"Agricultura, Saúde e Emprego -factores chave para acabar com a pobreza e a fome"- Rainha dos Belgas em Moçambique
A Rainha Mathilde dos Belgas efectuou uma visita de 5 dias a Moçambique, como defensora dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Nesse contexto, a rainha visitou alguns projectos financiados pelo Fundo Belga para a Segurança Alimentar implementados por agências das Nações Unidas, incluindo a FAO.
Durante a sua intervenção em uma palestra na Universidade Eduardo Mondlane, a Rainha da Bélgica fez referência aos desafios trazidos pelas mudanças climáticas e da necessidade de prevenir a desnutrição e a fome.
"Será difícil erradicar a fome e a pobreza sem progredir na agricultura, na saúde e na criação de emprego", disse a rainha, acrescentando que "o progresso económico e social será muito mais difícil de sustentar se as temperaturas aumentarem e se os recursos naturais diminuírem".
De seguida, a Rainha enfatizou que "o combate às mudanças climática, especialmente nos países industrializados, beneficiará todo o planeta. Não fazer isso terá consequências dramáticas, mesmo em países que contribuíram muito pouco para o aquecimento global, como Moçambique. O mesmo vale para restaurar a saúde dos oceanos e reverter a perda de biodiversidade. Isso é particularmente importante para Moçambique, com seus 2.500 quilômetros de costa. Se quisermos alcançar essas metas até 2030, precisamos acelerar e intensificar nossos esforços".
Para a Rainha, há ainda muito por ser feito para aumentar a conscientização sobre a importância dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável no país.
"Com recursos limitados, é difícil escolher entre as diferentes necessidades, ou entre necessidades de curto prazo e visão de longo prazo. A mensagem mais importante dos ODS é que não há contradição ou competição entre crescimento económico e investimentos sociais e ambientais" disse.
Para os jovens, a rainha desafiou os futuros líderes a fazerem dos ODS sua própria agenda. A Rainha disse que estava feliz em compartilhar suas ideias com a juventude daquela Universidade e os encorajou a aproveitar todas as oportunidades para trabalhar em conjunto nessa ambiciosa agenda de desenvolvimento para o futuro.
Desde 2013, o Fundo Belga tem financiado um projecto da Organização das Naçoes Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) que contribui para a segurança alimentar e nutricional na província de Gaza (distritos de Guijá, Mabalane, Chicualacuala, Chigubo e Mapai), implementado pela FAO e orçado em 2,95 milhões de USD.
Através do financiamento belga, a FAO conseguiu estabelecer 75 Escolas na Machamba do Camponês (EMC), beneficiando um total de 994 produtores, dos quais 68% são mulheres.
O projecto contribuiu para desenvolver o capital humano por meio da capacitação, usando as EMC para os componentes da agricultura e pecuária, na conscientização das comunidades sobre o uso sustentável dos recursos naturais e na disseminação de prácticas que visam melhorar a dieta e a nutrição através de uma melhor combinação de alimentos disponíveis nas escolas primárias e nos grupos da EMC.
Resultados importantes deste projecto incluem um aumento na produtividade do milho em 25% entre os beneficiários das EMC e diminuição das perdas na criação de frangos - uma importante fonte de proteína a nível comunitário - de 90% para menos de 10%. O conhecimento e as prácticas sobre nutrição melhoraram em 50% entre os beneficiários (agricultores e estudantes das escolas primárias) e a gestão dos recursos naturais melhorou. O empoderamento das mulheres é visível entre os grupos onde eles começam a desempenhar um papel de liderança.