para o uso de máquinas agrícolas, com todos os indicadores e custos necessários para sua avaliação.

As Tabelas 11 e 12 apresentam modelos para a estimativa do inventário e sua variação inicial e final no período considerado.

10.2 Conceitos de Custos

Neste capítulo são analisados os principais tipos de custos utilizados em economia e sua aplicação no processo decisório.

10.2.1 Custo de oportunidade

O custo de oportunidade é um conceito muito importante, que frequentemente não é considerado quando se tomam decisões. Este conceito reconhece que cada insumo tem um potencial uso alternativo mesmo quando este uso não existe. Uma vez que o insumo se compromete para uma atividade, perde-se a possibilidade de usá-lo em outra alternativa e assim se perde a possível receita derivada daquela alternativa. Portanto, o custo de oportunidade é definido como a receita que se teria recebido se o insumo tivesse sido empregado na melhor alternativa possível.

O custo real de um insumo pode não ser o seu preço de aquisição, senão o seu valor alternativo. Este conceito se pode aplicar muito bem para tomar decisões relativas a como e onde aplicar os recursos limitados (fazendo-se uma comparação entre vários produtos) ou para selecionar a atividade mais rentável. Neste caso, quando a terra, a mão-de-obra e a administração ou o uso do capital têm um custo de oportunidade mais alto, então vale a pena reconsiderar o uso desses recursos/insumos.

Em alguns casos é difícil determinar o custo de insumos como o terreno ou as edificações; isto pode-se definir estimando seu valor em moeda e usando como custo de oportunidade a taxa de juros que se poderia obter no mercado financeiro (geralmente a poupança).

Nos cálculos de custos de produção e nas análises econômicas, muitos custos não são diretos, mas bem de oportunidade. isto é particularmente comum quando se refere à mão-de-obra familiar, administração, uso do capital, etc.

10.2.2 Custos

Vários outros conceitos se aplicam em economia. Os mais utilizados são:

  1. Custos Fixos Totais (CFT)
  2. Custos Fixos Médios (CFM)
  3. Custos Variáveis Totais (CVT)
  4. Custos Variáveis Médios (CVM)
  5. Custos Totais (CT)
  6. Custos Totais Médios (CTM)
  7. Custos Marginais (CMg)

Todos estes custos estão relacionados com a produção. O Custo Marginal é o custo adicional derivado da produção de uma unidade adicional do produto. Na prática representa a diferença entre os custos quando se passa de uma quantidade de produto para outra superior.

Estes conceitos se aplicam em deciões para curto ou longo prazos. Define-se como curto prazo o período de tempo em que um ou mais de um dos insumos de produção é fixo em quantidade e não pode ser mudado. A longo prazo, a terra por exemplo pode ser vendida, arrendada, etc., permitindo assim mudança na estrutura produtiva considerada.

Tabela 10

REGISTRO DA MAQUINÁRIA

Item          № de identificação          

Ano          Data da Compra         

Mês/DataHoras de UsoCombustívelÓleo e LubrificanteReparo e Manutenção
Custo (inclus.mão-de-obra)
Descrição
LitrosCustoQuantidadeCusto
        
TOTAL       

Depreciação           Impostos           Total Custos Fixos           Custo Fixo Médio por hora          

Juros           Seguro           Total Custos Variáveis           Custo Variável Médio por hora          

Custos Totais           Custo Total Médio por hora          

Tabela 11
INVENTÁRIO DOS BENS
DescriçãoAquisição ou ConstruçãoEstimativa de Vida Útil 
(anos)
Proporção Utilizada no Cultivo
 (%)
DataCusto
TANQUES    
Diques    
Monges    
Canaletas de Água    
Escavação de Tanques    
Poço    
Outros (especificar)    
EDIFÍCOS    
Casa de vigilante    
Depósito    
Oficinas    
Outros (especificar)    
TRANSPORTES    
Barco    
Caminhão    
Outros (especificar)    
REDES    
Fixas    
de Arrasto    
Tarrafas    
Outros (especificar)    
EQUIPAMENTOS    
Bomba de Água    
Compressor    
Gerador Elétrico    
Máquina para Alimentar    
Refrigerador (freezer)    
Misturador de Alimento    
Máquina de Moer    
Outros (especificar)    

Tabela 12
INVENTÁRIO INICIAL E FINAL
Tanque №              
 DataEspécieTipo de Produto (a)Número ou Kg (b)Preço Unitário ($)Valor($)
Inventário      
Inicial      
Inventário      
Final      
Mudança ao      
Inventário (c)      

a) Como larvas, alevinos, engorda, tamanho, de mercado, etc.
b) Número ou quilo de cada tipo de produto no tanque.
c) Diferença entre o valor inicial e final do inventário.

