FAO no Brasil

Simpósio sobre o Futuro dos Alimentos: chefe da FAO pede transformação de sistemas alimentares

10/06/2019

Roma - Os sistemas alimentares do futuro devem fornecer alimentos saudáveis ​​e de qualidade para todos, preservando o meio ambiente, disse hoje, o Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva, ao defender uma transformação dos sistemas alimentares para melhorar as dietas das pessoas.

Graziano da Silva falou na abertura do simpósio internacional O Futuro dos Alimentos (10-11 de junho) em Roma, que reúne acadêmicos, pesquisadores, formuladores de políticas, representantes da sociedade civil e do setor privado, parlamentares e órgãos governamentais.

"Precisamos mudar nosso foco de produzir mais alimentos para produzir alimentos mais saudáveis", disse o chefe da FAO.

De fato, a fome não é mais o único grande problema nutricional que a humanidade enfrenta.

Atualmente, mais de 2 bilhões de adultos com 18 anos ou mais estão acima do peso, dos quais mais de 670 milhões são obesos. Além disso, o aumento da prevalência de obesidade entre 2000 e 2016 foi mais rápido do que o excesso de peso em todas as faixas etárias. Quase 2 bilhões de pessoas sofrem de deficiências de micronutrientes.

Projeções estimam que o número de pessoas obesas no mundo em breve ultrapassará o número de pessoas que sofrem de fome, que atualmente é de 820 milhões.

Existem vários fatores subjacentes que impulsionam a pandemia global de obesidade e deficiência de micronutrientes, como a rápida urbanização.

Um dos principais impulsionadores é o alto consumo de alimentos ultraprocessados, que são baseados principalmente em ingredientes artificiais. Contém altos níveis de gorduras saturadas, açúcares refinados, sal e aditivos químicos.

Melhorando as dietas das pessoas

O Diretor-Geral da FAO apresentou quatro medidas que poderiam melhorar a dieta das pessoas.

Em primeiro lugar, os países devem implementar políticas e leis públicas com incentivos adequados que protejam as dietas saudáveis ​​e incentivem o setor privado a produzir alimentos mais saudáveis. Exemplos incluem impostos sobre produtos alimentícios não saudáveis; rótulos de alimentos mais fáceis de compreender e mais abrangentes; e restrições à publicidade de alimentos, especialmente para crianças.

Em segundo lugar, os governos devem promover o consumo de alimentos locais e frescos, criando circuitos curtos de produção e consumo de alimentos. Isso significa melhorar o acesso e a promoção de alimentos frescos e locais.

Em terceiro lugar, os acordos de comércio internacional devem ser projetados para influenciar os sistemas alimentares de uma maneira positiva, já que os alimentos ultraprocessados ​​tendem a se sair melhor no comércio internacional.

"Infelizmente, nem todos os alimentos considerados seguros são saudáveis. O comércio deve permitir maneiras de levar alimentos saudáveis ​​à mesa", disse Graziano da Silva.

"Em quarto lugar, a transformação dos sistemas alimentares começa com solos saudáveis, sementes saudáveis ​​e práticas agrícolas sustentáveis. Todo o sistema alimentar precisa ser reutilizado", disse Graziano da Silva.

Graziano da Silva também destacou a necessidade de cultivar alimentos de forma a preservar o meio ambiente, observando que o modelo agrícola que resultou da Revolução Verde não é mais sustentável, pois os sistemas com altos insumos e recursos intensivos aumentaram a produção de alimentos, mas a um alto custo para o meio ambiente, gerando desmatamento, escassez de água, esgotamento do solo e níveis elevados de emissões de gases com efeito de estufa.

O diretor-geral da FAO também elogiou o papel da academia na transformação necessária para nossos sistemas alimentares.

"Nós nos beneficiamos do seu trabalho e precisamos da sua orientação sobre o que fazer no futuro", disse ele.

Mais sobre o simpósio

O simpósio Futuro dos Alimentos inclui painéis de discussão sobre temas específicos: pesquisa, lacunas de conhecimento e necessidades de sistemas alimentares sustentáveis ​​e dietas saudáveis; governança de sistemas alimentares para dietas saudáveis; construir a confiança do consumidor nos sistemas alimentares; e o que é preciso para transformar sistemas alimentares. O programa completo pode ser encontrado aqui.