FAO no Brasil

O Diretor-Geral da FAO e o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, discorrem sobre os elos entre a violência e a fome

02/10/2018

 

2 de outubro de 2018, Roma - O diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva e o vencedor do Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus comemoraram hoje o Dia Internacional da Não-Violência das Nações Unidas. “Esse é um tema muito importante para a FAO, que homenageia o nascimento do grande líder indiano Mahatma Gandhi, um pregador da não-violência. Para ele, a paz era a maior força à disposição da humanidade”, lembrou Graziano da Silva, reforçando que a tolerância, a pluralidade das opiniões, da religião, da diversidade das pessoas em sexo, raça, ou cor são partes fundamentais da democracia. “Toda vez que a violência cresce, a democracia e a liberdade diminuem. Esse é um momento muito importante para o povo brasileiro”, enfatizou o Diretor-Geral, torcendo para que o povo vote pela não-violência.

 

“A violência e o conflito são a principal causa da fome no mundo atual. Reverter esse quadro requer a geração de renda e oportunidades para as pessoas, particularmente para mulheres e jovens nas áreas rurais”, disse Graziano da Silva. "Precisamos de paz para ter segurança alimentar", acrescentou, ressaltando o fato de que o número de pessoas cronicamente subnutridas vem aumentando nos últimos três anos.

 

Por sua vez, Yunus destacou que a violência está criando um problema de pobreza, de migração e de fome. “Nossa maneira de olhar para isso é trazer oportunidades para as pessoas e ajudá-las a se manterem sozinhas ”. Ele também observou que o microcrédito ajuda as pessoas, especialmente as mulheres, a gerar renda própria, envolvendo-se em empresas e empreendimentos” e que um empoderamento sustentável não as deixa dependente da caridade. Incentiva a energia e a criatividade, dos jovens em particular.

As declarações foram feitas durante a reunião que acontecia concomitantemente à reunião da Comissão de Agricultura da FAO (COAG) em Roma.

Graziano da Silva também expressou preocupação sobre como os impactos de conflitos e mudanças climáticas, como as secas extremas, afetam negociantes rurais, especialmente mulheres e jovens na África. A FAO, em colaboração com o Centro de Negócios Sociais Yunus, está tentando oferecer oportunidades para as pessoas gerarem sua própria renda através da capacitação, treinamento e microcrédito em países como a República Centro-Africana que foram devastados pela guerra civil e estão tentando reconstruir suas economias.

Durante o encontro, Graziano da Silva e Yunus também destacaram a importância de intensificar a colaboração entre a agência da ONU e a Aliança FAO-Nobel da Paz para Segurança Alimentar e Paz afim de redobrar esforços na promoção de uma melhor conscientização sobre o crescente vínculo entre conflito e fome.

Yunus, que é o renomado fundador do Banco Grameen, o chamado "Banco para os Pobres", disse que o apoio ao empreendedorismo rural deve estar no centro das soluções para a fome e a instabilidade.

O primeiro projeto da FAO-Nobel e a Aliança dos Laureados pelo Nobel da Paz

A Aliança dos Laureados pelo Nobel da Paz da FAO lançou seu primeiro projeto na República Centro-Africana, cujo objetivo é aumentar a capacidade de deslocar internamente pessoas, ex-combatentes, mulheres e jovens para alavancar seus meios de subsistência e retornar a uma vida pacífica. Tal meta está sendo alcançada ao fornecer aos beneficiários uma melhor compreensão de como os mercados funcionam, facilitando seu acesso a sistemas de produção melhorados e tornando suas fazendas mais resilientes ao clima.

A Aliança dos Laureados pelo Nobel da Paz foi estabelecida pela FAO em 2016 com o objetivo de ampliar as discussões sobre como a paz é uma pré-condição para alcançar a segurança alimentar mundial e como melhorar a segurança alimentar pode contribuir para a paz.

Outros membros da Aliança incluem Oscar Arias Sánchez, Tawakkol Karman, Betty Williams, Juan Manuel Santos, Mairead Maguire, José Ramos Horta, Fredrik Willem de Klerk e Adolfo Pérez Esquivel. Paralelamente à Assembleia Geral das Nações Unidas na semana passada, a FAO concedeu a Graça Machel a condição de membro honorário da Aliança dos Leos Nobel da Paz para Segurança Alimentar e Paz, em reconhecimento à incansável luta de Nelson Mandela pela liberdade e pela paz.