Página Precedente Índice Página Seguinte


FICHA DE INFORMAÇÃO 5: PROCESSAMENTO E PREPARAÇÃO CASEIRA DE ALIMENTOS DE DESMAME O DESMAME


Durante os primeiros seis meses de vida, a maioria dos bebés retira do leite materno a totalidade da energia e dos nutrientes de que necessitam. Contudo, a partir dos 6 meses de idade, precisam de alimentos complementares para atingirem um crescimento e desenvolvimento satisfatórios. O desmame consiste em introduzir gradualmente alimentos na dieta da criança, para além do leite materno. O desmame começa por volta dos 6 meses de idade, quando o leite materno se torna insuficiente para garantir um crescimento normal e saudável da criança. Os alimentos de desmame são introduzidos pouco a pouco, para que a criança consiga retirar energia e nutrientes suficientes a partir da alimentação da família. O processo termina quando a criança atinge 2 ou 3 anos de idade e deixa completamente de ser amamentada.

Aos 6 meses, a maioria dos bebés mostra sinais de estarem prontos a consumir outros alimentos. Têm já um ou dois dentes e começam a mastigar. Mesmo que recebam muito leite materno, parecem ter muita fome e querem os alimentos que a mãe está a comer. Se nesta altura a mãe não começa a dar alimentos de desmame à criança, esta pode parar de ganhar peso e começar a apresentar um défice nas pesagens.

OS ALIMENTOS DE DESMAME

Os bons alimentos de desmame devem ser:

Utilização dos alimentos de base para o desmame

O primeiro alimento de desmame que o bebé come é, geralmente, um alimento mole ou semi líquido, preparado a partir de um alimento de base feculento (por exemplo, milho, milho miúdo, mandioca ou inhame). Contudo, uma papa simples preparada com farinha de cereal ou de tubérculo (por exemplo, mandioca) e água, não é suficientemente rica em energia e tem falta de proteínas e vitaminas essenciais, tais como a A e a C. É pois importante juntar outros alimentos, nomeadamente leguminosas, ricas em proteínas, tais como feijão-nhemba, feijão ou feijão-congo, assim como uma colher de óleo e/ou de açúcar. Como alternativa ao óleo, podem ser adicionadas leguminosas que sejam ricas em gordura, por exemplo os amendoins ou soja torrados/moídos, ou sementes oleaginosas, como as sementes de gergelim ou de girassol torradas/moídas. Os legumes de folha verde e os frutos ricos em vitaminas e em sais minerais também podem ser adicionados.

Como resolver o problema dos alimentos volumosos

Os alimentos de base como o milho, o milho miúdo, o sorgo, a mandioca e o inhame, são ricos em amido. Isto significa que durante a cozedura absorvem muita água, o que os torna volumosos; assim sendo, é necessário consumir uma grande quantidade para obter suficiente energia e nutrientes. Os adultos podem consumir muita comida numa só refeição, mas as crianças pequenas têm um estômago pequeno e não podem consumir grandes quantidades. Assim, se os alimentos são volumosos, as crianças não recebem suficiente energia e nutrientes. Felizmente, este problema pode ser resolvido dando às crianças refeições frequentes, preparando alimentos de desmame com farinha de cereais germinados e enriquecendo os alimentos volumosos.

Dar aos bebés refeições frequentes. Uma criança de 6 a 12 meses precisa de cerca de cinco pequenas refeições por dia, para além do leite materno, para conseguir aproveitar suficiente energia e nutrientes dos alimentos volumosos .

Preparar alimentos de desmame com farinha de cereais germinados. O facto de se fazer germinar os cereais antes de os transformar em farinha, modifica a estrutura do amido e permite preparar uma papa que contém duas vezes mais farinha do que uma papa preparada com farinha normal, sem modificar a consistência da papa.

Enriquecer os alimentos volumosos. Um alimento volumoso enriquece-se adicionando um outro alimento rico em energia ou em nutrientes, ou em ambos. Para tornar um alimento de base mais energético, pode acrescentar-se-lhe uma colher de sopa de óleo, de gordura ou de açúcar. Isto aumenta a concentração energética do alimento, sem aumentar o seu volume, nem modificar a sua consistência.

