FAO no Brasil

Celebrando a contribuição dos agricultores familiares para o Fome Zero e dietas mais saudáveis

28/05/2019

Roma - "Os agricultores familiares, que estão na linha de frente dos esforços globais para combater a desnutrição e outras formas de desnutrição e promover uma alimentação saudável, precisam de um apoio mais forte frente ao crescimento da fome e da obesidade em todo o mundo", disse Maria Fernanda Espinosa, presidente da Assembleia Geral da ONU, durante evento realizado em Roma.

"Em um mundo onde um terço da comida produzida é perdida ou desperdiçada e um terço da terra é usada para a produção pecuária, eles são atores socioeconômicos vitais que podem apoiar melhores meios de subsistência, criação de empregos, coesão comunitária e desenvolvimento rural", alertou para mais de 300 participantes reunidos em um diálogo internacional co-organizado pela FAO e pelo FIDA para discutir desafios e oportunidades para a agricultura familiar.

Espinosa observou que os agricultores familiares fazem uma contribuição essencial para a salvaguarda da agrobiodiversidade e do conhecimento tradicional, no contexto de alarmantes alertas de que quase um milhão de plantas e espécies animais estão em risco de extinção.

Segundo Espinosa, temos um enorme desafio à frente, tanto em termos de desigualdade social quanto ao tema da qualidade de alimentos em todo o mundo, uma vez que estamos testemunhando um aumento simultâneo das taxas de fome e de obesidade.

"De pastores a povos indígenas, moradores da floresta a agricultores familiares, todos fazem uma contribuição crucial para a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável", disse ela.

Lançamento da Década das Nações Unidas sobre Agricultura Familiar e Plano de Ação Global

A reunião aconteceu antes do lançamento, na quarta-feira (29 de maio), da Década das Nações Unidas para Agricultura Familiar (UNDFF, 2019-2028) e de um Plano de Ação Global para aumentar o apoio aos agricultores familiares.

Tanto a FAO como o FIDA lideram atividades para a implementação da Década da Agricultura Familiar, declarada pelas Nações Unidas no final de 2017, que visa criar um ambiente propício para fortalecer a posição da agricultura familiar e maximizar as contribuições dos agricultores familiares para a segurança alimentar e nutrição do mundo.

“A Década da Agricultura Familiar das Nações Unidas é uma oportunidade para aumentar a conscientização pública sobre o papel que os agricultores familiares - muitos dos quais são mulheres e jovens - desempenham em nossa sociedade e em nossas economias”, lembrou ela. “É uma oportunidade para capturar e compartilhar seus conhecimentos e promover maior cooperação entre agricultores familiares de diferentes comunidades e países.”

A Década é também uma oportunidade para que os governos adotem políticas de apoio à agricultura familiar sustentável e diversificada e avancem em direção a um novo paradigma para sistemas alimentares e desenvolvimento rural, onde o foco não é “apenas a produção, mas as questões socioeconômicas e a sustentabilidade ambiental em conjunto”.

Os agricultores familiares produzem 80% dos alimentos do mundo e são importantes impulsionadores do desenvolvimento sustentável.

A Presidente da Assembleia Geral da ONU disse que a Década é também uma oportunidade para fortalecer as organizações de agricultura familiar e proteger e promover seus direitos: “A Declaração sobre os direitos dos camponeses e outras pessoas que trabalham nas áreas rurais adotada pela Assembléia Geral da ONU em dezembro passado representa um importante passo a frente. Devemos usar esta Década para progredir na sua implementação.”

Durante o mesmo evento, José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, ressaltou que desde a adoção da estratégia da FAO para parcerias com Organizações da Sociedade Civil em 2013, a organização abriu suas portas para que os agricultores familiares tragam sua experiência, conhecimento e capacidade técnica.

“Uma das primeiras iniciativas foi a implementação do Ano Internacional da Agricultura Familiar, que foi muito importante para aumentar a conscientização global sobre a importância deles, mas também para que eles sejam reconhecidos como agricultores familiares”, disse ele, observando que a agricultura familiar é tema central da FAO.