Iniciativa da FAO é destaque em seminário sobre compras públicas da alimentação escolar no Chile

Santiago, Chile – A Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) com o governo brasileiro, foi apresentada em seminário sobre compras em Santiago, no Chile, no dia 9 de dezembro de 2024. O objetivo da ação foi apresentar experiências relacionadas ao desenvolvimento de compras locais para alimentação escolar e outros temas relevantes para os programas de alimentação escolar no Chile e na América Latina e Caribe. O Chile é um dos 17 países da região que aderiram formalmente à Rede RAES em 2024.
Durante o evento, foi apresentado um resumo das ações implementadas pela Rede RAES, incluindo seus objetivos, diretrizes, princípios e boas práticas desenvolvidas ao longo de muitos anos, reforçando o compromisso dos países membros em garantir o direito humano à alimentação para todos os estudantes da região.
No seminário, destacou-se a importância da agricultura familiar e da pesca artesanal, ressaltando seu impacto positivo no fortalecimento dos programas de alimentação escolar. O evento possibilitou o intercâmbio de experiências entre países latino-americanos, como Peru e Costa Rica, cujos representantes enfatizaram a relevância de dinamizar as economias locais, mantendo os padrões de qualidade e valor nutricional da alimentação escolar.
Miriam Oliveira, assistente técnica regional do projeto de alimentação escolar da Cooperação Internacional Brasil-FAO, afirmou que “um dos compromissos da Rede RAES é promover o fortalecimento das compras da agricultura familiar para os programas de alimentação escolar, incentivando a oferta de alimentos frescos e saudáveis, além de fomentar o desenvolvimento social e a geração de renda para pequenos produtores”. “Também buscamos criar sinergias e espaços de diálogo entre gestores e técnicos, visando uma alimentação escolar contínua, universal e de qualidade para todos os estudantes dos países da região”, completou.
Por sua vez, o oficial de nutrição da FAO, Israel Ríos, apresentou desafios urgentes a serem enfrentados atualmente, como o fato de quase 11% das crianças menores de 5 anos apresentarem atraso no crescimento e o aumento progressivo da taxa de excesso de peso entre crianças em idade pré-escolar, que já supera 8%, um número superior à média global. Entre estudantes escolares, a prevalência de excesso de peso varia entre 20% e 40% nos países da região. “Os programas de alimentação escolar constituem uma ferramenta poderosa para combater a fome e a má nutrição. Por isso, é cada vez mais necessário avançar para uma política de alimentação escolar que fomente hábitos saudáveis e promova modelos sustentáveis”.
Esforços articulados
O diretor nacional do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário (INDAP) do Chile, Santiago Rojas, ressaltou que o programa de compras públicas tem representado um grande avanço para os produtores e produtoras atendidos pelo instituto. “Crescemos em relação ao ano passado, com o aumento das compras feitas pelos concessionários da Junta Nacional de Auxílio a Escolas e Bolsas (JUNAEB)de agricultores e agricultoras. Investimos em gestores comerciais, diversos tipos de crédito e outros instrumentos para fortalecer as compras públicas, garantindo que a produção da agricultura familiar camponesa e indígena chegue, ano após ano, a mais mesas de crianças e jovens”.
Reconhecendo a importância de articular esforços entre diferentes setores, a subsecretária de Pesca e Aquicultura do Chile, Rocío Parra, afirmou: “Precisamos de um sistema de governança alimentar que seja eficiente, coordenado e que promova a cooperação entre todos os atores envolvidos, pois cada elo da cadeia produtiva é essencial, desde a extração e produção até a comercialização e o consumo. Reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável do setor e acreditamos na importância de acordos e estratégias que proporcionem uma projeção de médio e longo prazo. Estamos convencidos de que trabalhar juntos por um sistema alimentar deve focar não apenas na alimentação de nossa população, mas também no respeito e proteção da biodiversidade e dos recursos naturais”.