10.2.2.1 Custos Fixos

São os custos associados à propriedade de um insumo ou recurso fixo. Geralmente eles não variam, mesmo se não utiliza o insumo e a produção venha a ser alterada a curto prazo. Portanto eles existem independentemente do muito ou pouco uso que se dê ao recurso.

O Custo Fixo Total (CFT) é a soma dos vários custos fixos. Os principais componentes desta categoria são:

Para calcular o valor médio anual do CFT deve-se calcular o valor médio anual da depreciação e dos juros. A depreciação é o valor que um bem perde anualmente devido à sua utilização (na prática é o dinheiro que se guarda para a sua reposição) e se calcula como:

onde o custo é o preço de compra, a vida útil é o número de anos que se espera usar o bem e o valor residual é o valor esperado ao terminar a vida útil (preço de revenda).

Os juros são incluídos porque o capital investido tem um custo de oportunidade. Sem dúvida, o valor de um bem depreciável diminui a cada ano, pelo que se calcula os juros segundo a fórmula:

onde a taxa de juros é o custo de oportunidade do capital.

Por exemplo, se o custo de um trator é $ 20.000 com um valor residual de $ 5.000 depois de 5 anos de vida útil, o custo fixo, assumindo os outros valores anuais será:

Depreciação3.000
Juros (12%)1.500
Impostos25
Seguro50
 4.575

Os custos fixos podem ser expressos como uma média por unidade de produto e, portanto, o Custo Fixo Médio (CFM) é igual:

onde a produção é medida em unidade física. Portanto, uma maneira de reduzir o custo fixo médio é é aumentar a produção.

Os custos fixos podem ser gastos efetuados em dinheiro ou simplesmente ser custos de oportunidade. Isto é importante quando se analisa os resultados de uma produção em termos econômicos, porque em termos reais o que é disponível em dinheiro poderia ser muito superior.

A depreciação é sempre um gasto fictício (não em dinheiro) e os juros podem ou não ser em dinheiro (depende, caso se retire um empréstimo ou se é custo de oportunidade), assim como é o seguro.

10.2.2.2 Custos Variáveis

Os custos variáveis são aqueles sobre os quais existe alguma forma de controle e que aumentam ou diminuem de acordo com a produção. Itens como alevinos, fertilizantes, rações, etc. são custos variáveis clássicos.

O Custo Variável Total (CVT) é igual a soma de todos os custos variáveis e o Custo Variável Médio (CVM) se calcula como no caso do custo fixo, expressando o valor por unidade de produto.

Os Custos Variáveis existem a curto prazo e a longo prazo sendo aplicados à produção.

10.2.2.3 Custo Total e Marginal

Custo Total é a soma dos Custos Fixos e Variáveis (CT = CFT + CVT). A curto prazo aumenta com o aumento do custo variável, sendo o custo fixo constante.

O valor médio do custo total é igual a CFM + CVM ou

O Custo Marginal (CMg) é definido como a variação do custo total (aumento ou diminuição) dividida pela variação da produção, resultante da adição de uma unidade de produto.

10.2.3 Aplicação dos conceitos de custos

Na Tabela 13 se apresenta um exemplo da aplicação dos conceitos de custos em um problema de maximização do lucro em relação à taxa de produção. Suponhamos que no caso sejam peixes, mas poderia ser qualquer outro animal ou produto.

Os Custos Totais Fixos correspondem a $3.000 e cobre o custo de oportunidade anual do terreno, a depreciação da infraestrutura, seguros e manutenção. Custos Variáveis no valor de $295 correspondem a cada unidade, incluindo ração, fertilização, alevinos, remédios, etc. Devido a tamanho do ambiente de cultivo, além de uma certa taxa de produção, o aumento no peso médio por unidade diminui (limitações na qualidade da água, alimento natural, doenças, etc).