Um alimento para bebés pode ser igualmente enriquecido com um alimento rico em proteínas, como por exemplo a farinha de uma leguminosa (feijão-nhemba, feijão, feijão-bambara ou amendoim), adicionada à farinha de cereal ou de tubérculo utilizada para preparar o alimento. Também pode ser adicionado feijão-nhemba, feijão, frango, carne ou peixe esmagados.

Os alimentos ricos, tanto em energia (gordura ou óleo) como em proteínas, podem ser transformados ou cozinhados e adicionados ao alimento de desmame. Desses alimentos fazem parte o amendoim, a soja, as sementes de gergelim, as sementes de melão, as sementes de girassol ou outras sementes oleaginosas disponíveis localmente.

Para se assegurar de que as crianças recebem suficientes vitaminas A e C, o que aumenta a absorção de ferro, as mães ou outras pessoas que delas se ocupem, devem dar-lhes, todos os dias, alguns dos seguintes alimentos:

Estes alimentos podem ser misturados com a papa enriquecida ou dados separadamente às crianças.

A batata doce de polpa amarela ou alaranjada são particularmente ricas em vitamina A, constituindo uma boa base de preparação de alimentos para bebés e podendo ser enriquecidas com alimentos ricos em proteínas, tais como leguminosas. Além disso, adicionar uma colher de óleo de palma encarnado a uma preparação para crianças, melhora significativamente o seu conteúdo em energia e fornece vitamina A, vital para uma boa visão e para a protecção contra as doenças infecciosas. Uma colher de café de óleo de palma vermelho misturada na papa da criança todos os dias, fornece-lhe suficiente vitamina A para mantê-la de boa saúde.

Processamento de farinhas de cereais ou de leguminosas germinadas

Farinhas de cereais. Nos países africanos, são preparados pelo menos vinte tipos diferentes de farinhas e de produtos à base de cereais germinados e fermentados. As suas utilizações são múltiplas, mas servem nomeadamente para a preparação do prato familiar principal, a preparação de bebidas consumidas como refeições ligeiras, papas para bebés e alimentos destinados aos doentes.

Para germinar os cereais é necessário limpar os grãos completos e depois demolhá-los em água durante um dia. Escorrem-se em seguida os grãos e colocam-se num saco de juta ou noutro recipiente, de seguida cobrem-se com um tecido apropriado que conserve a humidade. Os cereais húmidos são então armazenados num local escuro durante dois ou três dias, até os grãos começarem a germinar. Os grãos germinados secam-se ao sol antes de serem moídos.

Conforme o uso, a moagem dos cereais é feita antes ou depois da fermentação. Quando é feita depois, deixam-se os grãos demolhados durante um ou dois dias antes de os moer e de os deixar fermentar. Qualquer que seja o método utilizado, as vantagens da farinha fermentada são numerosas. A papa preparada com a farinha fermentada é mais rica no plano nutricional, sem que o seu volume aumente, e é também mais fácil de digerir. O ferro contido nos cereais é melhor absorvido depois da fermentação. Por outro lado, o ácido lácteo (substância ácida produzida durante a fermentação) presente nas farinhas fermentadas evita a multiplicação rápida dos germes patogénicos, o que torna a papa feita de farinha fermentada muito mais saudável para consumir e mais concentrada em nutrientes do que uma papa preparada com uma farinha de cereais não fermentados ou não germinados.

Seguem-se «receitas» que indicam como preparar farinhas de cereais germinados e fermentados.

Farinha de cereais germinados (milho, milho- miúdo ou sorgo)

1. Escolher os grãos.
2. Demolhá-los em água durante um dia.
3. Escorrer os grãos e colocá-los num saco de juta ou outro tecido apropriado.
4. Deixar os grãos num lugar escuro e quente, durante dois ou três dias, até germinarem.
5. Secar ao sol os grãos germinados.
6. Moer os grãos e peneirar a farinha.

Farinha de cereais fermentados (só a título de exemplo porque há muitas variantes)

1. Moer o milho, o milho-miúdo ou o sorgo.
2. Deixar esta mistura de molho em água (cerca de três chávenas de farinha para sete de água).
3. Deixar a mistura fermentar durante 2 ou 3 dias.
4. Cozer a papa.

