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II

CONTRIBUÇÂO PARA OPTIMIZAÇÂO DA TENCOLOGIA DE PROPAGAÇÂO ARTIFICIAL DE COLOSSOMAS, TAMBAQUI (COLOSSOMA MACROPOMUM) E PACU (COLOSSOMA MITREI)

Italo Galvâo

RESUMO

Foram realizados três experimentos sobre reproduçâo, fertilizao e incubacçâo de ovos de tambaqui (Colossoma macropomum) e pacu (Colossoma mitrei) e alevinagem de tambaqui. No primeiro experimeto, observou-se a resposta de ovulaçâo, em horas-graus, destas espécies frente áas vazôes de 0.8, 0.6 e 0.4 1/seg. A media geral das horas graus durante seis reproduçôes realizadas sob as vazôes mencionadas forain, 262, 252, 249 para o tambaqui e 269, 263, 261 para o pacu. Nâo houve diferença significativa (P < 0.05) entre os resultados, para arnbas as espécies. No segundo experimento foram comparados quatro métodos de fertilizaçâo de ovos de tambaqui e pacu, osquais variaram em volumes de água, adicionados em diferentes intervalos de tempo. Os resultados em números porcentuais foram: 88, 85, 52 e 82, para o tambaqui e 89, 86, 51 e 84, para o pacu. Para as duas espécies, os tratamentos A, B e D evidenciaram-se sem difernçâ (P < 0.05), enquanto o tratamento C apresentou-e esatisticamente inferior aos demais, ao mesmo nivel de significância. O terceiro experimento foi referente á segunda alevinagem de tambaqui em gaiolas. As densidades de estocagem e regiems alimentares foram: 500 e 1,000 individuos/m3, com alimentação artificial (tratamentos A e B, respectivamente); 500 e 1,000 indíviduos/m3, sem alimentação artificial, tratamento C e D, respectivamente). O tratamento a foi estatisticamente superior (P < 0.05) aos demais, em crescimento e produção. O tratamento B apresento o segundo melhor resultado em crescimento, mas os dados de produção. O tratamento B apreentou o segundo malhor resultado em crescimento, mas os dedos de produção foram inferiores aos do tratamento C. O tratamento D apresentou as mais baxias performances.

1 INTRODUÇÃO

Nas regiões tropiais e subtropicais da Amércia do Sul dois Colossmas, tambaqui (Colossma macropomum) e pacu (Colossoma mitrei) aparecem com grande potencial para a aquicultura. Tendo em vista a sua melhor preformance de crescimento e por ser nativo da Bacia Amazônica, o tambaqui tem sido mais amplamente cultivado em todo continente, enquanto a criação do pacu é mais praticada nos Estados do Sudeste brasileiro, de onde é originário.

Os primeiros teste experimentais de desova induzida de colossoma com resultados positivos foram feitos con a pirapitinga (Colossoma bidens), no Centro de Pesquiesas Ictiológicas do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) em 1976 (Lovishing, 1980). Em 1977, Silva et alli no Brasil, e Woynarovich na Venezuela, obtiverma os primeiros alevinos de tambaqui por métodos artificiais (Woynarovich, 1986). A metodologia practicada no DNOCS em número (nã em peso) de hipófise em relação ao peso dos peixes. O Centro de Pesquisa e Treinamento em Aquicultura da SUDEPE (CEPTA) vem obtenido ótimos resultados utilizandio o hormônio sintético LH-Rh, como agenta indutor de ovulação das espécies em apreço (Bernardino, 1988).

Alguns inportantes aspectos da produção, prinicipalmente com respeito a manejo de reproductores, desova e larvicultura, que viabilizam a produção intensiva de alevinos de tambaqui e pacu foram experimentalmente determinados nas Unidades de Piscicultura da CODEVASF a partir de 1983. Hoje o maior empenho de pesquisa é pelo aperfeiçoamento deata tecnologia, no que se refere à minimização de custos e quantificação de alguns parâmentros especeíficos.

