FAO in Portugal

Dia Mundial da Alimentação celebra o tema “Agricultura familiar: alimentar o mundo, cuidar do planeta”

16/10/2014

Lisboa – Neste dia celebra-se o Dia Mundial da Alimentação. Esta comemoração, que teve início no ano de 1981 e que recorda também o aniversário da fundação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), é atualmente celebrada em mais de 150 países como uma importante data para sensibilizar a opinião pública sobre as questões da nutrição e da alimentação.

Agricultura familiar – um forte aliado na luta contra a fome

O ano de 2014 foi escolhido pelas Nações Unidas para celebrar o Ano Internacional da Agricultura Familiar, com o objetivo de reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado.

Existem no mundo cerca de 500 milhões de unidades agrícolas familiares. Das quais, 80% se encontram em países em desenvolvimento. Para essas unidades, e as pessoas nelas integradas, a agricultura é a única forma de subsistência e os resultados da sua produção são a sua tábua de salvação, a única forma de obterem sustento.

A agricultura familiar não só contribui consideravelmente para a segurança alimentar do mundo, como também protege a agro-biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais, preservando os alimentos e as dietas tracionais e impulsionando as economias locais, ajudando a combater a pobreza absoluta.

Uma das estatísticas mais chocantes estima que hoje em dia 70% das pessoas que passam fome no mundo são agricultores. É penoso perceber que produtores de alimentos passem fome, mais difícil ainda se considerarmos que estas pessoas, agricultores em regime familiar, contribuem em cerca de 70% para a disponibilidade de alimentos.

Novas estatísticas sobre a fome

O relatório da FAO sobre o Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI de 2014) mostra que um total de 805 milhões, ou seja, cerca de uma em cada nove pessoas no mundo, estima-se estarem a sofrer de fome crónica, não recebendo regularmente alimentos suficiente para conduzir uma vida ativa e próspera. Ainda assim, este valor é inferior aos 868 milhões reportados em 2010-12.

Mas as regiões em desenvolvimento registaram progressos significativos em direção à meta do Objetivo de Desenvolvimento do Milénio da fome (ODM 1). Se o declínio médio anual dos últimos 21 anos se mantiver até 2015, a prevalência de desnutrição vai chegar a um nível próximo do alvo estabelecido.

A importância do esforço redobrado no continente Africano e Sul da Ásia

Apesar do progresso em geral, diferenças marcantes entre as regiões persistem. A África Subsaariana continua a ser a região com maior índice de desnutrição, apenas alcançando modestos progressos nos últimos anos. A Ásia Ocidental, por sua vez, não mostra quaisquer progressos, enquanto no Sul da Ásia e a norte de África existe algum progresso, embora de lento. Houve uma redução significativa no número estimado e na prevalência de desnutrição na maioria dos países do leste e do sudeste da Ásia, bem como em toda a América Latina.

Um compromisso para o futuro

O compromisso de longo prazo para a segurança alimentar e nutricional requer a presença de vontade política, de uma abordagem integrada, da participação da sociedade civil e do reconhecimento do papel da agricultura familiar. É importante manter a segurança alimentar e a agricultura no topo da agenda para o desenvolvimento, através de reformas abrangentes, melhorias no clima de investimento, apoiadas por uma proteção social sustentada, para assim alcançar a grande redução da pobreza e da desnutrição.

É simultaneamente essencial prestar atenção às questões ligadas à sustentabilidade ambiental, social, bem como aumentar o empenho no combate ao desperdício alimentar.

CPLP solidifica a sua jornada na luta contra a Fome

Os dados recentemente publicados pela FAO evidenciam avanços significativos alcançados pelos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Refere que nos últimos 2 anos, o número de pessoas que passa fome na CPLP reduziu em cerca de 25%, de 28 milhões para menos de 22 milhões. Sendo o Brasil um dos países que mais avançou rumo à erradicação da fome. Dos cerca de 11% de desnutridos em 2000-02, o índice está hoje abaixo dos 5%. Angola reduziu em cerca de 70%, São Tomé e Príncipe em 52%, Moçambique 49,7%, em Cabo verde 40%, Timor Leste 36%. Guiné-Bissau foi, assim, o único país que regrediu, saindo das 200 mil pessoas afetadas em 1990 para cerca de 300 mil em 2012-2014. Tirando o caso da Guiné-Bissau que passou por situações extraordinárias de instabilidade política, os restantes estão a caminho de cumprir a meta do milénio de reduzir para metade a incidência da fome, tendo alguns já ultrapassado a meta.

Importa referir que os resultados positivos foram alcançados devido a esforços nacionais, particularmente através de políticas públicas de apoio à produção agroalimentar, e a programas de assistência social para o público mais vulnerável, ainda que exista um forte potencial para multiplicar esses resultados e seja possível caminhar a passos largos para um sucesso comum.