FAO no Brasil

Fórum de Alto Nível culmina com Declaração Política para empoderar as mulheres indígenas da América

Foto: FAO México
15/01/2018

Representantes das mulheres indígenas e dos governos da Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai e Peru concordam em desenvolver uma estratégia voltada para as mulheres e em alcançar o objetivo de "Fome Zero" na região. 

Santiago do Chile, 15 de janeiro de 2018 - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação (SAGARPA) tornaram pública a "Declaração Política" ao final do Fórum de Alto Nível "Empoderar as mulheres indígenas para erradicar a fome e a má nutrição na América Latina e no Caribe ", no qual participaram 13 países da região. 

Nesta Declaração estabeleceu-se que as mulheres indígenas, organizações e comunidades - em conjunto com os governos nacionais e locais - promoverão uma agenda colaborativa, usando os instrumentos regionais estabelecidos como o Plano de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (CELAC)

Os participantes concordaram em promover a inclusão de uma perspectiva intercultural e de gênero nos instrumentos regionais, promovendo o estabelecimento de uma Estratégia de Povos Indígenas no contexto do Plano SAN CELAC que coloque no centro o papel das mulheres indígenas. 

Ao encerrar o Fórum, a Subsecretaria de Desenvolvimento Rural da SAGARPA, Mely Romero Celis, destacou que, para o Governo do México e os governos da América Latina e do Caribe, a questão do empoderamento das mulheres indígenas é fundamental para as estratégias de desenvolvimento, por isso é necessário melhorar, incentivar e apoiá-las, bem como suas famílias. 

Neste sentido, disse que as contribuições, comentários e propostas das mulheres que participaram deste encontro são "extremamente valiosas para os governos na elaboração de políticas públicas a favor de todas as mulheres". 

Na Declaração, as mulheres indígenas e os governos comprometeram-se a acompanhar os acordos alcançados no Fórum, por meio de um mecanismo permanente de diálogo entre governos e mulheres indígenas no contexto dos progressos nacionais, subregionais e regionais para alcançar o Objetivo de “Fome Zero”. 

Em matéria de segurança alimentar e nutricional, os governos recomendaram que as organizações de mulheres indígenas continuem contribuindo com seu conhecimento ancestral, compromisso comunitário e humano para a erradicação da pobreza, da fome e de todas as formas de má nutrição. 

Também foi aconselhado que as mulheres promovam - juntamente com os governos e vários atores políticos, sociais e acadêmicos que fazem parte das sociedades latino-americanas - a transformação dos sistemas alimentares, para torná-los mais sustentáveis, justos, inclusivos, saudáveis e sensíveis à nutrição, entre outras recomendações. 

Já as mulheres indígenas recomendaram aos governos e ao Sistema das Nações Unidas a adoção de medidas especiais para promover e fortalecer políticas e programas que permitam sua plena participação, em que seja respeitada a interculturalidade, sua diversidade cultural, a ordem natural de vida para que tenham a oportunidade de desenhar o processo de desenvolvimento sustentável necessário para erradicar a pobreza que as afeta. 

Além disso, foi pedido o fortalecimento da contribuição das mulheres agricultoras para o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e a nutrição e o bem-estar econômico de seus povos, famílias e comunidades, e a promoção do desenvolvimento agrícola e rural, incluindo as explorações agrícolas em pequena escala. 

Na sua participação, o representante da FAO no México, Crispim Moreira, reafirmou o compromisso da organização internacional em promover os acordos e recomendações que as mulheres indígenas fizeram durante o fórum. "A FAO tomará a declaração deste Fórum como um guia. Buscaremos os governos com os quais, felizmente, temos um diálogo fluido para agir a curto e médio prazo ", afirmou. 

Junto com isso, destacou o consenso alcançado entre as 200 mulheres indígenas e os representantes dos governos de 13 países que participaram e compartilharam uma visão de futuro sobre o caminho a seguir para empoderá-las com o objetivo de erradicar a fome e a má nutrição. 

"Neste Fórum, conseguimos estabelecer uma agenda, uma pauta para orientar a política pública dos países da América Latina e do Caribe, com o objetivo de reconhecer o papel da mulher indígena para ter nossos territórios sem pobreza e sem fome", disse Moreira.