Os dados apresentados são bastante comuns com Custos Fixos Totais que permaneceram constantes e Custos Variáveis Totais que aumenta junto ao Custo Total. O Custo Fixo Médio declina rapidamente para depois reduzir sua queda. Outros custos médios declinam até certo ponto para depois voltarem a crescer.

O ponto de lucro máximo é igual a RMg = CMg (segundo um princípio econômico). Neste axemplo o valor não é exatamente igual, mas corresponde aproximadamente ao nível de 60 peixes. No nível seguinte o Custo Marginal é maior que a Receita Marginal, o que significa que o custo de produção de uma unidade adicional é mais alto do que a receita adicional. Sem dúvida o valor depende do preço de venda. Se este for maior do que $53.64, então o nível máximo de lucro corresponde a 70 peixes, assim como se fosse menor que $50, o ponto seria outro mais abaixo na taxa de estocagem.

Tabela 13
EXEMPLO DOS CONCEITOS DE CUSTO EM UM AMBIENTE DE TAMANHO FIXO (ISTO É 1 HA)
Número de PeixesProdução
(kg)
PFMg1CFT
($)
CVT
($)
CT
($)
CFM
($)
CVM
($)
CTM
($)
CMgRmg2
007.23.00003.000---40.9750.00
10727.63.0002.9505.95041.6740.9782.6438.8250.00
201487.73.0005.9008.90020.2739.8660.1338.3150.00
302257.03.0008.85011.85013.3339.3352.6642.1450.00
402956.5300011.80014.80010.1740.0050.1745.3850.00
503606.03.00014.75017.7508.3340.9749.3049.1750.00
604205.53.00017.70020.7007.1442.1449.2853.6450.00
704755.03.00020.65023.6506.3243.4749.7959.0050.00
805254.53.00023.60026.6005.7144.9550.6665.5650.00
905704.03.00026.55029.5505.2646.5851.8473.7550.00
100610 3.00029.50032.5004.9248.3653.28  

1) Produto Físico Marginal (PFMg)= diferença unitária entre um nível de produção e o seguinte.
Ex.: 0 a 72 = 72 Kg : 10 peixes = 7,2 Kg de incremento por cada unidade

2) Receita Marginal (RMg) = diferença unitária na receita entre um nível de producção e o seguinte.

Portanto, a um preço de $ 50 e com 60 peixes se obterá um lucro de $ 300 (Receita Total = 50×420-Custo Total). Se o preço for $ 45.38 o ponto de lucro máximo será de 50 peixes, que corresponde a um Custo Total Médio superior que o preço de venda e portanto a um prejufzo.

Caso se trabalhe com prejufzo, parando-se de produzir permanecem os custos fixos representados por um valor de $ 3.000. Este prejufzo existe a curto prazo, mas pode ser eliminado a longo prazo vendendo a terra e assim eliminando os custos fixos. O problema de curto prazo levanta uma pergunta de como minimizar os prejufzos, ou seja, podemos perder menos de $ 3.000 se produzirmos algum pescado? A resposta é não se o prejufzo for superior a $ 3.000; sem dúvida, sabemos que os custos variáveis estão sob controle e que podem ser reduzidos de acordo com a produção. Portanto não se poderia produzir se o preço de venda não fosse pelo menos igual ou superior ao mínimo CVM. Isso geraria suficiente receita para cobrir os custos variáveis totais, o que resultaria em cobertura parcial dos custos fixos, portanto minimizando o prejufzo. Se o preço for menor que CVM, a receita não cobriria o CVT e portanto o prejufzo seria superior a $ 3.000; para minimizar o prejufzo é melhor não produzir. Na Tabela 13 o menor CVM é $ 39.33 e o CTM $ 49.28. O prejufzo se minimiza não produzindo se o preço é menor que $ 39.33 é produzindo algo com preços compreendidos entre $ 39.33 e $ 49.28. Nesta situação a minimização máxima se obtém seguindo a regra RMg = CMg.

