Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Pandemia não impede importação de algodão pima peruano

Pequenos produtores de Piura associados à cooperativa COSTACH enviam 21 toneladas para a Tailândia.

Lima, 9 de setembro de 2020 - Os pequenos produtores de algodao que integram a Cooperativa Agraria de Serviços Múltiplos “Tallán - Chusís” (COSTACH), da região de Piura, no Peru, conseguiram superar as dificuldades causadas pela pandemia COVID-19. A Cooperativa concluiu a exportação de um lote de algodão pima peruano, com 90 fardos, cerca de 21 toneladas, que agora percorrerá quase 20 mil quilômetros até seu destino final na Tailândia. 

A região de Piura se destaca pela produção de linhagens de algodão pima peruano e pela agricultura familiar, que utiliza técnicas passadas de geração a geração. Atualmente, COSTACH é a única cooperativa ativa que comercializa e exporta algodão no Peru. 

A produção dessas 21 T envolveu cerca de 250 famílias de pequenos produtores de Piura, que continuaram trabalhando no campo e produzindo o algodão pima, reconhecido mundialmente por sua qualidade, muito superior a outros algodões, principalmente pelo comprimento e espessura fina de sua fibra. Por ser colhida manualmente, as famílias agricultoras garantem uma fibra de melhor qualidade para sua limpeza. 

Este despacho para o exterior foi o segundo da cooperativa durante o período de emergência da COVID-19. O primeiro cruzou o continente sul-americano com destino à Alemanha em junho deste ano, levando também 90 fardos, o equivalente a cerca de 21 toneladas, mesmo peso do embarque enviado para a Ásia. 

A COSTACH é uma aliada estratégica para o relançamento do algodão peruano e reformulou seu plano de negócios, com o apoio do projeto + Algodão Peru, iniciativa de cooperação sul-sul trilateral executada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e Ministério da Agricultura e Irrigação (Minagri) do Peru. Além disso, a Cooperativa também foi capacitada pela Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) e seus técnicos foram capacitados no uso de técnicas participativas de aprimoramento da assistência técnica e extensão rural que prestam aos seus associados. 

Segundo José Ricardo Yarlequé, Gerente Geral da COSTACH, a pandemia 'atingiu duramente' os produtores de algodão, no entanto, ele observou: “Apesar disso, nossa cooperativa conseguiu fazer dois carregamentos de algodão pima peruano para a Alemanha e a Tailândia. Continuamos trabalhando em benefício de nossos associados”. 

A cooperativa enfrentou recentemente a morte de seu gerente e líder fundador, Cesar Zapata, vítima do COVID 19; bem como outros momentos difíceis do passado, como o fenômeno El Niño e o fenômeno El Niño Costeiro, em 2016 e 2017, respectivamente; e preços baixos devido à guerra comercial entre Estados Unidos e China, no final de 2018. 

“O embarque de dois carregamentos de algodão da COSTACH em meio a uma pandemia atesta a resiliência dos produtores de algodão. Apoiar esses tipos de iniciativas com políticas públicas adequadas será essencial para a reativação econômica durante e após a pandemia”, disse Enrique Román, Oficial responsável pela representação da FAO no Peru. 

A coordenadora regional do projeto +Algodão, Adriana Gregolin, destacou que esta continuidade do trabalho dos agricultores familiares da COSTACH é muito importante para que o setor algodoeiro continue produzindo e, além da comercialização interna, também consegue cruzar as 'fronteiras' do país, especialmente do Peru, país cuja produção tem cinco mil anos. Adriana acrescentou que o projeto continua a apoiar a cooperativa na questão dos mercados e da gestão empresarial, “reforçando o empenho desta cooperação há alguns anos no país”.