FAO in Mozambique

Director Nacional dos Serviços Agrários visita armazém de pesticidas obsoletos gerido pela FAO

Cerca de 320 toneladas de pesticidas encontram-se nos armazéns de Boane (foto) e Chimoio
29/06/2015

O Director Nacional dos Serviços Agrários de Moçambique, Mohamed Rafik Valá, visitou, esta segunda-feira (29.06.), o armazém de pesticidas obsoletos de Boane, na Província de Maputo, gerido actualmente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no âmbito de um projecto de eliminação de poluentes orgânicos   persistentes e pesticidas obsoletos no país.

No armazém de Boane estão concentrados todos os pesticidas obsoletos recolhidos nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, enquanto aqueles que foram recolhidos nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Manica e Tete se encontram num outro armazém em Chimoio, Manica. Ao todo, são cerca de 320 toneladas de pesticidas centralizadas nestes dois armazéns. Os pesticidas obsoletos da província de Sofala estão ainda por recolher e os que foram recolhidos em fases anteriores do projecto encontram-se num armazém na cidade da Beira.

A deslocação a Boane teve, assim, como objectivo verificar a actividade de reembalagem em curso no armazém local e acompanhar o avanço do projecto que está a ser implementado pela FAO, em parceria com o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar e o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural. A actividade de reembalagem está a ser lavada a cabo por técnicos moçambicanos formados pela FAO.

Durante a visita, o coordenador nacional do projecto, Khalid Cassam, da FAO, guiou os visitantes – oficiais do Governo e da FAO – pelo armazém, mostrando todo o procedimento que é levado a cabo neste armazém e as fases de tratamento dos pesticidas: desde a recepção dos mesmos, a arrumação temporária, a preparação do local de reembalagem e a fixação da zona de descontaminação bem como os diferentes processos de reembalagem (sólidos, líquidos e os diferentes tipos de tambores), pesagem, rotulagem temporária, registo e armazenamento e as operações levadas a cabo antes, durante e depois da reembalagem até à descontaminação de botas e luvas à saída.

Segundo Khalid Cassam, a visita do Director Nacional foi importante, uma vez que "mostra o empenho da DNSA na redução dos riscos causados por pesticidas, trazendo também alento ao pessoal do projecto. Os colegas constataram que a preocupação da eliminação deste lixo perigoso [pesticidas obsoletos] também abrange os nossos superiores hierárquicos".

Por seu lado, para o Director Nacional dos Serviços Agrários, "é importante que a população em geral seja sensibilizada quanto aos riscos dos pesticidas obsoletos". Os riscos, segundo o coordenador do projecto da FAO, Khalid Cassam, "podem ser para a saúde pública dos utilizadores dos pesticidas, que, ao usarem um produto obsoleto, que já sofreu transformações internas, poderão estar a fazer a aplicação sem a necessária protecção". De acordo com Cassam, os mesmos utilizadores poderão também estar a pôr em risco os consumidores, visto que, quando se aplica um pesticida obsoleto, "podem aplicar-se outros químicos que deixam altos teores de resíduos nos alimentos. Quando estes são consumidos, podem causar severos problemas para a saúde como cancro, mal formações, problemas neurológicos e outros". Além da saúde, também o ambiente corre riscos, continuou o coordenador do projecto, "pois poderemos estar a matar os organismos benéficos para a agricultura, a contaminar fontes de água (causando também aqui problemas de saúde pública) e podemos estar a contribuir para a degradação dos solos".

Daí que também seja necessário que a gestão dos pesticidas seja "integrada no programa do governo", afirmou Mohamed Valá. "Esperamos que, a partir de 2016, o procedimento com as empresas que importam pesticidas seja mais rígido", disse durante a visita o Director Nacional.

Já nos últimos anos, mais de 334 toneladas de pesticidas obsoletos foram eliminadas em Moçambique. Agora, este projecto financiado pelo Governo do Japão, pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e pelo Governo de Moçambique – e já outros no passado – visa eliminar os pesticidas obsoletos, melhorar a gestão dos pesticidas a nível nacional através da elaboração e actualização da legislação, criar capacidades locais de gestão e tratamento de embalagens vazias bem como remediar locais com solo contaminado por pesticidas e implementar um sistema de monitoria e avaliação do processo de eliminação destes no país. O objectivo é, assim, reduzir o risco para a saúde pública e o meio ambiente, provocado pela má gestão e o uso incorrecto dos pesticidas.