Portanto:

  1. Preço esperado maior que CTM- Um lucro se obterá maximizando com a regra RMg = CMg

  2. Preço esperado menor que CTM, mas maior que o menor CVM - um prejufzo que pode minimizar-se produzindo até o ponto onde RMg = CMg

  3. Preço esperado menor que o mínimo CVM - prejufzo que se minimiza não produzindo e será igual a CFT.

10.3 Análise Econômica

Os princípios econômicos e os orçamentos são importantes instrumentos que auxiliam no processo de planejamento ou de avaliação da atividade. Eles podem ser muito úteis para comparar alternativas, provar ou comprovar a rentabilidade de uma troca proposta ou da produção recém colhida. Existem vários tipos de orçamentos e análises utilizáveis, algumas para avaliar a situação atual ou pequenas trocas e outros mais adequados para analisar inversões.

10.3.1 Análise custo-benefício ou orçamento de atividade

Este tipo de análise pode ser aplicado a cada atividade ou para o total da produção. Necessita de dados detalhados de insumos e produção e se aplica sobre dados reais ou estimados de acordo com o tipo de informação requerida: uma avaliação de uma projeção/comparação de atividades (isto é produtos), ou sistemas e técnicas de produção. Cada orçamento se desenvolve na base de uma unidade, como 1 ha ou outra que permita a comparação do benefício (lucro) ou de outros indicadores selecionados.

Estes orçamentos estão geralmente organizados e apresentados em três seções: receitas, custos variáveis e custos fixos. Um típico exemplo se apresenta na Tabela 14.

O primeiro passo na construção de um orçamento é o de estimar ou calcular a produção total e o preço de venda. Estes valores influenciam muitíssimo no resultado final, portanto e sobretudo no caso de projeções, há que se ter muito cuidado em como e de onde se obtém esses dados. Os registros da granja são sempre uma excelente fonte de informação tanto para avallar, como para analisar possíveis trocas ou alternativas e constituem com o passar dos anos um material muito valioso para gerir a atividade produtiva.

Os custos variáveis são facilmente calculáveis, conhecendo-se os gastos anotados nos registros ou estimando os parâmetros técnicos do cultivo em tela. Também se deve incluir um custo de oportunidade do capital empregado no período compreendido entre a compra dos insumos e a colheita.

Os custos fixos são os associados com depreciação, lucro sobre capital investido, seguro, imposto de propriedade e uma taxa para o terreno. Este último valor é um custo de oportunidade e representa um retorno por haver empregado esse recurso na atividade. Pode-se calcular de três maneiras: a) como custo de oportunidade baseado no valor atual do terreno; b) o valor do aluguel corresponde a uma parte da produção; e c) um típico valor médio de arrendamento. Este último método é o preferido por muitas razões.

10.3.1.1 Interpretação dos resultados

O exemplo anterior nos diz que a atividade foi rentável, tendo remunerado todos os ftores inclusive os de oportunidade. Mesmo se o lucro fosse “O” (zero), esta atividade poderia ser considerada boa, porque estaria cobrindo todo o empenhado na atividade a seu estimado custo de oportunidade.

Analisando o orçamento, vê-se que não contém um valor atribuído à gerência, portanto o lucro pode ser considerado como o retorno à gerência.

O orçamento pode-se empregar para calcular a análise do ponto de equilíbrio e outros dados úteis para avaliar, decidir e/ou comparar. O ponto de equilíbrio de produção ou seja a produção necessária para cobrir todos os custos se calcula como:

no nosso exemplo é igual a $ 2.933,14 : 1,00, ou seja 2.933Kg/ha. Em caso de estimativas esse valor pode ser calculado para vários preços.

Tabela 14
ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO PARA CULTIVO DE TAMBAQUI EM UM TANQUE DE 1 HA EM 8 MESES
ItemValor por ha
RECEITA  
  3,537,30 Kg (a $ 1.00/Kg) 3.527,30
CUSTOS VARIÁVEIS  
  Alevinos (12.000 a 0.02 cada)$ 240,00 
  Ração (6.474 Kg a 0.24/Kg)1.553,76 
  Cal (400 Kg a 0.09/Kg)36,00 
  Fertilizante (125 Kg a 0.13–0.19)19,25 
  Adubo (3.750 Kg a 0.012–0.037)58,40 
  Mão-de-Obra (200 homem/hora a 0,45)89,00 
  Manutenção58,90 
  Juros s/Custos variáveis (3% para 8 meses)61,66 
    Custo variável total 2.116,97
    Diferença entre receita e o custo variável 1.410,33
CUSTOS FIXOS  
  Depreciação146,90 
  Terreno ($ 44 ha/ano) e juros (12%)669,27 
    Custos fixos totais 816,17
    Custos Totais 2.933,14
    Lucro 594,16