Farinhas de leguminosas. As farinhas de leguminosas são muito úteis para enriquecer as farinhas de cereais, de raízes ou de tubérculos, utilizadas na preparação de alimentos para bebés. Para preparar estas farinhas é necessário limpar os grãos, eliminando os que estão estragados, assim como as impurezas. Os grãos são então torrados, triturados ou moídos. A farinha é peneirada para retirar algumas partículas grandes que tenham ficado. As «receitas», que a seguir se apresentam, mostram as etapas da transformação da farinha de feijão-nhemba , de soja e de feijão-congo.

Farinha de feijão-nhemba

1. Escolher e lavar o feijão-nhemba.
2. Torrar o feijão.
3. Descascá-lo (facultativo).
4. Triturá-lo ou moê-lo.
5. Peneirar a farinha.

Farinha de feijão-congo

1. Escolher e lavar o feijão-congo.
2. Demolhá-lo em água durante 2 ou 3 minutos. Escorrer.
3. Cobrir com folhas de bananeira e deixar assim durante 6 dias.
4. Torrar.
5. Moer ou triturar até obter uma farinha.
6. Peneirar a farinha.

Farinha de soja.

1. Escolher o feijão de soja; não o lave.
2. Pôr água a ferver.
3. Deitar os feijões na água a ferver e deixar cozer durante 10 minutos. Escorrer.
4. Torrá-los.
5. Pelá-los.
6. Torrá-los de novo.
7. Moer ou triturar.
8. Peneirar a farinha.

Seguem-se exemplos de receitas para preparar alimentos de desmame. As três primeiras foram criadas pelo Programa não-governamental para a investigação e desenvolvimento dos recursos naturais do Quénia.

Papa de milho-miúdo e de feijão (para 4 pessoas) Ingredientes

Folhas de feijão-nhemba
1 chávena de farinha de feijão-congo
3 chávenas de farinha de milho-miúdo
4 chávenas de água fria
10-12 chávenas de água quente
1 pitada de sal

1. Escolher as folhas de feijão-nhemba, deixá-las ferver durante 5 minutos, depois secá-las e triturá-las. Ponha de lado.

2. Misturar a farinha de feijão-congo com a farinha de milho-miúdo.

3. Juntar água fria e mexer até obter uma pasta homogénea.

4. Juntar a água quente à pasta. Cozer a mistura durante 10 minutos, mexendo constantemente.

5. Juntar uma colher de sopa de folhas secas de feijão-nhemba e deixar cozer por mais 2 ou 3 minutos.

6. Adicionar sal a gosto.

Mululu, abóbora e raiz de matabala

Ingredientes

Uma mão cheia de folhas
Mululu
½ raiz de mandioca ou de matabala, descascada e cortada em bocados
¼ de uma abóbora pequena, cortada em bocados
½ chávena de leite (facultativo)

1. Escolher as folhas.

2. Cozer a mandioca ou a matabala.

3. A meio da cozedura, juntar as folhas e a abóbora. Continuar a cozedura até ficar bem macio.

4. Esmagar e servir com leite.

Folhas de juta com puré de batata-doce

Ingredientes

1 batata-doce pequena
1 ovo
Uma mão cheia de folhas de juta
½ colher de sopa de óleo vegetal
1 pitada de sal

1. Lavar a batata-doce e cozê-la até ficar macia.

2. Cozer o ovo durante 4 ou 5 minutos, deixar arrefecer e descascar.

3. Lavar e cozer as folhas de juta.

4. Descascar a batata-doce cozida.

5. Misturar os ingredientes e juntar o óleo vegetal.

6. Adicionar sal e esmagar.

Mistura do Zimbabwe

Ingredientes

½ chávena de farinha de milho
2 colheres de sopa de farinha de feijão
Água
1 colher de café de espinafres picados finamente
½ colher de sopa de óleo vegetal
Sal

1. Misturar a farinha de milho e a farinha de feijão com a água, deixar cozer durante 20 a 30 minutos.

2. Juntar os espinafres e o óleo vegetal, deixar cozer mais 2 minutos.

3. Juntar sal a gosto.


Página Precedente Alto da página Página Seguinte