Escritório Regional da FAO para a América Latina e o Caribe

FAO e Brasil impulsionam novo projeto regional para transformar os sistemas agroalimentares urbanos na América Latina

A iniciativa beneficiará Chile, Costa Rica, Colômbia, Cuba e Peru, com o objetivo de melhorar o acesso a alimentos saudáveis para as populações mais vulneráveis

©FAO/Melany Gonzales

12/05/2025, Lima

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o governo do Brasil, representado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), lançaram o projeto “Fortalecimento da Agenda Regional de Sistemas Alimentares para o Contínuo Urbano-Rural na América Latina e no Caribe”, no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. A cerimônia de lançamento do projeto foi realizada em Lima, Peru, durante o Fórum Internacional de Sistemas Agroalimentares Urbanos, que reuniu equipes nacionais e subnacionais de sete países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba e Peru. Cerca de 480 pessoas participaram presencial e virtualmente da transmissão de abertura do evento, que teve como objetivo criar um espaço de troca e cooperação entre os atores envolvidos na sustentabilidade e transformação dos sistemas alimentares no contínuo urbano-rural.

As ações dessa iniciativa de cooperação Sul-Sul serão desenvolvidas nos próximos dois anos no Chile, Costa Rica, Colômbia, Cuba e Peru, com o intuito de aprimorar políticas e programas que incentivem a produção, oferta, acesso e consumo sustentável de alimentos saudáveis em espaços urbanos, priorizando as populações vulneráveis e a equidade de gênero. O novo projeto é inspirado na agenda brasileira de revitalização das políticas de segurança alimentar e nutricional, especialmente na Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional nas Cidades, conduzida pelo MDS.

“Cerca de 81% da população vive em áreas urbanas, o que representa um desafio para o acesso a alimentos saudáveis, assim como para a inclusão de agricultores familiares nas cadeias de valor. Nesse sentido, transformar os sistemas agroalimentares é essencial para garantir o acesso equitativo a alimentos saudáveis. Para isso, são necessárias políticas integradas que conectem o campo e a cidade”, destacou João Intini, Oficial de Políticas e Sistemas Alimentares da FAO.

Lilian Rahal, secretária de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, ressaltou que viver em áreas urbanas é a realidade para 85% da população brasileira e, na maioria dos países do mundo, se ainda não for, provavelmente será em 2050. “Por isso, os sistemas alimentares urbanos precisam, com urgência, ser transformados para enfrentar os desafios interconectados das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e da poluição”, afirmou.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Irrigação (MIDAGRI) do Peru, Manuel Manero, esteve presente e comentou que “no Peru, avançar em direção a sistemas agroalimentares eficientes implica fortalecer tanto a produção privada quanto os programas sociais do Estado. Uma tarefa conjunta para garantir uma alimentação saudável e sustentável.”

Cooperação Sul-Sul: Experiências compartilhadas

Como parte das atividades no Peru, foi realizada uma visita técnica de campo com especialistas da FAO da Argentina, Costa Rica, Colômbia, Chile, Cuba e Peru, junto a representantes do governo do Brasil. Eles conheceram experiências que estão transformando os sistemas alimentares no distrito de Pachacámac, em benefício das populações vulneráveis e em um contexto de crescente urbanização do último vale verde de Lima.

Nesse contexto, visitou-se a “Olla Común Manos Milagrosas”, onde se utilizam hortaliças e aves criadas como insumos para a preparação de uma alimentação saudável, distribuída à população vulnerável da região. Outra experiência visitada foi a “Olla Común Villa Jesús”, onde uma loja solidária oferece frutas e verduras reaproveitadas a preços justos, além de contar com uma padaria comunitária. A terceira visita foi para conhecer a experiência agroecológica do “Fundo Casablanca”, que promove iniciativas de economia circular que protegem a biodiversidade, o ecossistema e o meio ambiente.