O ponto de equilíbrio de preço nos informa sobre o preço necessário para cobrir os custos e é igual a

no nosso exemplo seria $ 2.933,14 : 3.527,30 Kg ou seja $ 0,83/Kg. O estudo de várias combinações desses valores pode auxiliar efetivamente na tomada de decisões.

O custo de produção é outro valor útil e se calcula dividindo o custo total por hectare pela produção. Em nosso caso seria $ 2.933,14 : 3.527,30 Kg, ou seja $ 0,83/Kg. Este valor, igual ao ponto de equilibrio, permite tomar decisões a respeito da produção e fazer comparações de diferentes métodos de cultivo ou de outras mudanças que se queira fazer. Este conceito é muito útil também para estabelecer preços e estratégias de comercialização, ou preços máximos a serem pagos pelo aluguel do terreno ou dos insumos de produção.

Cada orçamento pode também ser interpretado em termos de gastos em dinheiro contra gastos não em dinheiro ou gastos totais contra gastos em dinheiro. Se o proprietário não tem dívida sobre o terreno e não deve pelos animais que cria então os custos fixos são custos de oportunidade e não são em dinheiro. Assim, a mãoe- obra familiar não se constitui em custo real; afora estas condições, o ganho real do criador é extremamente superior ao puro cáculo econômico e pode-se comparar favoravelmente com outras atividades agrícolas.

10.3.2 Análise parcial do orçamento

Quando há uma troca menor no sistema de produção que ressalta em uma troca parcial na estrutura de custo-retorno, o método do orçamento parcial pode ser usado para recalcular a viabilidade econômica sem ter que recorrer ao meticuloso procedimento da análise de custo-retorno.

Esta análise pode ser utilizada tanto para analisar mudanças a longo prazo quanto para pequenas alterações a curto prazo. Corresponde a três tipos de mudanças, generalizadas da seguinte maneira.

  1. Substituição do produto: Isto inclui a substituição parcial ou total de um produto por outro.

  2. Substituição de insumos ou troca do nível de intensidade: Inclui a substituição de insumos (p.ex.: adubo orgânico por inorgânico) ou aumentos/diminuições do nível de intensidade (p.ex.: fertilização por alimentação artificial).

  3. Tamanho da operação: Considera mudanças no tamanho da piscicultura ou só na produção ou produto.

Quatro passos básicos são vistos nesta análise.

Benefícios

  1. Estimar o aumento de receita devido á mudança. Não levar e conta aquelas receitas que não mudem como resultado da operação.

  2. Estimar a redução nos custos se se procede com a operação.

Custos

  1. Estimar o custo que se adicionará devido a mudança. Novamente não considerar o custo que não se modifique.

  2. Estimar a receita perdida devido a mudança.

Uma vez que esses cálculos foram completados, a soma dos custos deve ser diminuída da soma dos beneffcios. Um resultado positivo significa que a mudança seria lucrativa. Um resultado negativo significa que a troca nao é economicamente viável.

Exempro:

Acrescentar um tanque de alevinagem a umitanque de produção custa aproximadamente $ 2.000 com uma vida útil de 10 anos. O dinheiro que se precisa para a construção se consegue de uma conta de poupança, a qual paga um juro de 5%. Acrescentar o tanque de alevinagem reduzirá a taxa de mortalidade ao semear e portanto aumentará a produção de aproximadamente 500 kg a um preço na granja de $ 3/Kg. O aumento na produção adicionará também um custo de ração de $500/ano. Estimar a viabilidade econômica dessas mudanças.

Beneffcios

  1. Receita adicional = $ 500 × 3 = $ 1.500
  2. Redução nos custos = nenhum

Custos

  1. Custos adicionais = $ 2.000 : 10 = $ 200/ano
  2. Ração = $ 500 = 500/ano
  3. Receita perdida = $ 2.000 × 5% = 100

Beneffcio menos custos

$ 1.500 - ($ 200 + $ 100 + 500) = 700

Neste caso, é conveniente acrescentar um tanque de alevinagem.

