FAO in Portugal

Alimentação e Segurança Alimentar debatidas no Algarve

15/12/2017

Lisboa – Realizou-se nos dias 13 e 14 de dezembro, em formato de conferência, palestras e oficinas, a 1ª edição da Universidade Pensar Global, Agir Local, subordinada ao tema "Alimentação: um retrato da População", organizada pela Associação In Loco em parceria com a Câmara de Loulé. O evento pretendeu convidar os participantes à reflexão sobre a alimentação dos tempos de hoje, desde aquilo que comemos, àquilo que desperdiçamos.

Durante o primeiro dia desta iniciativa, a equipa do Observatório de Segurança Alimentar do Algarve apresentou os resultados da primeira fase de um projeto-piloto que pretendia traçar um retrato das dificuldades que as famílias algarvias têm no acesso à alimentação, assim como avaliar o grau de adesão ao padrão alimentar da dieta mediterrânica. A primeira fase consistiu na aplicação de um inquérito de avaliação do estado da insegurança alimentar (INFOFAMILIA) e de um inquérito de avaliação da adesão ao padrão alimentar da Dieta Mediterrânica (PREDIMED), nos 16 municípios do Algarve. Das respostas obtidas, concluiu-se que 24,2% das famílias no Algarve apresentam um nível de insegurança alimentar ligeiro, existindo nos agregados familiares «uma preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro ou à qualidade adequada dos alimentos» e 26% manifestaram preocupação pelo facto de os alimentos em casa poderem acabar antes que tivessem dinheiro para comprar mais, o que aconteceu em 6% das famílias. Em 14% dos agregados houve a necessidade de consumir «apenas alguns alimentos que ainda tinham em casa, por terem ficado sem dinheiro». Relativamente ao padrão alimentar mediterrânico, o estudo permitiu concluir que existe um afastamento deste padrão alimentar por parte da população algarvia, sendo que apenas 24,7% revelou «boa adesão» ao mesmo.

O Chefe do Escritório de Informação da FAO em Portugal e junto da CPLP, Francisco Sarmento, esteve presente no dia 13 com uma palestra intitulada "O Estado da alimentação no Mundo: o que comemos". Durante a sua exposição fez referência à entrega, nesse mesmo dia, de uma proposta de Estatutos para a criação de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Territorial, ao Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, com o objetivo de uma maior coordenação entre sectores cuja ação impacta na questão da alimentação. Face aos últimos dados disponíveis que revelam que 10,1% das famílias em Portugal experimentaram insegurança alimentar e ao número crescente de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares que oneram o orçamento da Saúde, há uma convergência política quanto à necessidade da criação de um Conselho Nacional que priorize politicamente os temas relacionados com a segurança alimentar e nutricional dos portugueses. Francisco Sarmento concluiu a sua apresentação, enfatizando que as soluções para os desafios do sistema alimentar atual não passam por uma ação setorial de um Ministério apenas, mas de um arranjo institucional adequado ao contexto de cada País.