FAO in Mozambique

Visita a actividades do PROMOVE Agribiz em Meconta reflecte forte cooperação do programa com Governo e comunidades rurais

30/03/2022

30 de Março de 2022, Meconta Sede (Nampula) – Amussi foi a Escola na Machamba do Camponês (EMC) escolhida como primeira paragem na visita de campo do Comité Técnico do PROMOVE Agribiz, em que os parceiros de implementação e financiamento apresentaram diversas actividades do programa no terreno.

O PROMOVE Agribiz é co-financiado pela União Europeia (UE), pelo Ministério Federal de Cooperação e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O programa é implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, pela FAO, pelo Grupo de Avaliação de Impacto (DIME) do Banco Mundial e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), em parceria com os Ministérios da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) e Indústria e Comércio (MIC), os governos provinciais e distritais de Nampula e da Zambézia, sector privado e sociedade civil.

A visita a Amussi enquadrou-se num evento de dois dias, em que os parceiros apresentaram os resultados intermédios do programa. Além do Comité Técnico – composto por directores nacionais e provinciais, assim como pelo Gabinete do Ordenador Nacional (GON) e pelo Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM) – estiveram presentes no evento representantes do governo aos níveis nacional, provincial e distrital, assim como do sector privado e da sociedade civil das áreas da agricultura, finanças e agroprocessamento.

No primeiro dia, que decorreu na Cidade de Nampula, o Governador da Província, Manuel Rodrigues Alberto, descreveu o PROMOVE Agribiz – que visa contribuir para a melhoria da segurança alimentar e a resiliência de pequenos produtores assim como para o aumento da competitividade rural nas províncias de Nampula e da Zambézia – como um "programa de grande importância para o desenvolvimento do sector agrário na região".

Consolidando a afirmação do Governador, o Coordenador do programa pela FAO, Dario Cipolla, referiu no mesmo evento que, "para que seja possível alcançar um desenvolvimento sustentável em Moçambique, é necessário que a grande maioria da população moçambicana – que está envolvida na agricultura – obtenha rendimentos de forma durável que a elevem acima da linha de pobreza". O objectivo do programa como contributo para o desenvolvimento de comunidades rurais das províncias de Nampula e da Zambézia, assim continuou Cipolla, é precisamente "a transição de uma agricultura de subsistência para uma agricultura de mercado".

Neste sentido, indicou a Coordenadora de Monitoria e Avaliação do PROMOVE Agribiz pelo FNDS, Isabel Mazive, contam-se, entre os resultados alcançados nos dois primeiros anos de implementação do programa, os "mais de 12.000 pequenos produtores que beneficiam directamente de serviços de extensão agrária e mais de 18.000 produtores e micro, pequenas e médias empresas [MPMEs] com acesso a serviços financeiros formais". Adicionalmente, Isabel Mazive mencionou que "aproximadamente 1.200 pequenos agricultores e MPMEs já foram integrados em cadeias de abastecimento de empresas locais maiores. Prevê-se que, até ao próximo ano, 11.000 pequenos agricultores/MPMEs sejam integrados através de diferentes parcerias."

Para a visita do Comité Técnico, realizada no segundo dia do evento, a EMC Amussi, situada no Povoado de Kurupula, Distrito de Meconta, que tem vindo a estudar a cultura do amendoim, foi estrategicamente dividida em 6 estações, por onde os visitantes foram guiados e receberam informações sobre as técnicas e práticas de agricultura de conservação que os membros da Escola têm vindo a estudar desde a criação da EMC em 2020 no âmbito do PROMOVE Agribiz: 1) parcela tradicional vs. parcela tecnológica, 2) Análise do Sistema Agroecológico (ASAE), 3) adubação, 4) variedades de sementes, 5) biol, o pesticida orgânico e repelente de insectos e, por fim, em preparação para a época fresca, 6) um viveiro de hortícolas.

Os insumos como sementes e adubo chegam aos agricultores beneficiários do PROMOVE Agribiz através do e-voucher, um cartão electrónico com o qual a FAO subsidia uma parte dos insumos disponíveis nos diferentes pacotes e o titular do cartão comparticipa com o restante valor, comprando os insumos directamente nas lojas dos agrodealers que participam no programa.

Adelino Nipuhe, membro da EMC, recebeu os visitantes na primeira estação, onde se aplicaram, na parcela tecnológica, práticas de agricultura de conservação com o objectivo de compará-las com os métodos locais na parcela vizinha: a parcela tradicional. Nipuhe mostrou-se convicto de que "os métodos da parcela tecnológica são muito úteis, porque o rendimento da cultura é mais elevado. Aqui aplicámos como adubo a ureia." O produtor de 57 anos disse ainda que, assim que chegar a altura do registo no e-voucher, vai aderir para comprar insumos e aplicá-los na sua machamba. "Vou aderir a 100%. E não sou só eu, somos todos os membros de Amussi, que aguardamos a chegada do e-voucher."

Também Afito Martinho, multiplicador de sementes de diferentes variedades melhoradas de milho, mapira, feijão nhemba e amendoim, apoiado pela FAO no âmbito do PROMOVE Agribiz, recebeu os visitantes no seu campo de demonstração, no Povoado de Vieira, Namialo. Lá, Martinho expõe culturas de variedades locais e outras de variedades melhoradas para que os produtores, seus clientes, possam avaliar qual a variedade que mais se adequa às condições das suas comunidades e que melhor cobre as suas necessidades.

Do campo de demonstração de Martinho, o grupo passou ainda pela Cooperativa Agrícola Moreno, Povoado de Netia, Monapo, e, já de volta à Cidade de Nampula, terminou na Miruku Agroindústria.

Numa reflexão sobre a visita, Daniel Gonzalez-Levassor, da Delegação da União Europeia em Moçambique, afirmou que "o que vimos hoje foi uma parceria muito forte com os serviços públicos, tanto provinciais como distritais, com o sector privado e com as comunidades que estão a aplicar as tecnologias divulgadas pelos parceiros" e continuou: "vemos que já estamos a ter um impacto muito bom para uma agricultura muito mais resiliente às mudanças climáticas e com uma produtividade mais alta que permitirá o acesso dos pequenos produtores aos mercados".