FAO no Brasil

Perspectivas Agrícolas OCDE-FAO: Brasil vai ultrapassar os Estados Unidos como o maior produtor de soja até 2026

Foto: ©FAO/Pius Ekpei
10/07/2017

10 de julho de 2017, Santiago do Chile – O Brasil vai ultrapassar os Estados Unidos com o maior produtor mundial de soja na próxima década, enquanto que o aumento da produção de milho será impulsionado principalmente pela América Latina, de acordo com o novo relatório Perspectivas Agrícolas 2017-2026 (em inglês), publicado pela OCDE e a FAO . 

O relatório, publicado hoje, oferece projeções de dez anos até 2026 para os principais produtos agrícolas. O documento afirma que a Argentina e o Brasil experimentaram a maior expansão das áreas cultivadas nos últimos dez anos, somando respectivamente 10 milhões de hectares e 8 milhões de hectares às terras de plantio em todo o mundo. Durante os próximos dez anos, espera-se que a expansão das áreas cultivadas esteja em uma escalar similar para este dois países. 

O aumento da produção mundial de milho será impulsionado principalmente pela a América Latina. 

No período analisado pelo relatório (2017-2026), a produção mundial de grãos crescerá cerca de 1% por ano, o que levará a um aumento total em 2026 de 11% para o trigo, 14% para o milho, 10% para os grãos secundários e 13% para o arroz. 

No caso de milho, a expansão da área representa apenas 10% do aumento total da produção, aumento esse impulsionado principalmente pelo crescimento da área cultivada na América Latina, que aumentará 6,6%, de 33,5 milhões hectares no período base para 35,7 milhões de hectares em 2026. 

A América Latina vai contribuir em 28% no aumento total da produção de milho, 39 milhões de toneladas. Desta cifra, aproximadamente um quarto deve-se ao aumento das superfícies plantadas. 

A Ásia e o Pacífico representarão 24% do aumento, 33 milhões de toneladas. Diferente da América Latina, o crescimento da Ásia e do Pacífico será quase que exclusivamente devido ao aumento dos rendimentos. 

A América do Norte irá contribuir com 31 milhões de toneladas, 22% do aumento total. Juntas, estas três regiões representam 74% do aumento total. 

É projetado que o Brasil deverá ultrapassar os Estados Unidos como o maior produtor de soja. 

Durante o período analisado no relatório, espera-se que a produção mundial de soja continue expandindo-se mas em um ritmo de 1,9% por ano, o que está muito abaixo da taxa de crescimento de 4,9% anual da última década. 

É esperado que a produção de soja no Brasil cresça a 2,6% por ano, o maior crescimento dos principais produtores, já que dispõe de mais terras, comparado com a Argentina (2,1% por ano) e os Estados Unidos (1,0% por ano). 

Consequentemente, projeta-se que o Brasil deverá ultrapassar os EUA como o maior produtor de soja. As exportações de soja em 2026 serão dominadas pelo Brasil e os Estados Unidos que, juntos, respondem por quase 80% das exportações mundiais. 

Carne, açúcar e leite 

Ainda que seja esperado que os países desenvolvidos representem mais da metade das exportações mundiais de carne para o ano de 2026, sua participação diminuirá de forma constante em relação ao período de base. 

Contudo, é previsto que a participação dos dois maiores países exportadores de carne - Brasil e Estados Unidos - nas exportações mundiais de carne, aumente até aproximadamente 44%, contribuindo quase 70% no aumento previsto das exportações mundiais de carne durante o período analisado. 

O mercado de carne vai crescer a sua concentração na medida que os fornecedores das Américas sejam beneficiados de uma maior produtividade e fornecimento local favorável de grãos forrajeiros, assim como da depreciaçao da taxa de câmbio no Brasil e na Argentina. 

O índice de concentração  para as aves de curral em 2026 será impulsionado pelo crescimento do Brasil, dos Estados Unidos e da União Europeia. Para a carne bovina, a concentração do mercado também irá aumentar até  2026, impulsionado pelo crescimento no Brasil e na Austrália.

A depreciação projetada a medio prazo para as moedas argentina e brasileira em relação ao dólar americano vai estimular o crescimento das exportações de leite destes países na medida em que sejam mais competitivos. 

É previsto que as exportações de açúcar mantenham-se concentradas, com 48% procedentes do Brasil, onde a produção de cana-de-açúcar é dividida entre o fornecimento de açúcar - dos quais 72% são exportados -  e de etanol para uso doméstico. 

Biocombustíveis 

É esperado que a demanda brasileira de etanol expanda-se em 6 bilhões de litros no período analisado. O mandato brasileiro deveria alcançar 10% para o ano de 2019, o que resultaria em um aumento na produção de mais de 40% nos próximos dez anos. 

Na Argentina, supõe-se que a obrigatoriedade da mistura de 12% de biodiesel e etanol será cumprida para o ano de 2020. A produção de biodiesel da Argentina também deveria ser impulsionada pela demanda de importações norte-americanas para cumprir com o mandato avançado deste último país. 

Não é esperado que as exportações brasileiras de etanol sejam expandidas, já que é provável que o etanol norte-americano continue sendo mais barato no período analisado. 

Espera-se que a Argentina seja um importante exportador de biodiesel, com a maioria das exportações voltadas para os Estados Unidos. 

É prevista uma desaceleração no crescimento da produção de etanol durante o período analisado pelo relatório. O crescimento anual da produção de etanol é projetado em aproximadamente 1% ao ano. 

A desaceleração do crescimento de etanol deve-se em grande parte à estagnação do uso obrigatório do etanol nos Estados Unidos, enquanto é esperado que a demanda de combustíveis para o transporte no Brasil mantenha-se.