Este trabalho apresenta os resultados de três experimentos nas fases de indução, fertilização de ovos e alevinagem. O primeiro experimento foi realizado para observação de aparente influência do fluxo de água nos tangues de desova sobre a hora-grau de ovulaçã de tambaqui e pacu; no segundo estudo procurou-se determinar um método capaz de apresentar satisfatórios percentuais de fartilização de ovos das espécies em questão; o terceior estudo foi sobre a recria de aleviones de tambaqui em gaiolas. Resultados recentes sobre a criação de tambaqui e pacu em gaiolas (Merola e Cantelmo, 1987; Merola e de Souza, 1988), estimulam a pesquisa de segunda alevinagem nesta modaildade de confinamento, com vista a redução de custos de transporte e maior grantia de produção para o piscicultor. A pesquisa foi realizada na Unidade de Piscicultura de Bebedouro da Comppanhia de Desenvolvimento de Vale do São Francisco - CODEVASF, em Petrolina - PE., de 29 de outubro de 1987 a 19 de fevereiro de 1988.

2 MATERIAL E METODOS

Os peixes selecionados para reprodução estavam em sua terceira maturação gonadal. Os tambaquis apresentaram peso médio de 7.2 Kg (machos) e 9.4 Kg (fêmeas); os machos de pacu apersentaram peso médio de 1.8 kg e as fêmeas 2.3 kg. Até a desova estes estiveram confinados a una desdidade de 1.0 kg de reprodutos/8.0 m2, num viveiro de 0.5 ha de superficie e profundidade média de 1.0 m.

O viveiro foi perparado incialmente com 500 kg de esterco de caprino e foi readubado a cada 30 dias, com 100 kg do mesmo esterco para manter presente a biomassa de zooplancton. A água do viverior foi renovada sempre que a transparéncia atingiu 18 cm do disco de Secchi.

A ração administrada continha 28% de proteína bruta e era composta de 10% de farinha de peixe, 40% de farinha de soja, 25% de farelo de milho e 25% de farelo de trigo. O arraçoamento foi feito com base em 2.5% da biomassa, dividindo-se esta quantia em duas porçoes diárias.

A seleçâo das fêmeas para as desovas foi por simples observação da fotma do abdomen, coloração e dilatação da papila genital; os machos foram selecionados quando liberavam esperma atraés de compressão abdominal. O agente indutor de ovulação utilizado foi hipófise seca de carpa comun (Cyprinus carpio).

As fêmeas foram injetadas com duas doses em intervalo de 14 horas. Na primeira dose aplicou-se 0.5 mg de hipófise/kg de peixe e na segunda dose, 5.0 mg/kg. Os machos receberam uma única aplicação de 1.0 mg/kg, antes da segunda dose, das fêmeas. Quando da aplicação da segunda dose as fêmeas foram anestesiadas numa solução de 20 ppm de quinaldina, (2–4 methylquinolin) durante 5 minutos e sututadas para evitar depositação parcial de ovos nos tanques.

Experimento 1

As desovas foram realizadas semanalmente em tanques retangulares azulejados de 3.0 m x 1.5 m x 1.0 m. A água utilizada nas desovas era proveniente do Rio São Francisco e abastecia as estruturas de reprodução e incubação após represarnento prévio num reservatório de 0.5 ha de superficie e profundidade de 2.5 m. O abastecimento dos tanques era feito através de tubos de PVC de 2.5", sendo o espaco compreendido entre a saída de água do tubo e a superficie da água no tanque de 80 cm. Medidas de temperatura e oxigênio dissolvido na água nos tanques foram feitas corn medidor de oxigênio, modelo YSI.

Os tratamentos corresponderam a vazões de 0.8 l/seg (tratamento A); 0.6 l/seg (tratamento B) e 0.4 l/seg (tratamento C).

