Lisboa - A Ordem dos Nutricionistas realizou o seu primeiro Congresso nos dias 21 e 22 de novembro, no Centro Cultural de Belém, com o tema central «Um Compromisso para a Saúde». O primeiro dia de Congresso, contou com a realizou de cinco cursos em áreas como a Nutrição Clínica, a Segurança Alimentar e a Intervenção Comunitária onde foram debatidos temas como a empregabilidade, as especializações e as normas profissionais.

A sessão de abertura do segundo dia contou com a presença do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, que recordou, que todos os dias morrem cerca de 100 portugueses devido a doenças cardiovasculares, identificando a alteração dos comportamentos alimentares como uma estratégia eficaz que poderia evitar grande parte dessas mortes. Fernando Araújo referiu ainda a elaboração da primeira Estratégia Interministerial para a Promoção da Alimentação Saudável, uma estratégia que uniu todos os atores da sociedade em torno do objetivo da promoção de hábitos alimentares mais saudáveis e que contou com as recomendações da Ordem dos Nutricionistas. Ainda na sessão de abertura, Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, elogiou o trabalho feito pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, na área da alimentação e da nutrição e pediu um maior envolvimento e mais força política para que todos os portugueses tenham direito a uma alimentação adequada, sendo-lhes garantido este direito universal. Alexandra Bento defendeu ser "preciso criar uma cultura para a alimentação saudável", sendo uma prioridade a inclusão de mais nutricionistas nas escolas e no Serviço Nacional de Saúde, em particular nos centros de saúde.

O chefe do Escritório de Informação da FAO em Portugal e junto da CPLP, Francisco Sarmento, participou como moderador do painel sobre o Direito da Humanidade a uma Alimentação Adequada, que contou com a apresentação do Doutor Flávio Valente, da Rede Global para o Direito à Alimentação e à Nutrição da FIAN International. Flávio Valente lembrou que os Direitos Humanos, incluindo o Direito Humano a uma Alimentação e Nutrição Adequadas, são o resultado da luta dos povos contra a descriminação, a desigualdade e a opressão, garantindo não só a existência de uma regulação de possíveis abusos de poder de qualquer tipo, mas também que a orientação das políticas públicas seja com base na superação das desigualdades. Sublinhando a importância da alimentação como construção e afirmação de laços culturais e sociais, Flávio Valente abordou a alimentação e a nutrição como parte integrante da identidade cultural de um povo e como um dos direitos humanos mais fundamentais e reafirmou a importância do papel do nutricionista na elaboração e promoção de políticas públicas baseadas em Direitos.

Ao longo do dia foram ainda debatidas questões como as Doenças Crónicas não transmissíveis, a Sustentabilidade e Equidade na saúde e a relação entre o Sector Alimentar e a Nutrição.