10.3.3 Análise da Inversão

A análise de inversão é o processo utilizado para avaliar a rentabilidade de uma inversão ou para comparar alternativas de inversões. Para realizar esta análise se necessita de 4 informações básicas: 1) o retorno liquido da inversão, 2) o custo, 3) o valor final ou remanescente da inversão, e 4) a taxa de juros ou de desconto a utilizar-se.

O retorno liquido se estima para cada ano na vida útil da inversão; a receita menos despesas (em dinheiro) resulta no retorno liquido. A depreciação e os juros não se incluem, o primeiro porque é um gasto não em dinheiro e o segundo porque os métodos empregados são estimativos dos retomos antes de qualquer pagamento de juros.

O custo da inversão é o custo total e não o custo do pagamento se este é financiado. O valor final será igual ao valor remanescente de um item depreciável; para os não depreciáveis (p.ex.: terra) se estima o valor de marcado ao tempo de terminar a inversão.

A taxa de desconto é a mais diffcil de ser escolhida, ela representa o custo de oportunidade do capital ou o mínimo que o mesmo deve receber para que a inversão seja viável (p.ex.: no mínimo o que se recebe numa conta de poupança). Essa taxa pode ser ajustada para fatores como a inflação e taxa de risco.

Deve haver algum valor remanescente que será acrescentado à receita do último ano. Na Tabela 15 se apresenta um exemplo comparativo de duas inversões, utilizado para calcular os possíveis métodos de análise.

Tabela 15
RECEITA LÍQUIDA EM DINHEIRO PARA 2 INVERSÕES DE $ 10.000 CADA
AnoInversão AInversão B
13.0001.000
23.0002.000
33.0003.000
43.0004.000
53.0006.000
TOTAL15.00016.000
Retorno médio3.0003.200
Depreciação anual2.0002.000
Receita Líquida1.0001.200

10.3.3.1 Período de recuperação do capital

Este período corresponde ao número de anos que a inversão necessita para restabelecer o custo original através da receita liquida gerada. lsto é calcuiado como:

donde P é o período em anos, l a inversão e E a receita liquida anual esperada. No caso A é igual a 31/3 anos. Caso o retorno liquido não seja constante anualmente, deve-se proceder e somar cada ano até alcançar o valor da inversão, assim no caso B o capital se recupera em 4 anos.

Este método pode ser utilizado para classificar inversões de acordo com sua velocidade de recuperação, ou para estabelecer qual inversão correspondente ao limite de recuperação estabelecido pelo investidor. É íacil de aplicar-se, mas não considera aspectos fundamentais como o fluxo de caixa ao final do período e não mede acuradamente a rentabilidade.

10.3.3.2 Taxa de retorno

A simples taxa de retorno expressa o retorno líquido médio anual como percentagem da inversão. A receita líquida se encontra diminuindo a depreciação média anual da receita média líquida em dinheiro. Isto se calcula como:

Nos exemplos atrás descritos será:

Este método é melhor do período de recuperação do capital porque considera os lucros de uma inversão sobre toda a vida. Sem dúvida este método não considera o tempo nos quais se fazem pagamentos e se recebe a receita, o que pode levar a considerações erradas. Esta consideração mostrará que as duas inversões são bastante distinta entre elas.

10.3.3.3 Valor Atual Líquido (VAL)

Este método permite considerar o problema tempo. Sabemos que o dinheiro futuro não vale tanto quanto o dinheiro atual. Geralmente o custo do capital incorre no começo (ano 0) enquanto as receitas se obtêm nos anos seguintes (de 2 a n). Portanto, para medir a viabilidade econômica de um projeto é necessário considerar esta diferença no valor do dinheiro gasto e recebido, fazendo com que tudo tenha o mesmo valor de forma que se possa fazer uma comparação entre o que entra e o que sai nos diferentes anos de vida do projeto. Isto se consegue através da atualização ou desconto do dinheiro para retroagir ao valor inicial da época na qual se efetuou a inversão.

O Valor Atual Líquido de uma inversão é a soma dos valores atuais para cada ano considerado como receita líquida em dinheiro (fluxo líquido de caixa) menos o custo inicial.

