FAO anuncia a realização da sua Conferência Regional para a América Latina e o Caribe
Na América Latina e no Caribe, a fome está crescendo e a obesidade se tornou uma epidemia, as mudanças climáticas ameaçam a agricultura e milhões de habitantes rurais vivem em extrema pobreza. Estes são os grandes desafios que orientarão as discussões da próxima Conferência Regional da FAO.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) anunciou hoje que realizará sua 35ª Conferência Regional em Montego Bay, Jamaica, de 5 a 8 de março de 2018.
"A Conferência deste ano não poderia acontecer em um momento mais importante. Pela primeira vez em duas décadas, a fome cresceu na região, enquanto a obesidade e suas doenças associadas se tornaram a principal causa de morte em vários países. A hora de agir é agora ", explicou o Representante Regional da FAO, Julio Berdegué.
A Conferência é o mais alto órgão de governo da FAO em âmbito regional. Reúne os 33 países membros da FAO, que analisam o trabalho realizado pela organização e definem suas prioridades para os próximos dois anos.
A Conferência terá três temas centrais: erradicar a fome, o excesso de peso e a obesidade; acabar com a pobreza rural; e promover uma agricultura sustentável que seja resiliente às mudanças climáticas.
Parar o aumento da fome e da obesidade
“Mais de quarenta e dois milhões de pessoas dormem com fome todas as noites”, disse Berdegué, que lamentou o retrocesso que ocorreu na luta contra a fome na região.
"Até recentemente, o mundo olhava para a região para replicar nossas políticas contra a fome. Mas, nos últimos anos, vimos um aumento da fome. O que queremos discutir com os países é como colocamos nosso pé de volta no acelerador ", explicou.
O outro lado da má nutrição – a obesidade - é um problema que já afeta 96 milhões de pessoas.
Berdegué explicou que, de acordo com uma estimativa feita pelo Escritório Regional da FAO, em 26 países da região, as doenças associadas à obesidade são responsáveis por 300 mil mortes por ano, em comparação com as 166 mil pessoas mortas por assassinatos.
Acabar com a pobreza rural
Além do aumento da fome, nos últimos anos o ritmo da redução da pobreza rural caiu na região e, inclusive, foram vistos aumentos em alguns países. Mais de 40% dos habitantes rurais são pobres e mais de 20% não conseguem sequer comprar uma cesta básica de alimentos.
"Devemos prestar atenção nos territórios onde a pobreza rural é mais difícil e desenvolver novas ferramentas e políticas inovadoras de desenvolvimento rural para dar uma resposta urgente", explicou Berdegué.
A migração é outro tópico que estará no centro das discussões da Conferência: "Que as pessoas não precisem migrar por causa da pobreza, da insegurança ou de catástrofes climáticas; que aqueles que migrem sejam acolhidos em comunidades inclusivas e igualitárias; e que aqueles que retornem aos seus países de origem possam desenvolver todo o seu potencial. Esse é o nosso objetivo ", afirmou Berdegué.
Impulsar uma agricultura sustentável e resiliente às mudanças climáticas
De acordo com Berdegué, a região da América Latina e Caribe é o principal contribuinte de alimentos no mundo, o que o torna um jogador de importância planetária.
Mas a expansão agrícola da região também gerou grandes custos: poluição da água, degradação da terra, desmatamento, monoculturas e emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com a FAO, a região deve expandir sua produção de alimentos por meio de práticas sustentáveis, adaptando seus sistemas de produção às novas condições climáticas.
"O que aconteça com a agricultura nesta região afetará todo o mundo", concluiu Berdegué.
35 ª Conferência Regional da FAO para a América Latina e o Caribe
Quando: 5 a 8 de março de 2018 Onde: Montego Bay Convention Centre, Rose Hall, Montego Bay, Jamaica Quem: Primeiro Ministro de Jamaica, Andrew Holness Ministros da Agricultura, Desenvolvimento Social, Educação, Saúde e Meio Ambiente Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva Representante Regional da FAO, Julio Berdegué Secretária da Conferência Regional y Rep. Regional Adjunta FAO, Eve Crowley
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