O nível da água foi sempre mantido em 30 cm para melhor observação do comportamento das fêmeas até a ovulação dos indivíduos, após a pesagem as fêmeas foram marcadas no pedúnculo caudal com linhas de diferentes cores. Foram simultâneamente hipofisadas duas fêmeas de pacu e duas de tambaqui, por desova em cada tratamento.

Com vistas ao cálculo da hora-grau de cada indivíduo, mediu-se a temperatura no momento da aplicação da segunda dose, quatro horas mais tarde e no momento da extrusão. A captura das fêmeas para a extrusão foi feita quando estas apresentavam um comportamento bastante ativo, indicador de ovulação.

Experimento 2

Ovos de tambaqui e pacu provenientes de fêmeas do experimento 1 foram pesados e fertilizados obedecendo quatro tratamentos e quatro repetições, os quais diferiram entre si por variadas quantidades de água administradas em diferentes intervalos de tempo. Os volumes de água foram medidos em provetas graduadas de 500 ml e o tempo foi registrado com cronômetro. Os quatro tratamentos foram elaborados com base em 200 g de ovos (Tabela 1). O ajuste das quantidades de água foi efetuado diretamente em função dos pesos dos ovos que variaram de 68 a 177 g. Completado o tempo de fertilização os ovos foram colocados em incubadoras de 60 litros, cujas dimensões e princípios de funcionamento são descritos por Woynarovich (1986).

Para testar as metodologias, imediatamente após a extrusão as bacias de ovos foram pesadas e, enquanto retirava-se o esperma do macho, procedia-se ao cálculo das porções de água a serem usadas nos diferentes tratamentos.

Uma vez completado o tempo para cada tratamento, cerca de 50 a 70 g de ovos foram colocados nas incubadoras de 60 1, as quais operaram com vazão de 1.0 1/min. Ao completar de incubaçãon a vazão foi aumentada para 4.0 1/min, ocasião em que também determinou-se a percentagem de fertilização, por contagem dos ovos em placa de Petri,utilizando-se lupa binocular com lentes de aumento de 20 vezes.

Experimento 3

Este experimento foi realizado num viveiro de 0.1 ha com profundidade média de 1.0 m. As gaiolas eram de 1.2 m3 e foram confeccionadas com material de rede de nylon multifilado de 0.5 cm de malha. A armação no viveiro foi feita de modo a permanecer uma altura livre de 20 cm sobre a superficie da água e, consequentemente, 1.0 m3 submerso.

Os alevinos foram provenientes de una mesma fêmea e, na estocagem, apresentaram comprimento e peso médio de 2.5 cm e 0.3 g, respectivamente.

A ração utilizada foi Cargil Peixe II, em forma peletizada, contendo 24% de proteína bruta, a qual foi, posteriormente, triturada em partículas de até 1.0 min.

O experimento foi realizado em tratamentos duplicados e obedeceu o seguinte delineamento: tratamento A e B 500 e 1,000 alevinos/m3, respectivamente com alimentacão artificial; tratamento C e D 500 e 1,000 alevinos/m3, respectivamente sem alimentação artificial.

Oito dias antes do povoamento o viveiro foi adubado com esterco de marreco de pequin, contendo 28% de umidade, à concentração de 1,500 kg/ha. Aos vinte dias pós-estocagem realizou-se uma readubação utilizando-se o mesmo esterco, desta vez cóm 500 kg/ha. Antes da estocagem os alevinos foram amostrados com base em peso e comprimento médios e mantidos separadamente durante 24 horas. Por ocasião do povoamento, efetuou-se um tratamento profilático com 5 ppm de verde malaquita durante 5 minutos. No dia seguinte ao povoamento, efetuou-se uma reposição dos indivíduos mortos.

