FAO in Mozambique

FAO e PMA expõem (in)segurança alimentar na SADC

C. Camarada (FAO, esq.) e A. Baldé (PMA) falando a jornalistas em Maputo
19/09/2014

Na sexta-feira (19.09.), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Programa Mundial para a Alimentação (PMA) apresentaram os resultados do relatório sobre "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo" (SOFI, na sigla em inglês) e o que estes significam para a região da África Austral.

Juntamente com Abdoulaye Baldé, Director Nacional do PMA, o Representante da FAO Moçambique, Castro Camarada, falou em videoconferência com colegas da sede das duas agências em Roma, Itália, e dos escritórios do Gana, Zimbabué e Malawi bem como com jornalistas em Maputo e Harare.

De acordo com o relatório sobre a fome, lançado na terça-feira (16.09.), em Roma, pela FAO, pelo PMA e pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), regista-se, a nível global, um declínio na prevalência de subnutrição crónica. "Contudo", afirmou David Phiri, Coordenador da FAO para a sub-região da África Austral, "214 milhões de pessoas na África Subsaariana permanecem cronicamente desnutridas".

Compromissos políticos são fundamentais para o alcance de segurança alimentar

Países como Angola, África do Sul, Malawi e Maurícias já atingiram a meta 1c dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (MDG, na sigla em inglês), que visa reduzir para metade a proporção de pessoas afectadas pela fome.

Quanto a Moçambique, disse Castro Camarada na videoconferência, "o país dispõe de condições que poderão garantir um progresso contínuo em direcção à segurança alimentar". O atraso na sub-região, continuou Phiri, pode ser atribuído a factores como "conflito, desastres naturais e questões em torno da disponibilidade de alimentos".

Compromissos políticos ao mais alto nível, que tenham segurança alimentar e nutrição como prioridades, constituem um requisito fundamental para a erradicação da fome. Um desses compromissos, nomeadamente o de erradicar a fome no continente até 2025, foi já assumido pelos líderes africanos na Cimeira da União Africana em Malabo, Guiné-Equatorial.

(In)segurança alimentar em Moçambique

"Apesar dos progressos registados em Moçambique", afirmou Castro Camarada, "é preciso dar continuidade aos esforços conjuntos entre Governo e sociedade civil no sentido de diversificação alimentar, entre outras prioridades". O Director Nacional do PMA, Abdoulaye Baldé, alertou ainda para a necessidade de "proporcionar aos jovens empregos mais estáveis e atractivos fora do sector dos recursos naturais".

Moçambique já reconheceu a importância de alcançar segurança alimentar e nutricional: além de terem sido criadas instituições como o Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), o Governo também assumiu compromissos através do seu plano quinquenal e da segunda fase do Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA II). Particularmente o objectivo 1 de "aumentar a produtividade e a produção na agricultura e nas pescas" e o objectivo 3 que inclui "melhorar a nutrição de mulheres, crianças e outros grupos vulneráveis"" reflectem a vontade política neste sentido.

Desafios mantêm-se no país

Ao longo dos últimos anos, Moçambique registou avanços no que toca à prevalência de subnutrição e alimentação desadequada, passando de taxas de 41 e 49 por cento em 2000 para 27 e 35 por cento em 2014, respectivamente. Contudo, lembrou o Representante da FAO, "o país enfrenta o desafio da subnutrição crónica que, em 2014, ainda afecta 43 por cento das crianças com idades inferiores a cinco anos".