Cada fluxo líquido de caixa anual se desconta pelo respectivo fator de desconto para obter o valor atual. Os fatores são mostrados no Anexo 1.

Se o resultado final é positivo a inversão é viável, se negativo é inviável se igual a zero é indiferente. Isso significa que a inversão proporciona um retorno superior à taxa de desconto utilizada, ou seja, superior ao custo de oportunidade do capital (se foi empregado este valor) ou superior à taxa estabelecida pelo investidor (em tal caso usa-se esta taxa arbitrária).

Na Tabela 16, pode-se verificar que o investidor pode pagar $ 11.979 pela inversão A e $ 12.048 pela B e ainda receber um retorno de 8% sobre o capital investido. A taxa de desconto usada é a que influencia o resultado, portanto é fundamental selecionar a adequada para cada situação.

Tabela 16
CÁLCULO DO VALOR ATUAL LÍQUIDO PARA 2 INVERSÕES DE $ 10.000
Taxa de desconto 8%, sem valor terminal)
Inversão A Inversão B
AnoFluxo Líquido de Caixa×Fator de desconto=Valor AtualFluxo Líquido de Caixa×Fator de desconto=Valor Atual
13.000 0,926 2.7781.000 0,926 926
23.000 0,857 2.5712.000 0,857 1.714
33.000 0,794 2.3823.000 0,794 2.382
43.000 0,735 2.2054.000 0,735 2.940
53.000 0,681 2.0436.000 0,681 4.086
TOTAL 11.979TOTAL 12.048
- CUSTO 10.000-CUSTO 10.000
Valor Atual Líquido 1.979Valor Atual Líquido 2.048

10.3.3.4 Taxa Interna de Retorno (T.I.R.)

Este método fornece informações adicionais ao do Valor Atual Líquido. No nosso exemplo ambas as inversões eram positivas, mas qual é sua taxa de retorno?

A taxa real de retorno de uma inversão é considerando o procedimento adequado de cálculo, a taxa interna de retorno, que define o valor o “retorno” do investimento, ou seja, o que paga em termos percentuais o dinheiro investido na atividade em objeto. lsso permite realizar comparações, tomar decisães com relação a investir ou não investir e avaliar a possibilidade de tomar o dinheiro emprestado se a taxa de retorno for superior à taxa aplicada no mercado de capitais.

A taxa interna de retorno é a taxa de desconto que iguala a zero o valor atual líquido. Na falta de uma calculadora financeira se estima através de um processo de provas e erros. Sabemos do exemplo anterior que VAL é bastante alto, portanto a taxa de desconto deverá ser superior à utilizada (8%). Aplicamos a de 14% como primeira estimativa. O cálculo (Tabela 17) nos dá um valor positivo de $ 296, então aplicamos a seguinte de 16% que nos dá um valor atual líquido negativo de $ 178. Portanto a taxa real será um valor entre os dois. No caso A é de 15,2% e no caso B de 13,8%.

A taxa interna de retorno permite avaliar se a inversão analisada é rentável, o que se obtém comparando o rendimento do capital na inversão com o que obteria em outro investimento (custo de oportunidade; geralmente o mercado financeiro). Também permite estabelecer se o investimento alcança o desejado nível de retorno, o qual pode ser modificado assumindo valores arbitrários que cubram a inflação e o risco incluído na atividade. Por exemplo, se a taxa do mercado financeiro é 6% anual (poupança) e a inflação prevista 4%: e a taxa de prêmio pelo risco assumido em desenvolver uma atividade nova ou sujeita a mudanças não controláveis (preço de venda, preço de insumos, etc. comum no mercado agrícola), estimada ou estabelecida em 5%, a taxa mínima de desconto aceitável pela inversão será igual a 6 + 4 + 5 = 15%, ou seja, uma taxa interna de retorno de no mínimo 15%, para que o investimento seja interessante e aceitável).

A taxa interna de retorno ademais pode ser utilizada para proceder uma comparação entre investimentos de diferentes custos iniciais e vida produtiva. A principal limitação consiste em que o cálculo é trabalhoso e que a taxa interna de retorno (TIR) assume que a receita líquida anual seja reinvestida para ganhar um retorno igual ao que produz a TIR (o que nem sempre é possível, causando às vezes sobre estimativa da TIR total da inversão).

