A Conferência Regional da FAO buscará soluções conjuntas para os desafios da alimentação e da agricultura na América Latina e no Caribe
Os governos da região –junto com o setor privado, o mundo acadêmico e científico e a sociedade civil– discutirão como transformar os sistemas alimentares, gerar sociedades rurais prósperas e um clima agrícola sustentável e resiliente pós-COVID19.
Santiago do Chile – Transformar os sistemas alimentares para que todos possam ter acesso a dietas saudáveis; caminhar de mãos dadas para sociedades rurais prósperas e inclusivas; construir uma agricultura sustentável e resiliente ao clima.
Estas são as três prioridades que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) propôs hoje aos seus países membros, durante a abertura da 36ª Conferência Regional da FAO.
A Conferência Regional, que acontece entre 19 e 21 de outubro, e que tem como país sede a Nicarágua, é o órgão máximo da FAO na região: ali a Organização presta contas de suas ações e os países estabelecem as prioridades de FAO pelos próximos dois anos.
“Esta conferência é uma oportunidade única para todos os países promoverem uma grande transformação em sua alimentação, agricultura, pesca, pecuária e silvicultura. É hora de promover a inovação e traçar as linhas de reconstrução com transformação para enfrentar os impactos da pandemia de COVID-19”, disse o Representante Regional da FAO, Julio Berdegué.
Frear o aumento da desnutrição
Segundo a FAO, antes da pandemia, a fome na região afetava 47 milhões de pessoas; o sobrepeso e a obesidade afetam 60% dos adultos e 50% da população rural vive na pobreza. Essa situação pode ser agravada drasticamente pela pandemia e exige a transformação dos sistemas alimentares para fornecer uma alimentação saudável para todos.
“Devemos melhorar a forma como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos para que todos tenham acesso a dietas saudáveis ”, explicou Berdegué.
Um novo mundo rural
Avançar de mãos dadas para alcançar sociedades rurais prósperas e inclusivas requer incentivar e apoiar o surgimento de novas atividades econômicas no campo, que ofereçam maiores e melhores oportunidades de desenvolvimento às comunidades rurais, reduzindo as lacunas de bem-estar com as cidades.
Isso implica tornar a agricultura mais eficiente e produtiva e melhorar o comércio e o acesso aos mercados. Além disso, a FAO enfatiza a necessidade de acelerar a digitalização da agricultura e do mundo rural, tomando medidas para tornar este processo inclusivo, sem deixar ninguém para trás. “Com melhores serviços de internet, informação e telecomunicações, pode-se fazer uma transição para a agricultura digital e sociedades rurais digitais, e estimular o desenvolvimento de novas oportunidades econômicas em territórios atrasados”, disse o Representante Regional.
Por meio de intervenções como a Iniciativa De Mãos Dadas (Mano a Mano) da FAO, pode-se promover o desenvolvimento rural e o emprego rural não agrícola, e estimular o investimento privado, a infraestrutura básica e maiores vínculos entre o setor agrícola e os mercados.
Agricultura sustentável e resiliente ao clima
A América Latina e o Caribe devem realizar uma transformação para uma agricultura, pesca, pecuária e silvicultura sustentáveis e resilientes ao clima, que são fontes de crescimento, mas com menor pegada ambiental e melhor equilíbrio com os ecossistemas e a biodiversidade.
A redução das emissões de gases de efeito estufa da agricultura e do sistema alimentar requer o combate ao desmatamento, o aumento da pecuária de baixa emissão, a recarbonizarão dos solos e a redução da perda e desperdício de alimentos.
A região também deve investir em prevenção para reduzir o custo de desastres, melhorar os sistemas de informação e monitoramento de riscos e implementar práticas produtivas que sejam resilientes às mudanças climáticas.
Grande impulso regional para a inovação
A FAO assumiu o compromisso de promover a inovação digital e tecnológica como um eixo transversal que informa toda a sua ação na América Latina e no Caribe.
Para esse fim, a Organização apoiará os países no desenvolvimento rápido de um roteiro regional de inovação e digitalização para seus alimentos e agricultura, e impulsionará a inovação em todas as áreas da agricultura e alimentos.
“A região deve digitalizar sua agricultura e seu comércio de alimentos, melhorando a conectividade das áreas rurais e a capacidade dos pequenos, médios e grandes produtores rurais e empresários para aproveitar a revolução tecnológica em curso”, disse Berdegué.