FAO in Portugal

Região do Barroso é declarada património agrícola mundial pela FAO

13/04/2018

O Grupo Consultivo Científico do Programa de Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial (em inglês, Globally Important Agricultural Heritage Systems – GIAHS) acaba de declarar o sistema agro-silvo-pastorial do Barroso património agrícola mundial. O Barroso é o primeiro a ser aprovado em Portugal e um dos primeiros a serem aprovados na Europa. A cerimónia da entrega do certificado acontecerá no dia 19 de abril em Roma.

O GIAHS, na sigla em inglês, é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para a promoção da consciencialização e do reconhecimento nacional e internacional dos sistemas de património agrícola, alertando para a importância de proteger os bens e serviços sociais, culturais, económicos e ambientais que estes fornecem aos agricultores familiares, aos povos indígenas e às comunidades locais, promovendo uma abordagem integrada que combina agricultura sustentável e desenvolvimento rural.

Com o apoio da FAO Portugal/CPLP e escritórios de representação da organização nos Estadosmembros da CPLP, governos e organizações da sociedade civil estão a desenvolver em vários países da CPLP processos nacionais de candidaturas para o Programa de Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial. Esta iniciativa regional aprovada pelo Conselho Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP é coordenada pelo Secretariado do Mecanismo de Facilitação da Participação da Sociedade Civil no referido Conselho.

A elaboração das candidaturas baseia-se em processos participativos que envolvem governos, universidades e representantes das comunidades locais. No caso da candidatura do Barroso, estiveram envolvidas a Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), a Direção Regional de Agricultura (DRA), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Universidade do Minho (UM).

O sistema agro-silvo-pastoril do Barroso

Barroso é uma região agrícola dominada pela produção pecuária e pelas culturas típicas das regiões montanhosas. Do ponto de vista cultural, os habitantes do Barroso desenvolveram e mantiveram formas de organização social, práticas e rituais que os diferenciam da maioria das populações do país em termos de hábitos, linguagem e valores. Isso resulta das condições endógenas e do isolamento geográfico, bem como dos limitados recursos naturais que os levaram a desenvolver métodos de exploração e uso consistentes com sua sustentabilidade.

O comunitarismo é um dos valores e costumes mais característico de Barroso, intimamente associado às práticas rurais de vida coletiva e à necessidade de adaptação ao meio ambiente.

A paisagem montanhosa está historicamente relacionada com os sistemas agrícolas tradicionais, em grande parte baseados na criação de gado e na produção de cereais. Isto deu origem a um mosaico de paisagem em que as pastagens antigas, as áreas de cultivo (campos de centeio e hortas), os bosques e as florestas estão interdependentes, e onde os animais constituem um elemento chave no fluxo de materiais entre os componentes do sistema.

Atualmente, tudo isso representa um recurso fundamental para promover o turismo rural e de natureza, que desempenham um papel cada vez mais importante nas atividades da região. O reconhecimento global da importância do sistema agrícola do Barroso pela FAO contribui também para fortalecer os agricultores familares locais e para valorizar os produtos endógenos.

 

Foto: Marco Fachada, ADRAT