FAO no Brasil

FAO pede colaboração e inovação na América Latina e no Caribe

19/10/2020

A Conferência Regional começou virtualmente com foco nas respostas à COVID-19, forte apoio político e alta participação dos Estados membros

Manágua / Santiago / Roma - A 36ª reunião da Conferência Regional da FAO para a América Latina e o Caribe, organizada virtualmente pelo Governo da Nicarágua, começou hoje com os Estados membros trocando experiências, estratégias e ideias sobre a luta contra a pandemia de COVID-19, enquanto o diretor-geral da FAO, QU Dongyu, enfatizou a importância de fortalecer a colaboração e a inovação, em particular para apoiar as pessoas mais vulneráveis, altamente afetadas pela pandemia.

O diretor-geral elogiou a resposta eficiente que a região tem mostrado até agora para manter as cadeias de abastecimento de alimentos funcionando em meio aos impactos da pandemia.

“Tenho visto seus países adotarem um lema nesta pandemia: A agricultura não vai parar!”, disse Qu. “Presto homenagem aos milhões de agricultores, empresários, processadores de alimentos, trabalhadores e comerciantes que garantiram que todos os dias os alimentos estariam disponíveis em todas as cidades, vilas e aldeias, desde Rio Bravo à Patagônia”, acrescentou.

Qu observou que, no entanto, os países da América Latina e do Caribe devem fortalecer seus esforços à medida que a COVID-19 continua seus ataques, afetando principalmente às pessoas mais pobres e vulneráveis. “Mais de 34 milhões de empregos foram perdidos nesta região, e a ONU projeta que até 28 milhões de pessoas podem cair na pobreza extrema, o que significa uma alta probabilidade de sofrer também de insegurança alimentar severa”, disse ele.

Neste contexto, Qu destacou que a FAO tem estado na vanguarda ao abordar os desafios colocados pela pandemia através do programa abrangente de resposta e recuperação à COVID-19, que visa prevenir uma emergência alimentar global, enquanto fortalece a resiliência e inclusão de sistemas alimentares e meios de subsistência. "O programa permite que os doadores aproveitem o poder de convocação da FAO, os dados em tempo real, os sistemas de alerta precoce e nossa experiência técnica para direcionar o apoio onde e quando for mais necessário", disse ele.

O diretor-geral também se referiu à Iniciativa Mão à Mão como uma nova abordagem e plataforma para promover uma maior colaboração entre autoridades nacionais e locais, setor privado, cientistas, sociedade civil, ONGs e muitos outros.

“É um novo modelo de negócio colaborativo, usando um amplo espectro de parcerias e aproveitando os dados e a capacidade técnica da FAO para determinar as melhores opções para alcançar os mais vulneráveis ​​e ter o maior impacto sobre a pobreza e a fome, explicou Qu.

Qu observou que a região é um pilar da segurança alimentar global, abrangendo uma grande parte da biodiversidade, florestas, água e solos produtivos do mundo, e foi pioneira em políticas importantes para erradicar a pobreza e alcançar a fome zero.

Para liberar todo o potencial da região em termos de agricultura e alimentos, o diretor-geral instou os Estados membros a promover a inovação e as tecnologias digitais; criar novas oportunidades para a população rural, aproveitar as novas demandas dos consumidores urbanos; e expandir o comércio e o acesso aos mercados para agricultores e empresários agroalimentares, por meio de regras multilaterais justas e baseadas na ciência.

O diretor-geral da FAO também destacou que a Organização está fazendo mudanças profundas para enfrentar os desafios globais da alimentação e da agricultura. Como exemplo, ele mencionou o estabelecimento de um escritório dedicado aos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID), países menos desenvolvidos e países em desenvolvimento sem litoral, observando que 18 dos 33 países da região pertencem a um ou mais dos grupos acima mencionados. Qu também falou sobre o novo Escritório de Inovação da FAO e o Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente.

Uma Conferência Regional histórica

A primeira Conferência Regional virtual para a América Latina e o Caribe começou com um nível sem precedentes de participação e apoio político. Mais de 50 ministros estão inscritos para participar –incluindo todos os ministros da Agricultura da região–, 40 vice-ministros e 360 ​​outros delegados, além de observadores da sociedade civil, do setor privado, do mundo científico e acadêmico, das Frentes Parlamentares contra a Fome e 37 organizações irmãs do sistema das Nações Unidas e do sistema interamericano.

Denis Moncada, Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, país anfitrião, falou em nome do Presidente Daniel Ortega e expressou a esperança de que as economias e o setor agrícola da região se recuperem rapidamente após o impacto da pandemia. O Presidente da Conferência e Ministro da Agricultura da Nicarágua, Edward Centeno, destacou o papel fundamental que a Conferência Regional desempenha nos esforços da região em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Entre os participantes de alto nível no primeiro dia da Conferência, o Primeiro Ministro do Haiti, Joseph Jouthe, elogiou a assistência da FAO no apoio às políticas de segurança alimentar e nutricional do Haiti e seu plano de adaptação às mudanças climáticas.

A primeira-dama da Colômbia, María Juliana Ruiz, enfatizou a necessidade de impulsionar a inovação e a tecnologia para melhorar a nutrição em toda a região, garantindo a proteção de ecossistemas regionais inestimáveis.

O vice-presidente de El Salvador, Félix Ulloa, destacou a Iniciativa Mão à Mão da FAO como uma resposta proativa à pandemia e observou que o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, apresentou um plano ambicioso para reativar o setor agrícola e impulsionar o Crescimento Azul com o apoio da FAO.

Em sua intervenção, Khalid Mehboob, presidente independente do Conselho da FAO, destacou que a América Latina e o Caribe foi a primeira região a se comprometer a erradicar completamente a fome até 2025, e que oito dos Estados membros da FAO a erradicaram com sucesso por completo. No entanto, ele também observou que a região tem visto um aumento da fome nos últimos anos, com um aumento de 9 milhões no número de pessoas subnutridas entre 2015 e 2019.

Por sua vez, o representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Julio Berdegué, advertiu que: “A agricultura deve ser sustentável ou não terá futuro”. A FAO, observou ele, se esforçará para apoiar os países da região a tornar a agricultura mais sustentável e resiliente, reduzindo sua pegada ambiental e as emissões de gases de efeito estufa. “Essa mudança será um impulsionador de inovação, novos investimentos e novos e melhores empregos”, disse ele.

Sobre a Conferência Regional da FAO

Membros da FAO na América Latina e no Caribe se reúnem a cada dois anos para discutir questões de interesse comum, definir prioridades e orientar o trabalho da FAO em apoio à alimentação e à agricultura na região.