FAO in Portugal

Último Índice da FAO dos preços dos alimentos alerta para a subida dos preços dos cereais

15/02/2017

Lisboa - O Índice de preços dos alimentos da FAO (FAO Food Price Index) é um indicador da variabilidade mensal dos preços internacionais de um conjunto de produtos alimentares. O mesmo consiste na média dos índices dos preços de cinco grupos de produtos básicos (cereais, óleos vegetais, produtos lácteos, carne e açúcar), ponderada com as quotas médias de exportação de cada um dos grupos relativos a 2002-2004. Esta notícia evidencia as tendências evolutivas deste índice relativamente ao passado mês de janeiro.

Enquanto 2016 se destacou como o quinto ano consecutivo em que o índice dos preços dos alimentos se encontrava em declínio, janeiro sobressaiu pelo ser o sexto mês a registar um aumento consecutivo. Esta tendência foi liderada pelo preço do açúcar e cereais, apesar dos mercados globais se manterem estavelmente abastecidos. O valor registado em janeiro foi, em média 173.8%, o seu maior valor em quase 2 anos, marcando um aumento em 2.1 % desde a revisão do seu valor em dezembro e 16.4% acima do seu valor em janeiro do ano de 2016.

Quanto ao preço do açúcar, o Índice de janeiro revelou um aumento de 9.9%, impulsionado pelas expectativas de prolongada escassez no Brasil, Índia e Tailândia.

Já o Índice de preço dos cereais da FAO aumentou 3.4% desde dezembro, constituindo o ponto alto dos últimos 6 meses, com os valores do trigo, milho e arroz a subirem. Os mercados de trigo reagiram às condições climatéricas desfavoráveis que dificultaram as culturas desta estação e condicionaram as plantações nos Estados Unidos da América. Os preços do milho refletiram uma maior procura e perspetivas de produção incertas por toda a América do Sul. Os preços internacionais do arroz também subiram, em parte devido ao corrente programa de aquisição do produto da Índia, que contribui para a redução das quantidades disponíveis para exportação.

No que toca ao Índice relativo aos preços dos óleos vegetais, houve um aumento de 1.8%, essencialmente devido aos baixos níveis de stocks de óleo de palma juntamente com uma lenta recuperação da produção no Sudeste da Ásia. Os preços do óleo de soja, pelo contrário, atenuaram as expectativas de uma ampla disponibilidade global.

Por último, o Índice de preços dos produtos lácteos permaneceu inalterável desde dezembro, marcando um novo ponto de partida desde o aumento em 50% afixado entre maio e dezembro do ano passado. Tendência similar registou o Índice dos preços da carne, o qual permaneceu praticamente inalterável, sofrendo apenas um aumento nas quotas de mercado – resultado da recuperação de rebanho na Austrália – compensado pelos preços baixos na carne ovina e outras carnes.

O aumento dos preços dos alimentos tem graves repercussões na garantia da segurança alimentar e nutricional dos países e das suas populações, ameaçando com especial força a dimensão do acesso aos alimentos dos agregados familiares. Neste sentido, monitorizar as tendências dos preços dos alimentos apresenta-se como um instrumento essencial de auxílio à redução da vulnerabilidade das famílias à insegurança alimentar e seus riscos associados.

 

Foto: Agricultores inspecionam sementes na Serra Leoa (©Sebastian Liste/NOOR for FAO)