O arraçoamento foi feito duas vezes ao dia, utilizando-se uma peneira cujo fundo foi revestido com plástico para evitar perdas. A peneira foi fixada num longo cabo de madeira de modo a alcançar as gaiolas desde a comporta do viveiro. Antes de cada alimentação a ração foi umedecida com 50% de água, formando uma pasta para sedimentar imediatamente dentro das gaiolas. Considerando o desprezível efeito da ração sobre a qualidade da água, dada pouca quantidade introduzida no viveiro, os alevinos foram alimentados a um percentual de biomassa relativamente alto. Nos tratamentos arraçoados, para a densideade de 500 alevinos/3, administrou-se 50 g de ração na primeira semana; 100 g na segunda semana; 150 g na terceira semana e 20 g até o final do experimento; para a estocagem de 1,000 alvinos/m3 o arraçoamento foi duplicado, dentro da mesma sequência.

No transcurso de 34 dias, foram realizadas três amostragens, sendo as duas primeiras em intervalos de 10 dias e a última ao final de pesquisa. Para reduzir chances de maior “stress”, foram amostrados apenas 50 indivíduos em cada gaiola. Os alevinos foram contados inicialmente numa bacia e concentrados numa peneira plástica; o resíduo de água na peneira foi absorvido com papel de filtro e a pesagem foi feita colocando-se os alevinos num balde de água com peso previamente conhecido.

Para uma avaliação mais concreta da contribuição do alimento natural, estimou-se o volume de zooplancton a cada 5 dias por filtração de 100 1 de água em rede de placton manual, de 60 u de malha. O material concentrado foi fixado com formol a 5% em proveta de 10 ml e a leitura realizada diretamente após decantação do material.

A comparação estatística de horas-graus, percentagem de fertilização de ovos, dados de crescimento e produção de alevinos nas gaiolas foram analizados estatísticamente por análise de variança, sendo as médias comparadas pelo teste de variação múltipla de Duncan.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Experimento 1

Os resultados referentes a temperatura, concentração de oxigênio dissolvido na água e horas-graus de ovulação de tambaqui e pacu são apresentados na Tabela 2.

A temperatura da água nos tanques de desova foi sempre crescente até a última reprodução artificial. Este comportamento ascendente é comum anualmente considerando-se que a temperatura aumenta de 21–22 °C nos meses mais frios de junho e julho, para 30–31 °C en março e abril.

Foi observado uma variaçâo decrescente normal nas concentraçãoes de oxigênio dissolvido na água com o aumento de temperatura, num mesmo tratamento e uma variação pouco crescente do tratamento C para o tratamento A, demostrando certa influência das turbulências nos tanques sobre a fixação na agua. Este valores de oxigênio acima de 6.0 mg/l são perfeitamente concebíveis, devido a água turbulenta do Rio São Francisco ser transportada diretamente, em canal aberto, até o reservatório de abastecimento da estação.

Nâo houve diferença significativa (P <0.05) entre as médias das horas-graus verificadas nos três tratamentos investigados, tanto para fêmeas de tambaqui como de pacu. Como a mais baixa concentraçâo de oxigênio foi de 6.1 mg/l na vazão de 0.4 l/seg, esta concentração pode ter sido suficiente para atender as necessidades metabólicas de reprodução das fêmeas, não sendo as diferentes vazões influentes sobre as ovulações. Embora sem diferença estatística (P < 0.05), a ovulação do pacu foi um pouco mais demorada que a do tambaqui. Isto pode estar associado à origem destas espécies com respeito à temperatura média anual de onde provêm. Garadi, 1986, faz referência à possível influência da temperatura sobre a hora-grau de ovulação do tambaqui.

A máxima diferença de hora-grau foi de 23% (276–211) e ocorreu com fêmeas de tambaqui. Como procurou-se precisar ao máximo a quantidade de hormônio aplicado, esta variação pode estar conjuntamente associada às diferenças de temperatura e distintas fases de desenvolvimento das gônadas, dentro de um mesmo estágio de maturaç.

Em todos os tratamentos houve fêmeas que nâo ovularam. A maior ocorrência foi no tratamento C, com quatro abstenções, seguido do tratamento. A com duas. Tais abstenções podem ser atribuídas a equívocos quanto a seleção de reprodutores igualmente preparados ou pela própria condição de saúde dos mesmos.

