Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Especialistas do Brasil e da Colômbia trocam conhecimentos em Agroecologia a partir do enfoque da pesquisa e da academia

No âmbito do projeto de cooperação sul-sul trilateral Semeando Capacidades, mais de 50 pessoas, entre representantes dos governos da Colômbia e do Brasil, pesquisadores, academia e organizações da sociedade civil se reuniram em uma oficina virtual.

Foto: Palova Brito/FAO

Brasília, 22 de junho de 2020 - Para identificar os principais antecedentes do Brasil e da Colômbia em relação ao desenvolvimento da pesquisa em Agroecologia, o projeto Semeado Capacidades, em execução na Colômbia, realizou sua primeira oficina virtual para promover uma troca de conhecimentos entre os dois países para a construção de diretrizes de pesquisa no âmbito do projeto. 

O encontro virtual contou com a presença de mais de 50 pessoas, entre representantes dos governos da Colômbia e do Brasil, pesquisadores, academia e organizações da sociedade civil. Os participantes definiram como próximos passos a realização de duas oficinas virtuais para a construção de diretrizes de pesquisa em Agroecologia e um levantamento virtual para identificar as principais linhas de trabalho, especialidades e linhas de pesquisa para diretrizes de pesquisa em Agroecologia. 

O coordenador regional do projeto, Ronaldo Ferraz, explicou que a iniciativa integra as ações do projeto regional América Latina e Caribe sem Fome, do Programa de Cooperação Brasil-FAO, com aporte financeiro e assistência técnica do governo do Brasil, representado pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e do governo da Colômbia, por meio do Ministério do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR). 

Olhar da pesquisa

Os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fernando Curado, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, e Paola Bianchini, da Embrapa Semiárido, apresentaram o tema da pesquisa brasileira em Agroecologia. Fernando Curado comentou que a agroecologia vem se construindo sob um novo paradigma no meio rural, enfocando alguns aspectos como a valorização do conhecimento local em sua dimensão social, política, ambiental e cultural, e sua integração com o conhecimento científico; o diálogo com as comunidades tradicionais e o resgate de seus conhecimentos endógenos; e participação social, entre outros. Por sua vez, Paola Bianchini, destacou a importância de estudar e aprofundar o conceito de território para compreender a dinâmica da produção agroecológica. 

Em nome da Colômbia, Sara Campos, em representação do MADR, apresentou o Plano Estratégico de Ciência, Tecnologia e Inovação do Setor Agropecuário (PECTIA) 2017-2027, destacando o objetivo 3 do plano, que visa promover o desenvolvimento produtivo ambientalmente sistemas sustentáveis. Fabian Martínez, da Corporação Colombiana de Pesquisa Agropecuária (Agrosavia), apresentou um breve marco conceitual sobre Agroecologia, passando pelos princípios e abordagens, destacando elementos de sustentabilidade ambiental, conservação socioecológica da biodiversidade e produtividade ecológica. 

Olhar da academia

A professora da Universidade de Brasília (UnB), Brasil, Flaviane Canavessi, destacou em sua apresentação a conformação e desenvolvimento dos núcleos de Agroecologia, ressaltando elementos como: a articulação de organizações sociais, docentes e pesquisadores, como base para a formação destes; a abordagem multidimensional e interdisciplinar entre ensino, pesquisa e extensão; a implementação de metodologias participativas e diálogos de conhecimento; entre outros. Segundo a professora, os núcleos de Agroecologia têm sido um cenário fundamental para a articulação e dinamização dos processos agroecológicos e têm contribuído significativamente para a construção de políticas públicas. 

Por sua vez, o professor Álvaro Acevedo, da Rede de Instituições de Ensino Superior com Programas de Agroecologia na Colômbia (Rede IESAC), apresentou os principais desafios da Agroecologia na perspectiva da pesquisa, destacando: o reconhecimento das experiências agroecológicas existentes; gestão do conhecimento agroecológico; a escala da fazenda ao território; a construção da soberania alimentar com base na agroecologia; e políticas públicas para a Agroecologia na Colômbia. Da mesma forma, Álvaro Acevedo destacou os três eixos das diretrizes das políticas públicas para a Agricultura Camponesa, Familiar e Comunitária (ACFC), que são insumos importantes para a construção de diretrizes de pesquisa em Agroecologia: sistemas de produção sustentáveis, circuitos curtos de comercialização e mercado social. 

Articulação com políticas públicas

O coordenador executivo da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Paulo Petersen, afirmou que as diretrizes e a agenda da pesquisa devem estar articuladas às políticas públicas intersetoriais, que promovam a 'reterritorialização' dos processos agroalimentares e agroecológicos no diálogo entre os diversos atores. Paulo Petersen destacou a importância de reconhecer outras formas de construção do conhecimento das comunidades e do próprio conhecimento, com novas formas de economia e governança, bem como reconhecer o papel das universidades e da pesquisa, como articuladoras e facilitadoras de processos. 

Semeando Capacidades

O projeto Semeando Capacidades, iniciado em janeiro de 2020 no âmbito da Cooperação Internacional Brasil-FAO, visa promover a rentabilidade e a sustentabilidade do campo colombiano, sendo um importante instrumento de apoio para que a agricultura do país cumpra seu papel de contribuir para a economia, a transformação social e política. As diretrizes de pesquisa em Agroecologia no âmbito do projeto incluem: extensão agrícola, Agroecologia, mercados diferenciados e sistemas de informação.