FAO en Sao Tomé-et-Principe

Caixas isotérmicas construídas localmente garantem mais segurança e qualidade de consumo do pescado aos são-tomenses

Protótipo de caixa isotérmica construído em São Tomé © FAO/ Denilson Costa

23/09/2019

23 de Setembro de 2019, São Tomé – O pescado é uma das principais fontes de proteína na alimentação humana, caracterizado por elevada digestibilidade e alto valor biológico, sendo um dos alimentos mais saudáveis do ponto de vista nutricional. Porém, a sua rápida deterioração representa uma desvantagem significativa. É neste sentido que a sua conservação pós-captura se reveste de extrema importância para a saúde humana.

Reconhecendo o elevado consumo de peixe por parte da população nacional e a necessidade de fornecer este alimento com a qualidade desejada, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) financiou o projeto “melhoria da comercialização de produtos haliêuticos no mercado de São Tomé”. No âmbito deste projeto foi assinado um procolo de acordo com a ONG MARAPA que, de entre outras responsabilidades, trabalhou junto das comunidades piscatórias no sentido de dar formações às palaiês (transformadoras e vendedoras de peixe) para que estas consigam fornecer ao mercado produtos com a qualidade e condições de venda e transporte apropriadas nas fileiras de peixe fresco, salgado e fumado/seco.

Em Junho de 2018, o referido projeto proporciou às palaiês de São Tomé e Príncipe uma visita de intercâmbio com colegas de profissão no Senegal. A partir dos protótipos observados no Senegal, e com o apoio da ONG MARAPA, foram construídas caixas isotérmicas para conservação e transporte melhorado de pescado. Segundo o responsável técnico principal do projeto, Lionel Kinadjan: “iremos fornecer a todas as comunidades piscatórias do país um modelo desta caixa isotérmica produzido localmente para que seja testado e nos sejam remetidos os inputs necessários à sua eventual melhoria”.

Na comunidade de Santa Catarina, a palaiê Joana da Silva nos confidenciou  que “uma mala térmica em São Tomé está a custar 2 mil dobras [moeda local] e nós não temos condições de as adquirir. Mas, com esta caixa isotérmica que a FAO nos forneceu vamos poder adquirir no futuro mais caixas a um preço reduzido”. Joana acrescentou ainda que “esta caixa isotérmica irá nos permitir conservar o nosso peixe, comprar gelo na cidade e trazê-lo conservado à comunidade, e mesmo os pescadores podem já levar a caixa com gelo para melhor conservar os peixes no mar”.

A garantia da segurança e qualidade do pescado são essenciais para a saúde pública e para o desenvolvimento socioeconómico do país

A segurança e a qualidade dos produtos alimentares são tópicos importantes da atualidade, o que é evidenciado pelo crescente número de leis que exigem a qualidade dos alimentos nas várias etapas da cadeia de produção. A qualidade dos produtos da pesca e aquicultura é, em grande parte, determinada pelo grau de frescura. Efetivamente, os produtos da pesca são muito perecíveis em comparação com outros de origem animal, devido não só às suas características intrínsecas, mas também ao habitat natural. Assim, a presença de elevada quantidade de água, o tipo de proteínas e o baixo teor de tecido conjuntivo, bem como a natureza, determinam a ocorrência de um conjunto de alterações que rapidamente contribuem para a desvalorização do pescado.

A condição de São Tomé e Príncipe como um país arquipelágico composto por duas ilhas, faz com que uma grande parte da população dependa dos bens e serviços da zona costeira. Uma atividade socioeconómica de grande importância é sem margens para dúvidas a pesca. Empregando de forma direta cerca de 4 mil pessoas (dentre elas, pescadores e palaiês) o subsector da pesca artesanal destaca-se pelo seu contributo para a luta contra a pobreza e a garantia da segurança alimentar e nutricional. Se levarmos em consideração que os agregados familiares da classe dos pescadores são numerosos (com uma média de 6 membros) podemos compreender a importância socioeconómica do sector em São Tomé e Príncipe.