FAO no Brasil

Dia Internacional da Juventude: Conheça jovens agroempresários que estão se adaptando durante a pandemia da COVID-19

Karina Brito e sua equipe adaptaram seu negócio de agroecoturismo na Guatemala.
12/08/2020

Desde o início da COVID-19, a vida mudou para empreendedores e empresas em todo o mundo. Devido a bloqueios e restrições de deslocamento, os pequenos agricultores e empresas rurais não têm conseguido acessar os mercados para vender sua produção ou outros produtos. Como muitas vezes os jovens que trabalham no meio rural têm pouco ou nenhum acesso à seguridade social, eles sofrem desproporcionalmente com as restrições da pandemia aos negócios. Em geral, os jovens também já enfrentam maiores taxas de desemprego e subemprego em comparação com os adultos.

No entanto, experientes com o uso da tecnologia, os jovens empresários agrícolas estão adaptando rapidamente seus modelos de negócios e usando ferramentas digitais a seu favor. Aceitar pedidos online com pagamentos móveis, oferecer entrega em domicílio, comercializar produtos nas redes sociais, usar as TICs para trabalhar em casa e fazer aulas online para adquirir novas habilidades, são apenas algumas das maneiras que os jovens estão usando esta oportunidade para crescimento e inovação.

A FAO lançou uma iniciativa de engajamento da juventude, Coping with COVID-19: voices of young agripreneurs (Lidando com a COVID-19: vozes dos jovens agroempresários na tradução para o português), no final de março de 2020 para compreender o impacto do surto nos negócios dos jovens rurais e saber como apoiá-los durante e após a pandemia. Por meio de redes e grupos de jovens agricultores e agroempresários em toda a África e América Central, a iniciativa identificou soluções lideradas por jovens para lidar com a crise. Isso serviu de base para o conselho político da FAO aos governos e aos esforços de mobilização de recursos para defender respostas que incluam os jovens.

Aqui estão as histórias de três jovens agroempresários provando que estão se adaptando diante da pandemia:

Do ecoturismo ao serviço de alimentação online na Guatemala

Há seis meses, Karina Brito, de 22 anos, estava pronta para lançar seu novo negócio. Junto com um grupo de 20 jovens empresários de Nebaj, Guatemala, ela fundou uma empresa chamada Avantichajil - uma palavra indígena Ixil que significa “semeadores de vida”. Com o apoio de um programa liderado pela FAO e treinamento do Instituto Florestal Nacional, seu plano era oferecer serviços de agroecoturismo, como passeios pela floresta e aulas de culinária, e vender móveis de madeira. Mas quando a COVID-19 chegou, tudo teve que esperar.

O movimento nacional e as restrições aos negócios obrigaram Karina e sua equipe a suspender as atividades de ecoturismo, além da fabricação de móveis. Eles rapidamente perceberam que não poderiam deixar seu negócio desmoronar, então começaram a procurar uma maneira de diversificar seus serviços.

Eles decidiram usar o componente ‘Gastronomia Ixil’ de sua empresa como o novo foco. O negócio originalmente iria oferecer pratos tradicionais da comunidade indígena Ixil local e aulas de culinária para turistas. Agora, a equipe se organizou para produzir comida local e vendê-la online. Eles oferecem carne defumada, banana, pão de banana, smoothies, café e muito mais. Para obedecer às regras de distanciamento físico, eles criaram um perfil online, chamado MercaRed, para promover e vender produtos de sete diferentes agroindústrias lideradas por jovens em sua área. O empreendimento ainda é novo, mas os resultados já são animadores.

“Se tivéssemos permanecido focados no projeto inicial, não sei onde estaríamos agora. É preciso arriscar, avançar, inovar e aprender errando”, diz Karina.

Oferecendo energia limpa em Uganda

Arthur Woniala, de 29 anos, é cofundador e engenheiro de projeto da Khainza Energy, uma empresa liderada por jovens e comprometida em reduzir a dependência das famílias de Uganda de combustíveis de madeira, oferecendo biogás como uma alternativa limpa, acessível e sustentável. Eles embalam o biogás em cilindros recicláveis e fornecem treinamento sobre como usá-lo.

As interrupções no transporte público em resposta à COVID-19 deixaram milhões de ugandenses sem acesso a serviços básicos, como combustível para cozinhar. A Khainza Energy está tentando preencher essa lacuna. Arthur tem limitado o contato físico anunciando e coletando pedidos nas redes sociais e aceitando pagamentos pelo celular. Dando um passo além para manter as comunidades de Uganda informadas durante a pandemia, ele distribui panfletos com conselhos do Ministério da Saúde junto a entrega dos seus pedidos.

Embora ele não possa negar que os últimos meses foram difíceis para seu negócio, Arthur permanece firme. “Temos o compromisso de garantir que as pessoas ainda tenham acesso aos serviços básicos”, diz ele com orgulho.

Vendendo produtos em Ruanda

As redes sociais também têm sido uma tábua de salvação para a ruandesa Adeline Umukunzi, de 25 anos. Antes da pandemia, ela vendia cogumelos para hotéis, restaurantes e atacadistas. As grandes vendas foram importantes, pois ela produziu uma colheita diária de 100 quilos. No entanto, com o surto de COVID-19 e, consequente, com o bloqueio, a demanda dos clientes diminuiu. Muitos negócios fecharam e, com severas restrições ao transporte público, ela não conseguiu colocar seus produtos no mercado.

Adeline não possui instalações para armazenar e refrigerar produtos não vendidos, então, para vender seus produtos o mais rápido possível, ela passou a vender diretamente para as pessoas. Adeline tem anunciado seus produtos nas redes sociais e pedido aos clientes que compartilhem para ajudar na divulgação. Ela aumentou sua força de trabalho e comprou uma bicicleta para poder ampliar sua rota de entrega.

Apoio da FAO à juventude rural

Por meio de parcerias com organizações de jovens rurais, a FAO tem trabalhado com jovens trabalhadores agrícolas e empresários para entender suas necessidades e mitigar os efeitos negativos da pandemia.

Apenas 1 em cada 10 jovens relatou ter recebido apoio de governos locais ou outros atores do desenvolvimento. Apesar disso e do cenário negativo para os negócios, é inspirador ver quantos jovens enxergam a crise como uma oportunidade para inovar. Os problemas enfrentados por Karina, Arthur e Adeline nos últimos meses são comuns, e suas soluções são prova da engenhosidade e resiliência dos jovens diante de crises. A julgar por sua incrível resposta aos desafios da COVID-19, os jovens de hoje estão bem preparados para o futuro.