Actividade pesqueira

A FAO subregional para a África Austral acolheu de 7 a 9 de Dezembro a Sétima Consultoria Técnica sobre o desenvolvimento e gestão da pesca e da aquacultura do Lago Kariba e Cahora Bassa em Songo, Província de Tete.

O evento contou com a participação de delegados do sector das pescas de Moçambique, Zâmbia e Zimbábue, que incluíram representantes das associações de pescadores artesanais e operadores de Kapenta dos três países. Participantes do Malawi também estiveram presentes como observadores.

Durante o evento de dois dias, a Directora Provincial do Mar, Águas Interiores e Pescas, Verusca Sumbane Macete, mencionou que "a partir de um plano anual de 40.036 toneladas de pesca semi-industrial, pesca artesanal e aquacultura, foram colhidas 30.000 toneladas, que correspondem a 74% da produção, um facto que nos permite investir em Tete para o desenvolvimento da actividade de pesca.

Macete também se referiu aos últimos fenômenos naturais registrados no país, que contribuíram negativamente para a diminuição da produção de peixe, como é o caso da seca, facto que não só reduz a produção em Cahora Bassa, como também reduz a quantidade de água na região.

O reservatório de Cahora Bassa é um dos principais da pesca e de aquacultura, duas actividades cruciais para a subsistência das comunidades locais. A pesca é uma actividade histórica importante para a segurança alimentar e renda para a pesca local, bem como para o emprego. Por outro lado, a aquacultura está na sua fase inicial e surge como alternativa às capturas selvagens que estão a diminuir ao longo do tempo atingindo os níveis que as actividades pesqueiras já não são sustentáveis.

Para aumentar a produção de peixe, a directora provincial disse que o governo de Moçambique definiu a aquacultura como uma prioridade na produção alimentar.

"Assim sendo, o governo decidiu internalizar a pesqueira Kapenta, abrindo espaço de mais de 50 embarcações, passando de 250 para 300, respectivamente", disse.

De acordo com o Oficial de Pescas da FAO, Aubrey Harris, "o objectivo desta consultoria é discutir as medidas de gestão que estes países têm em vigor para assegurar que a utilização destes recursos seja sustentável e contribua para a segurança alimentar e a redução da pobreza".

Como forma de permitir um rápido aumento da aquacultura no país, o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas através do Instituto de Investigação Pesqueira está a criar um Centro de Investigação Científica em Aquacultura (CEPAQ na província de Gaza), que será dedicado à produção genética, melhoramento de espécies nativas, formulação de alimentos de baixo custo e certificação dos alvinos importados e alimentação.

Os participantes apontaram como alguns desafios a superar para aumentar rapidamente a produção aquícola: a redução dos custos de produção da aquacultura na produção local de alimentos; Melhoria do acompanhamento ambiental das actividades aquícolas; Disseminação da estratégia e procedimentos para a prática da aquacultura no reservatório; e por fim o mapeamento de áreas potenciais para a actividade de aquacultura no reservatório.

O desenvolvimento da aquacultura na província de Tete é uma das prioridades do governo local para melhorar a produção alimentar e aumentar a renda das comunidades rurais. A província tem um elevado potencial de aquacultura em termos de recursos hídricos, terras e espécies de peixes nativos adequados à cultura. O reservatório de Cahora Bassa tem um potencial importante para a prática da aquacultura e actualmente existem três projectos de aquacultura comercial em execução no reservatório, nomeadamente Mozambeze, Piscicultura de Chicoa e Cahora Bassa Cat Fish. A produção anual média é de cerca de 9.3t.

De dois em dois anos, o escritório sub-regional da FAO em Harare organiza esta consultoria técnica sobre a gestão e o desenvolvimento da pesca e da aquacultura no Lago Kariba para ajudar regularmente os países membros a discutir a gestão da pesca e da aquacultura em águas partilhadas.