FAO in Mozambique

FAO apoia segunda formação de técnicos em agricultura sintrópica

A FAO e o IIAM já estão a implementar campos de demonstração no Distrito de Tsangano, Província de Tete
19/05/2019

19 de Maio de 2019, Maputo (Maputo) – Técnicos do sector agrícola, estudantes e professores de agronomia, engenharia florestal e ambiental, pesquisadores e interessados em desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e recuperação de áreas degradadas participaram este fim de semana no segundo curso de agricultura sintrópica, acolhido pela Universidade Eduardo Mondlane, em colaboração com a plataforma Kosmoz, e com o apoio técnico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

No âmbito do projecto "Fortalecimento das capacidades dos produtores agrários para gerir o impacto das mudanças climáticas e aumentar a segurança alimentar através da abordagem da Escola na Machamba do Camponês", financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e implementado pela FAO, em apoio ao Governo de Moçambique, a FAO e o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) já estão a implementar campos de demonstração no Distrito de Tsangano, Província de Tete. "Com o aumento do número de técnicos formados" diz o Coordenador do projecto da FAO, Pedro Simpson Jr., "o desafio é massificar a adopção desta prática sustentável, já que a agricultura sintrópica ajuda a tornar a agricultura e os agricultores menos vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, o que, em Moçambique, é cada vez mais importante."

O modelo de agricultura sintrópica visa estabelecer áreas altamente produtivas em zonas outrora degradadas, oferecendo serviços ecossistémicos como a formação de solo, a regulação do micro-clima e o favorecimento do ciclo hidrológico.

Depois de o primeiro curso do género, realizado em 2017 como introdução a este modelo de agricultura e conduzido pelo seu criador, o suíço Ernst Götsch, esta segunda capacitação focou na gestão sustentável dos recursos naturais através da agricultura sintrópica e permacultura, sendo acompanhado de um seminário que cobriu as 4 dimensões da sustentabilidade – social, económica, ecológica e cultural – com temas como o fortalecimento das economias locais a partir dos princípios da sustentabilidade e negócios inclusivos e de impacto, entre outros.

Ivete Maluleque, do IIAM de Nampula, foi uma das participantes. A engenheira florestal também esteve presente no primeiro curso em 2017 e, desde então, tem vindo a acompanhar as tendências da agricultura sintrópica pela internet. "Há sempre novidades", afirma. "A agricultura sintrópica é uma técnica nova em Moçambique, então precisamos de aperfeiçoar cada vez mais as técnicas." Este curso direccionou-se sobretudo para o manejo do campo para a sua conservação de forma a aumentar a produção e a produtividade e a engenheira de 47 anos está convencida da importância deste modelo de agricultura sustentável para Moçambique: "O desenvolvimento das plantas é fantástico: uma vez que todos os produtos usados são naturais – não se usam produtos químicos – tudo está a favor da natureza."

Centrando-se em processos e não em insumos, a agricultura sintrópica é um dos modelos usados para promover a reciclagem natural dos nutrientes do solo, sequestrando o carbono e mitigando, portanto, os efeitos das mudanças climáticas. Este modelo é uma das medidas de adaptação às mudanças climáticas que a FAO está a promover em Moçambique, introduzindo tecnologias sustentáveis de produção agrária, rumo ao objectivo de fome zero até 2030.