Family Farming Knowledge Platform

Formas associativas na produção de alimentos

A experiência da regional toronjil - Rede de Agroecología de Uruguay

Esta investigação tem por objetivo compreender as posibilidades e os limites das organizações coletivas associadas à produção de alimentos a partir das relações de trabalho estabelecidas pelos agricultores familiares da região de Toronjil (rede de agroecología do Uruguai – RAU).

A análise das relações estabelecidas pelos Agricultores Familiares (AF) se pautou de acordo com as seguintes categorias: intencionalidade para se associarem; forma de aquisição da terra; tipo de força de trabalho; e a relação com o mercado de insumos, produtos e créditos.

A estratégia metodológica utilizada privilegiou a aproximação ao método Materialista Histórico-Dialético. Se optou por usar uma abordagem qualitativa. Foram utilizadas três técnicas de levantamento de dados: análise documental, observação participante (direta, livre e sistematizada) e entrevistas semiestruturadas. Foram objeto de análise duas experiências: a cooperativa “Calmañana”, integrada por mulheres (desde 1987) que produzem, industrializam e comercializam ervas aromáticas e medicinais, e o coletivo “Paso a paso”, integrado por pessoas que se juntaram desde 2010 para produzir e comercializar produtos hortifrutícolas, ervas aromáticas, medicinais e animais de granja. No desenvolvimento do trabalho, as experiências cooperativistas foram consideradas a partir de alguns questionamentos: de qual maneira o cooperativismo, dentro da região de Toronjil, contribui para o fortalecimento da AF? Quais são os limites e as possibilidades destes procesos cooperativistas? Quais relações de trabalho geram estes procesos?

Nas experiências de cooperativas analisadas, pode-se notar diversas estratégias que combinam forma de fazer e de transformar a realidade, visando a sobrevivencia dos agricultores familiares. Notou-se, ainda, que o vínculo com o mercado de insumos e o do dinheiro possibilita a diminuição de excedentes, assim como influencia em aspectos relacionados à força de trabalho, o que contribui para a resistência da agricultura familiar.

Verificou-se como o mercado de produtos convencionais condiciona as relações e favorece determinados interesses. Realidade esta que se vincula à escassez de canais alternativos e ao volume de produção da agricultura familiar.

Em relação à força de trabalho, trata-se de um espaço de disputa no que diz respeito a estas experiências, gerando rupturas com a lógica capitalista dominante. Se apresentam tensões permanentes com as posibilidades da organização coletiva entre sustentar a ruptura através do trabalho cooperativo e a compra e venda da força de trabalho para o empreendimento produtivo. Por fim, cabe ressaltar o fato de que estas experiências se relacionam ao modelo agroecológico de produção, o que implica a produção e circulação dos produtos de maneira coletiva, por meio de processos que geram rupturas mas que também permitem ensaiar outras relações entre as pessoas e a natureza, como estratégia para a sobrevivência da agricultura familiar.

:
:
:
:
:
:
Publisher: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil
:
:
:
Author: Maria Matilde Nauar Temponi
:
Organization: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil
Other organizations: Pós-Graduação em Agroecossistemas
Year: 2016
:
Country/ies: Uruguay
Geographical coverage: Latin America and the Caribbean
Type: Case study
Content language: Brazilian Portuguese
:

Share this page