Experimento 2

As médias dos resultados de fertilização de ovos oriundos dos quatro tratamentos pesquisados são demonstrados na Tabela 3. Não houve diferença significativa (P < 0.05) entre os tratamentos A, B e D, para ovos de tambaqui e pacu, respectivamente. Porém, em ambos os casos o tratamento C apresentou-se estatisticamente mais baixo (P <0.05) em relação aos demais.

Aparentemente, o fator responsável pela baixa percentagem de fertilização no tratamento C, foi maior intervalo de tempo compreendido entre as porções de água adicionadas sobre os ovos. Enquanto para os tratamentos A e B o intervalo foi de 30 segundos até a quarta adição de água, no tratamento C a diferença de tempo foi sempre de 60 segundos no mesmo período. Como as quantidades de água foram as mesmas para os tratamentos A, B e D, o espaço de tempo de 60 segundos no tratamento C pode ter sido excessivo, causando falta de oxigênio a parte dos ovos. Outra hipótese, é que neste maior espaço de tempo, em ausência de água os espermas podem ter perdido a mobilidade antes de penetrar nas micrópilas dos ovos. Segundo Woynarovich (1986), tal como acontece con a carpa comun (Cyprinus carpio) a micrópila do ovo de tambaqui não permanece aberta mais que um minuto, sendo igual o tempo de mobilidade do esperma.

No tratamento D, conforme observado, embora o tempo entre as quantidades de água tenha sido o mesmo que no tratamento C, o índice de fertilização foi bastante alto, significando que as maiores quantidades de água foram suficientes para possibilitar maior fecundação. Horvath et alli, 1985 referem-se a 100 ml de água colocados inicialmente sobre 1.0 kg de ovos de carpas herbívoras, correspondendo a 25 ml/250 g, mas não fazem referência aos espaços de tempo entre as quantidades seguintes.

Vale ressaltar os altos percentuais de fertilização obtidos nos tratamentos A, B e D para ovos dos dois colossomas estudados. Estes resultados são bem superiores à média obtida empiricamente em três anos de estudo com tambaqui em Bebedouro (Garadi, 1986) significando importância do uso desta metodologia.

Experimento 3

Os resultados de crescimento e produção são demostrados na Tabela 4. As curvas de crescimento em função das amostragens são representadas na Figura 1.

Até a primeira amostragen, comparando-se os tratamentos de 500 indivíduos/m3 sem alimentação (tratamento C), não houve influência considerável da ração (P <0.05) sobre o crescimento dos indívíduos. Aparentemente , esta densidade de estocagem e o alimento natural abundante foram favoráveis ao crescimento normal dos espécimens. Ao contrário, comparando-se os tratamentos de 1,000 indivíduos/m3 com alimentação (tratamento B) e 1,000 indivíduos/m3 sem alimentação (tratamento D), houve diferença acentuada (P <0.05), demonstrando que a estocagem de 1,000 indivíduos/m3 foi desfavorável a um bom crescimento. No tratamento B, a escassez de alimento natural foi compensada pela ração que elevou o tamanho dos alevinos ao mesmo nível daqueles dos tratamentos A e C.

Entre a primeira e segunda amostragens, nos tratamentos A e B, cujos exemplares cresceram mais, a vantagem da mais baixa estocagem sobre a mais alta, em referência ao peso dos espécimens foi de 20%; entre os tratamentos C e D a diferença foi de 43.7%. Na análise entre A e B, C e D, evidenciou-se diferenças consideáveis (P < 0.05) da ração e da estocagem sobre o desenvolvimento dos alevinos. O tratamento A apresentou crescimento mais acelerado; o tratamento B demostrou-se com resultado até inferior ao C. Observa-se que a população de zooplancton foi crescente neste período e, tat como aconteceu até a primeira amostragem, pode ter beneficiado as mais baixas densidades de estocagem. O tratamento D apresentou crescimento surpreedente ao final; por esta ressurgência de crescimento presume-se que a grande mortalidade nele apresentada tenha ocorrido ao início desta última fase de pesquisa.