Tabela 17
ESTIMATIVA DA TAXA INTERNA DE RETORNO PARA O INVESTIMENTO A
AnosReceita
Líquida
14%16%
FatorValor AtualFatorValor Atual
13.0000,8772.6310,8622586
23.0000,7692.3070,7432.229
33.0000,6752.0250,6411.923
43.0000,5921.7760,5521.656
53.0000,5191.5570,4761.428
TOTAL10.296 9.822
-CUSTO10.000 10.000
Valor Atual Líquido296 -178

ANEXO 1
VALOR ATUAL DE $ 1, RECEBIDO AO FINAL DE UM DE TERMINADO PERÍODO
Taxa de Juros
Anos6%8%10%12%14%16%18%
10.94340.92590.90910.89290.87720.86210.8475
20.89000.85730.82640.79720.76950.74320.7182
30.83960.79380.75130.71180.67500.64070.6086
40.79210.73500.68300.63550.59210.55230.5158
50.74730.68060.62090.56740.51940.47610.4371
60.70500.63020.56450.50660.45560.41040.3704
70.66510.58350.51320.45230.39960.35380.3139
80.62740.54030.46650.40390.35060.30500.2660
90.59190.50020.42410.36060.30750.26300.2255
100.55840.46320.38550.32200.26970.22670.1911
110.52680.42890.35050.28750.23660.19540.1619
120.49700.39710.31860.25670.20760.16850.1372
130.46880.36770.28970.22920.18210.14520.1163
140.44230.34050.26330.20460.15970.12520.0985
150.41730.31520.23940.18270.14010.10790.0835
160.39360.29190.21760.16310.12290.09300.0708
170.37140.27030.19780.14560.10780.08020.0600
180.35030.25020.17990.13000.09460.06910.0508
190.33050.23170.16350.11610.08290.05960.0431
200.31180.21450.14860.10370.07280.05140.0365
210.29420.19870.13510.09260.06380.04430.0309
220.27750.18390.12280.08260.05600.03820.0262
230.26180.17080.11170.07380.04910.03290.0222
240.24700.15770.10150.06590.04310.02840.0188
250.23300.14600.09230.05880.03780.02450.0160
260.21980.13520.08390.05250.03310.02110.0135
270.20740.12520.07630.04690.02910.01820.0115
280.19560.11590.06930.04190.02550.01570.0097
290.18460.10730.06300.03740.02240.01350.0082
300.17410.09940.05730.03340.01960.01160.0070
310.16430.09200.05210.02980.01720.01000.0059
320.15500.08520.04740.02660.01510.00870.0050
330.14620.07890.04310.02380.01320.00750.0042
340.13790.07300.03910.02120.01160.00640.0036
350.13010.06760.03560.01890.01020.00550.0030
360.12270.06260.03230.01690.00890.00480.0026
370.11580.05800.02940.01510.00780.00410.0022
380.10920.05370.02670.01350.00690.00360.0019
390.10310.04970.02430.01200.00600.00310.0016
400.09720.04600.02210.01070.00530.00260.0013

ANEXO 2
AmostragemAlimentação Adubos e Fertilizantes
Data№ DiasEsp. Peso Médio por PeixeCrescimento DiárioBiomassaTipo Alim.Quant. de Alim.ConserçãoAduboPNData
Por peixePor haTotalPor TanquePor haPor Dia Total por TanquePor ha
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  

10.4 Leituras Adicionais

Boechlje, M.D. and R. Vernon, 1984. Farm Management. John Wiley & Sons New York.

Schaefer - Kehnert, W., 1981. Methodology of farm Investment Analysis. EDI Training Materials, Course Note 030/031, Economic Development Institute of the World Bank, World Bank, Washington, D.C., U.S.A., 36pp.

Shang, Y.C.y.N. Merola, 1987. Manual de Economia de la Acuicultura. Documento de Campo 3. projeto FAO - GCP/RLA/075/ITA, Brasília - D.F., Brasil, 60 pp.

Shaw, S.A., 1986, Marketing tre Products of Aquaculture. FAO Fish. Tech Pap., (276) : 106p.


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