Bogotá, 20 de agosto de 2020 - O projeto de cooperação Sul-Sul trilateral Semeando Capacidades realizou a segunda oficina virtual de intercâmbio de conhecimentos entre Brasil e Colômbia para a construção de diretrizes de pesquisa em agroecologia. 

A iniciativa Semeando Capacidades, executada na Colômbia, integra as ações do projeto regional América Latina e Caribe sem Fome 2025, do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, e é realizada em conjunto pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério da Relações Exteriores (ABC/MRE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Colômbia (MADR). Para esta oficina participaram representantes dos governos dos dois países, pesquisadores, universidade e sociedade civil. 

Camilo Ardila Galvis, coordenador do projeto Semeando Capacidades, abriu o encontro explicando que esta oficina faz parte de uma série de três encontros virtuais que buscam identificar subsídios para a construção de diretrizes de pesquisa em agroecologia nos dois países. A primeira reunião foi realizada em junho. “Um desafio fundamental é a construção de diretrizes conjuntas em dois países que tiveram processos distintos no que diz respeito ao desenvolvimento de pesquisas para a agroecologia”, disse. 

Contribuições para o debate: Brasil e Colômbia

O professor do Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural da Universidade de Brasília/Brasil, Mário Ávila, e a profissional especializada em agroecologia da FAO Colômbia, Catherine Rivera, apresentaram os insumos introdutórios ao debate com os participantes. 

Mário Ávila apresentou diretrizes de pesquisa no Brasil, destacando debates relevantes entre a agroecologia e alguns temas como território, meio ambiente, sociedade, recursos humanos e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Segundo o professor da Universidade de Brasília, as conexões entre consumo e produção são importantes e devem ser consideradas: “Hoje temos movimentos muito fortes, principalmente de consumidores nas principais capitais brasileiras questionando os modelos de produção, mas ainda não são suficientes para poder gerar uma agenda de pesquisa em agroecologia no país ”, e, acrescentou: “Precisamos promover a agenda de discussão urbana nas universidades e na pesquisa”. 

Por sua vez, a especialista da FAO Colômbia apresentou alguns insumos identificados naquele país para reflexão e análise sobre a pesquisa agroecológica. “Identificamos dois objetivos no marco do projeto Semeando Capacidades: o primeiro, a construção de diretrizes conjuntas entre a Colômbia e o Brasil; a segunda, a construção de uma agenda de pesquisa, desenvolvimento e inovação em agroecologia para a Colômbia ”, comentou Catherine Rivera, que também destacou a importância da troca de experiências com o Brasil. A especialista destacou a relevância da agroecologia e sua abordagem, que não está focada apenas nos sistemas de produção, mas em múltiplas abordagens como ambiental, política, ética, cultural, social, entre outras. “É importante entender a agroecologia não como ponto de partida, nem como ponto de chegada, mas como processo de transição”. 

Discussões em grupo

Os participantes da oficina virtual se reuniram em grupos para debater a proposta das linhas de pesquisa. Por parte do Brasil, alguns temas foram destacados como educação em agroecologia, Assistência Técnica e Extensão, tecnologias sociais (como convivência com o semiárido), políticas públicas, desenvolvimento rural sustentável, mercados diferenciados, entre outros. O grupo da Colômbia, por sua vez, destacou temas como a construção de redes e conhecimentos, a valorização do campesinato colombiano, a agroecologia como construção da paz e da justiça social, a criação de sistemas de informação em plataformas democráticas e livres, a gestão de sistemas produtivos, entre outros. Outras questões como os sistemas agroalimentares com enfoque agroecológico e a importância do enfoque territorial na pesquisa agroecológica também foram apontados. 

Semeando Capacidades

O projeto Semeando Capacidades, iniciado em novembro de 2019 no âmbito da Cooperação Internacional Brasil-FAO, visa fortalecer políticas e instrumentos que promovam a rentabilidade e sustentabilidade do campo colombiano, sendo um instrumento importante de apoio para que a agricultura do país possa cumprir com o seu papel de contribuir para a transformação econômica, social e política.