FAO no Brasil

Resultados do Ano Internacional das Leguminosas devem permanecer para além de 2016

20/02/2017

Feijão, lentilhas e grão de bico são aliados poderosos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Roma/ Uagadugú – O ano Internacional das Leguminosas (AIL) ajudou a aumentar a consciência em âmbito mundial dos muitos benefícios dos grãos de leguminosas, e tem impulsionado o intercâmbio de conhecimentos e parcerias. Os resultados do Ano Internacional das Leguminosas devem ser consolidados e contribuir para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável acordados pela comunidade internacional.

Essa foi a mensagem divulgada na cerimônia de encerramento oficial do AIL, organizada por Burkina Faso junto com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

“É essencial manter o impulso”, disse a Diretora-Geral adjunta da FAO, María Helena Semedo, ao discursar no evento. “Devem apoiar –acrescentou- os programas de capacitação sobre o valor das leguminosas, especialmente para os estudantes, agricultores e extensionistas. As políticas e programas deveriam concentrar-se mais nos produtores de leguminosas, principalmente os pequenos agricultores e jovens”.

O presidente de Burkina Faso, Roch Marc Christian Kaboré, afirmou que “para melhor enfrentar o triplo problema de gestão - da fertilidade do solo, redução dos efeitos adversos das mudanças climáticas e a questão da segurança alimentar –produzir e consumir leguminosas é uma grande oportunidade, especialmente para as pessoas mais vulneráveis”.

Definidas como as sementes comestíveis de plantas da família das leguminosas, os grãos estão repletos de minerais, tais como ferro zinco e ácido fólico. Desde o hummus e o falafel al dahl e os feijões cozidos, eles têm sido parte importante das dietas em todo o mundo durante séculos.

Potencializar as leguminosas

Com o lema Sementes nutritivas para um futuro sustentável, o Ano Internacional das Leguminosas foi aprovado em novembro de 2015, e a Assembleia Geral da ONU escolheu a FAO para liderar a implementação. Desde então, tem-se fomentado vínculos entre atores chave – desde as organizações de agricultores ao setor privado-, para facilitar a troca de informações e o debate de políticas sobre produção, comércio e consumo de leguminosas.

Formuladores de políticas e pesquisadores abordaram as principais questões relacionadas com as leguminosas em diversos fóruns internacionais e estabeleceram-se comitês nacionais.

Foi criada uma base de dados técnicos sobre as leguminosas, publicado um livro de cozinha com receitas de chefs internacionais e o site oficial da AIL  - com mais de meio milhão de visitas – ajudou a divulgar um amplo banco de informações sobre as leguminosas.

Durante a cerimônia os seis Embaixadores especiais da AIL foram homenageados.  A apresentadora egípcia de programas de cozinha na TV, Magy Habib representou o grupo de embaixadores e foi parabenizada pela dedicação e valiosos serviços durante o Ano Internacional das Leguminosas.

Leguminosas para ajudar a acabar com a fome

As leguminosas são elementos valiosos para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, que tem como objetivo pôr fim a fome, desenvolver a segurança alimentar e a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

Os grãos de leguminosas contribuem para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Carregam grandes quantidades de nitrogênio benéfico para o solo e requerem pouco fertilizante. Produzir leguminosas junto a outros cultivos aumenta a fertilidade da terra, melhora os rendimentos dos cultivos e contribui para um sistema alimentar mais sustentável.

Além disso, as leguminosas tem uma pegada hídrica muito baixa em comparação com outras fontes de proteínas, podem ser cultivadas em solos muito pobres e ajudam a reduzir o risco de erosão e esgotamento do solo. Para os agricultores sem recursos, cultivar leguminosas contribuem para meios de subsistência estáveis, obtenção de renda adicional e uma melhor nutrição.

Produção em ascensão

Em conjunto, a produção mundial de leguminosas tem aumentado de forma lenta mas constante. Em 2014, a produção mundial alcançou 77 milhões de toneladas, com um incremento de 21 milhões de toneladas em relação a 2001.

Em Burkina Faso, onde as agricultoras pobres são as que cultivam geralmente as leguminosas, a produção também está crescendo. O governo estima que para este serão produzidas 700 mil toneladas de feijão caupí e 56 mil toneladas de sementes de guandus, 20% a mais que no ano passado.

Apesar do Ano Internacional das Leguminosas ter se encerrado oficialmente, houve um chamado para manter vivo o impulso gerado e para continuar as atividades além de 2016. A FAO seguirá trabalhando com as partes interessadas – desde os governos aos agricultores familiares - para promover as leguminosas como pequenos, mas poderosos aliados no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.