FAO no Brasil

Conferência debate governança do solo em Brasília

25/03/2015

Evento reúne autoridades governamentais, pesquisadores, organizações da sociedade civil e especialistas internacionais

Brasília - Começou hoje em Brasília e segue até sexta-feira a Conferência Governança do Solo. O evento é organizado pelo Tribunal de Contas da União do Brasil em parceira com diversas instituições, entre elas, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Ministério do Meio Ambiente e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Durante a solenidade de abertura da Conferência, o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic disse que hoje a conservação do solo é uma preocupação global e por isso a Organização das Nações Unidas decidiu dedicar o ano de 2015 para o debate desse tema. "Precisamos refletir sobre a situação dos solos. Sem dúvida, sem uma boa conservação do solo não há como erradicar a fome, já que dele dependemos para garantir a produção de alimentos".

O representante também ressaltou o trabalho desempenhado pelo Brasil para evitar a degradação do solo. "O mundo sempre está de olho nas boas práticas de conservação que o país tem adotado. O plantio direto é um excelente exemplo de iniciativa".

O presidente do TCU, Arnoldo Cedraz, afirmou que o Ano Internacional dos Solos vai permitir que o país avance no debate e ainda mais busca por medidas que garantam a preservação desse recurso natural. Salientou também que a partir das discussões da Conferência, o Tribunal poderá emitir recomendações para que o Brasil aprimore as políticas de governo e implemente uma agenda sustentável de boas praticas no sentido de preservar os solos. "O solo é um recurso fundamental para a vida", disse.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira citou que o Brasil deve lutar para ter uma agricultura 100% de baixo carbono. Atualmente o país conta com o Programa ABC, uma iniciativa que prevê a capacitação e destina incentivos financeiros aos produtores rurais para que eles adotem técnicas de agricultura sustentável. Para ela, o debate sobre a degradação do solo passa por diferentes aspectos que devem ter a atenção redobrada. "As políticas públicas devem dialogar com a inclusão de debates ambientais".

Adotar práticas sustentáveis e ter cada vez mais agricultores conservacionistas foram aspectos levantados pelo presidente da Embrapa, Maurício Lopes. De acordo com o dirigente, o Brasil vem dando um salto importante na transformação de solos degradados em solos férteis. "Temos hoje mais de 30 milhões de hectares de plantio direto que diminuem o impacto no solo. Também é importante dizer que o Brasil tem a capacidade de combater a insegurança alimentar".

Solos no centro dos debates

Em palestra proferida na conferência, o diretor da FAO, Moujahed Achouri, ressaltou a importância do Ano Internacional dos Solos para o mundo e também para a garantia da segurança alimentar.

"Os solos são a base para a produção de alimentos saudáveis e também para combater as mudanças climáticas. Mas, é importante dizer que os solos não são um recurso infinito, e por isso, é muito importante preservá-los".

Segundo Achouri, cerca de 32% dos solos do mundo estão degradados, o que amplia a necessidade dos países cada vez mais adotarem medidas para impedir o avanço dessa situação.

"Sabemos que muitas nações estão preocupadas. A FAO reconhece o que os países estão fazendo. Temos hoje 108 países com pontos focais trabalhando em projetos sobre os solos. A nossa meta é ter uma parceria global dos solos em todos os países".