FAO in Mozambique

Pequenos produtores afectados pela seca prolongada produzem frangos em Maputo e Gaza

225 famílias serão beneficiadas
05/01/2018

Em Moçambique, cerca de 80% da população sobrevive à base da agricultura, sendo a criação de frangos uma actividade complementar. A maior parte das pessoas afectadas por situações de emergência conta com a agricultura para sua subsistência. Na maioria, são agricultores, pastores, silvicultores e pescadores que, em tempos de crise, muitas vezes perdem a sua produção.

Perante este cenário, a avicultura tem sido uma actividade em ascensão, passando a ser um dos segmentos da agro-pecuária que mais contribui para a promoção da segurança alimentar, geração de renda e para o crescimento económico do país.
A experiência da FAO nas áreas de agricultura e pecuária tem sido crucial para ajudar estas famílias e foi através do programa de emergência da FAO que pequenos produtores beneficiaram de uma formação em técnicas de criação e produção de frangos.

225 famílias serão abrangidas pelo programa

Através deste programa, produtores dos distritos de Moamba, Magude, Mabalane, Massingir e Guijá beneficiaram de uma formação em criação de frangos orientada por especialistas da FAO.
Para a implementação desta actividade, os beneficiários receberam material de construção para 3 aviários com direito a 1500 pintos para cada um, beneficiando cerca de 225 famílias abrangidas por este projecto.
Durante a formação, foram abordados diversos aspectos de criação de frangos desde instalações (como construir aviários), programas de vacinação dos pintos, principais doenças e seu tratamento, biossegurança e também como fazer a gestão do negócio do aviário.

O programa chegou a quem nunca pensou em criar frangos

No distrito de Guijá, na província de Gaza, a população que tinha apenas a agricultura como meio de subsistência ganhou um novo aprendizado.
Rosa Júlio Ncome é viúva e mãe de 3 menores de idade e faz parte de um grupo de 20 membros de uma nova associação, a qual deram o nome de "Graças a Deus". A associação recebeu um aviário e cerca de 1500 pintos para iniciar uma nova forma de auto-sustento na sua comunidade.
Depois de ter participado da formação, Rosa e o seu grupo colocaram em prática os conhecimentos adquiridos e conseguiram terminar o ciclo de criação. Ela explica que é a primeira vez que faz este negócio.
"Não sabia que podia fazer isto. Queremos dar continuidade. Assim como outras mulheres do grupo, sou viúva. Não temos maridos e não temos meios de subsistência para criar os nossos filhos", afirmou.
Rosa faz alguns trabalhos comunitários e ajuda na recolha de impostos no bairro. Depois de ter participado da formação, considera que já tem ferramentas para o seu auto-sustento na associação e que sonha um dia ter o seu próprio aviário.


"Valor acrescentado à actividade avícola"

Para o Director dos Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE) de Guijá, Acácio João Basso, "o programa está a trazer um impacto positivo e um valor acrescentado a actividade agrícola no distrito".
O distrito possui cerca de 22 avicultores que fazem parte de 6 associações que conseguem produzir até 10.000 frangos. Através do programa foram criadas mais 3 associações.
Durante a entrevista, o Director referiu que "uma das principais dificuldades apontadas pelos avicultores no distrito estava relacionada com o manuseamento dos animais e técnicas de criação, maneio sanitário e à alimentação mas, com a formação realizada pela FAO, estas questões ficaram esclarecidas".
Esta iniciativa da FAO conta com o apoio do Governo da Holanda e visa trabalhar para restaurar a produção local de alimentos, neste caso através da prática da avicultura.
Após a venda do primeiro lote distribuído pela FAO as associações irão dar continuidade à actividade através dos fundos adquiridos e poderão posteriormente adquirir aviários individuais para o aumento da renda familiar.
Só no último ano, em Moçambique foram produzidas cerca de 63 mil toneladas de carne de frango e esta actividade é vista como uma aposta do Governo no combate à insegurança alimentar.