A superioridade do tratamento A sobre o C em termos de biomassa final confirma as afirmações de Coche (1979), sobre a essencialidade da alimentação artificial na criação intensiva de peixes em gaiolas, mesmo nos estágios iniciais de crescimento.

A recria de alevinos em gaiolas mostra-se bastante ventajosa. Este experimento demonstra ser possível, com excelente aproveitamento de área, mais que duplicar o tamanho de pequenos alevinos em pouco mais de um mês. Tais resultados são bem acima das médias obtidas na primeira alevinagem, quando no mesmo período, dentro da tecnología practicada nas Unidades da CODEVASF, os exemplares apresentam-se com peso médio em torno de 0.3 g e medem cerca de 2.5 cm.

Um outro aspecto a ser considerado, é que adotando esta técnica, o produtor pode reduzir consideravelmente o custo de produção. Comparando-se os tamanhos obtidos na primeira alevinagem com aqueles de 3.8 g e 5.9 cm, o transporte destes últimos é pelo menos três vezes mais oneroso; além disto, a recria na própria fazenda significa diminuição de “stress” de transporte a grandes distâncias é maior garantia de sobrevivência nos cultivos.

CONCLUSÕES

Foi possível concluir que em águas com concentração de oxigênio dissolvido, da ordem de 6.0 mg/l, as vazões fortes de 0.8 1/seg não apresentam qualquer vantagem sobre aquelas de 0.6 e 0.4 l/seg, no que se refere à variação de hora-grau de ovulação de tambaqui e pacu.

Mais altos percentuais de fertilização de ovos destas espécies são obtidos, quanto mais próximo for o intervalo de tempo entre as porções de água utilizadas nesse processo. Comparativamente, quando se administra 25 ml de água por 200 g de ovos, entre a primeira e segunda porções, melhores resultados se obtem em intervalos de 30 segundos, ao invés de 60 segundos. Outra notável conclusão é que não há diferença entre manusear os ovos durante 4.5 ou 9.0 minutos durante a fertilização. Do mesmo modo, conclui-se que não há difereça noíndice de fertilização, se para 200 g de ovos utiliza-se, ao final, 200 ou 560 ml de água.

A segunda alevinagem de tambaqui em até 6.0 cm, viabiliza-se em gaiolas, armadas em viveiros adubados na densidade de 500 indivíduos/m3 num período de 30–35 dias. Em ambientes com bastante alimento natural, especialmente zooplancton, o crescimento independe da alimentação externa até que os indivíduos atinjam o peso de 0.66 g; a partir deste tamanho torna-se essencial a alimentação suplementar para um crescimento mais rápido e melhor sobrevivência. Comparando-se 500 contra 1,000 alevinos/m3, em regimes alimentares proporcionais, a mais baixa estocagem proporciona crescimento mais rápido, maior biomassa final, e mais alta sobrevivência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bernardino, G., Alcântara, R. de C. G. de and Senhorini, J.A., 1988. Procedimentos para a reprodução induzida e alevinagem de tambaqui (Colossoma macropomum) e pacu (Piaractus mesopotamicus). Resumos do VI Simpósio Latinoamericano de Aquicultura e V Simpósio Brasileiro de aquicultura. ABRAq/ALA, Florianápolis, p. 193.

Coche, A. G., 1979. A review of cage fish culture and its application in Africa. In: T.V.R. Pillay and W. A. Dill (Editors), Advances in Aquaculture. Fishing News Books Ltd., Farnham, Surrey, England, pp. 428–441.

Garadi, P., 1988. Relatório final 1. Projeto de Piscicultura de Petrolina. CODEVASF/AGROBER, Petrolina, PE. p. 142

Horvath, L., Tamas, G., and Tolg, I., 1984. Stripping and fertilization of eggs. In: Special Methods in pond fish husbandry, Akadémiai Kiadó, Budapest, p. 29.

