FAO in Portugal

FAO promove a 4ª edição da campanha "Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos"

12/03/2019

"Pensar em igualdade, construir de forma inteligente, inovar para a mudança" é o lema da quarta edição da campanha Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, que a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (FAOALC) lançou no passado dia 8 de março.

A desigualdade de género e a discriminação contra as mulheres é uma das causas estruturais da pobreza rural e um dos maiores desafios para os países da América Latina e do Caribe. Entre 2014 e 2016, a pobreza nas áreas rurais aumentou de 46,7% para 48,6%, enquanto a extrema pobreza rural aumentou de 20% para 22,5% na região, de acordo com estudos da FAO. Números atualizados para 2017 estimam que isso significa que 59 milhões de pessoas vivem na pobreza, enquanto 27 milhões vivem sob extrema pobreza nas áreas rurais da América Latina. Mas a pobreza rural afeta mais as mulheres do que os homens: entre 2007 e 2014, o índice de mulheres em situação de pobreza rural na região aumentou de 108,7 para 114. Por sua vez, o índice de mulheres em extrema pobreza aumentou de 113 para 114,9 no mesmo período.

Na urgência por mudanças, a FAO e os seus parceiros convidaram no Dia Internacional da Mulher, os governos, a sociedade civil, a academia e o setor privado a aderir à campanha "Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos". O objetivo é compartilhar informações e soluções inovadoras para tornar visíveis conquistas atuais e futuros desafios para reduzir a pobreza rural e promover a segurança alimentar e nutricional de mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes.

Além do trabalho remunerado, as mulheres estão encarregues da educação, prestação de cuidados e alimentação dos seus filhos e, muitas vezes, das pessoas idosas ou em situação de dependência. Além disso, muitas delas realizam trabalho comunitário para alcançar melhorias no seu ambiente, que equivalem até três dias úteis, deixando-as sem tempo livre e sem descanso.

Na área económica, as mulheres rurais têm menos acesso a recursos e serviços produtivos, como terra, água e recursos não produtivos, como crédito e formação. No caso das mulheres indígenas e afrodescendentes, as clivagens são ainda maiores.

A campanha "Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos" é um trabalho colaborativo que, durante 2019, vai identificar e disseminar experiências e conhecimento sobre o poder transformador das mulheres rurais, descendentes de indígenas e de africanos na América Latina e no Caribe e a sua contribuição para os desafios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ao mesmo tempo, continuará a apoiar a campanha global "Mulheres Indígenas: torne-as visíveis, capacite-as".

É crucial ter abordagens inovadoras que impactem a situação habitual, a fim de eliminar barreiras estruturais e garantir que nenhuma mulher e nenhuma menina sejam deixadas para trás. Se as tendências atuais forem mantidas, as intervenções existentes não serão suficientes para alcançar um planeta com igualdade e equidade até 2030.