FAO in Mozambique

Parceiros escandinavos visitam projectos das agências da ONU na província de Gaza

"Os camponeses já têm mais acesso a alimentos", disse X. Tivane
28/11/2014

Terminou esta sexta-feira (28.11.) a visita de cinco dias de uma delegação dos representantes dos países escandinavos para as Organizações das Nações Unidas a Moçambique. O grupo, constituído por representantes dos cinco países escandinavos (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia) e das respectivas agências de cooperação e missões permanentes junto das Nações Unidas, realizou uma visita de campo ao país para avaliar, no terreno, a cooperação com as agências da ONU em Moçambique.

"Trata-se de uma missão muito importante para nós, Nações Unidas, porque reforça a parceria entre a ONU em Moçambique e os países escandinavos", afirmou a Coordenadora Residente da ONU no país, Jennifer Topping.

O programa, que envolveu visitas em Maputo e na província de Gaza, centrou-se em questões de género e empoderamento da mulher, saúde sexual e reprodutiva, segurança alimentar, segurança social, redução de riscos de desastres naturais e acções pós-desastre bem como direitos humanos.

Através de encontros com as autoridades moçambicanas na capital, Maputo – entre outros com o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Henrique Banze, e com responsáveis dos ministérios da Mulher e da Acção Social, da Juventude e Desporto e da Justiça – a missão pretendeu conferir o apoio da ONU ao desenvolvimento do sistema de segurança social em Moçambique bem como discutir as actividades e o futuro do Programa Geração Biz, uma iniciativa conjunta do Governo moçambicano e da ONU no âmbito da saúde sexual e reprodutiva, e adquirir uma visão geral da situação do mecanismo de Revisão Periódica Universal (UPR) na área dos direitos humanos no país.

Numa visita ao Hospital Polana Caniço, ainda em Maputo, o grupo teve também a oportunidade de acompanhar a prevenção e o tratamento de HIV e sida (com foco sobre a prevenção da transmissão vertical).

"É um privilégio aprender com os camponeses e partilhar o seu conhecimento"

Já na província de Gaza, o objectivo foi verificar a situação da cooperação entre as agências da ONU e os países escandinavos sobretudo na área da segurança alimentar e redução de riscos de desastres naturais. Para isso, a delegação visitou Guija, um distrito semi-árido de Gaza, que enfrenta regularmente desafios climáticos relacionados com eventos extremos. "Apesar de a época das chuvas ser relativamente curta, faz-se sentir com bastante força", disse o Administrador do distrito, Azarias Sonto, num encontro com o grupo. "Se temos segurança alimentar", acrescentou, "é porque a mulher assume a responsabilidade pelo trabalho no campo e, portanto, pela alimentação da família."

Segurança alimentar e nutricional tem sido uma prioridade do Governo de Moçambique, por um lado, e das agências da ONU, por outro, especialmente entre aquelas que trabalham nessa área: a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial para a Alimentação (PMA).

Em Gaza, a FAO, juntamente com o Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF), o PMA, a ONU Mulheres, a Cooperação Técnica da Bélgica e organizações não-governamentais belgas (FOS, DISOP) está a implementar um programa de segurança alimentar e nutricional de cinco anos com o objectivo de melhorar a segurança alimentar e nutricional de famílias vulneráveis em seis distritos, entre eles Guija, prestando apoio a diversas Escolas na Machamba do Camponês (EMC). Uma delas, a "Escola Reformada", que recebe assistência técnica da FAO em coordenação com os Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE), foi a seleccionada como ponto de partida da delegação na província.

Em 1,5 hectares, o grupo de agricultores desenvolve, desde Agosto, culturas de milho, hortícolas e feijão vulgar, testando, em áreas intercaladas, métodos de produção como adubagem, irrigação, uso de fertilizantes e controlo de pragas. Para Xavier Tivane, o Presidente da escola, o mecanismo das EMCs "traz muitos benefícios para os produtores locais, uma vez que são os próprios a testar e a acompanhar as culturas através de diferentes métodos". Respondendo a uma questão da Chefe da delegação, a finlandesa Johanna Karanko, quanto ao aumento da produtividade e dos rendimentos e, portanto, quanto à "eficácia do método da EMC", Tivane afirmou que, "embora a escola seja ainda recente, já se vêem resultados em termos de acesso aos alimentos". Dirigindo-se às mulheres camponesas da escola, a Coordenadora Residente da ONU em Moçambique, Jeniffer Topping, disse ser "um privilégio para a Organização poder aprender com os produtores locais, mas também partilhar esses conhecimentos com os parceiros escandinavos".

Programa reflectiu estratégia dos parceiros

Além da "EMC Reformada", a delegação visitou a Rádio Comunitária de Chokwe, que trabalha sobretudo na área de prevenção de desastres naturais, e um centro de deslocados das cheias de 2013 na cidade de Chokwe. Na capital provincial, Xai-Xai, o grupo visitou ainda um centro médico local para entender os processos de registo de crianças e tratamentos de desparasitação bem como os serviços de planeamento familiar nacionais. Já no final da visita, no distrito da Manhiça, a delegação visitou um gabinete de apoio a vítimas de violência, abuso, negligência e exploração.

O programa da missão dos parceiros escandinavos reflectiu as suas posição e estratégia em relação ao sistema da ONU em Moçambique, um dos países prioritários das suas relações em termos de cooperação.