Lovishin, L. L., 1980. Experiments with tambaqui (Colossoma macropomum) and pirapitinga (Colossoma bidens). In: Progress report on fisheries development in Northeast Brazil. International Center for Aquaculture, Auburn, Alabama, p. 9–11.

Merola, N. and Cantelmo, O. A., 1987. Growth, feed conversion and mortality of cage reared tambaqui, Colossoma macropomum, fed various dietary feeding regimes and protein levels. Aquaculture, 66:223–233.

Merola, N. and Souza, J.H. de, 1988. Preliminary studies on the culture of the pacu, Colossoma mitrei, in floating cages: effect of stocking density and feeding rate on growth performance. Aquaculture, 68:243–248.

Woynarovich, E., 1986. In: Tambaqui e pirapitinga: Propagação artificial e criação de alevinos. CODEVASF, DF, Brasil, 66 p.

TABELA 1. Volumes de agua e respectivos intervalos de tempo nos quatro tratamentos referentes a fertilização de 200 g. de ovos.

Experimento 2
Tratamento
ABCD
Vol. agua (ml)Tempo (seg)Vol. agua (ml)Tempo (seg)Vol. agua (ml)Tempo (seg)Vol. agua (ml)Tempo (seg)
250350250700
2530353025607060
256035602512070120
5090709050180140180
100100140180100360280360
200270280270200540560540


TABELA 2. Hora-grau e concentraçã de oxígênio dissolvido nos tanques de desova de tambaqui e pacu.

Experimento 1

Tratamento
ABC
 hora-grauT (°C)O2 (mg/l)hora-grauT °CO2 (mg/l)hora-grauT °CO2 (mg/l)
Desovatambaquipacutambaquipacutambaquipacu
126826927.07.327326427.07.0    
269273  275270      
2254---28.87.0    ---25428.86.6
256275      ---259  
3 26629.07.026828529.06.8261---29.06.6
 261  273---  263269  
4    26125429.56.727624529.56.4
    ---243  ---239  
5---27229.66.2236 29.66.7---26029.66.4
------  248   259301  
6    212 30.06.4222 30.06.1
    219   211   
Media262a269a28.66.9252a263a29.06.8249a261a29.46.4

Os espaços grifados indicam não ocorencia de ovulação.
As medias de letras iguais não foram estatisticamente diferentes (P < 0.05)



TABELA 3. Porcentagem de fertilização de ovos de tambaqui e pacu nos quatro tratamentos investigados.

Experimento 2.

EspecieTratamento
 ABCD
Fec. (%)Fec. (%)Fec. (%)Fec. (%)
TambaquiMedia85864880
89835585
87875483
90845081
88a85a52b82a
PacuMedia93894778
90835683
84874987
89855287
89a86a51b84a

As medias de letras iguais não foram estatisticamente diferentes (P<0.05)

Tabela 4. Efeito de diferentes densidades de estocagem a regimes alimentaires na segunda alevinagem de tambaqui em gaiolas no periodo de 34 dias.

Experimento 3

ParametroTratamento
ABCD
Peso medio inicial (g)0.30.30.30.3
Peso medio na 1a amostragem (g)0.66a0.60a0.63a0.4b
Peso medio na 2a amostragem (g)1.75a1.4b0.8c0.45d
Peso medio final (%)3.8a1.49a1.83c1.41b
Ganho de peso (%)1167397510370
Taxa de crescimento específico (%/dia)17.47a4.71b5.32c4.55b
Dados de produção
Biomassa inicial (g/M3)150300150300
Biomasa final (g/M3)1558a1103b659c775d
Ganho de biomasa (g/M3)1408803509475
Sobrevivencia (%)82a74b72b55c

Os valores de letras iguais não foram estatisticamente diferentes (P<0.05)
1TCE = (logE peso medio final- logE peso medio inicial) × 100/Periodo experimental


FIG 1

FIG.- 1 CRESCIMENTO DOS ALEVINOS E VOLUME DE ZOOPLANCTON ROS QUATRO TRATAMENTOS INVESTIGADOS.


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