FAO in Mozambique

Educação Nutricional: Alunos de escolas primárias influenciam na mudança de comportamento nas suas comunidades

Foram abrangidas 31,800 crianças em 36 escolas primárias em Tete
07/05/2019

Alunos de escolas primárias na Província de Tete beneficiam de aulas sobre nutrição, numa abordagem adoptada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), para a redução da desnutrição crónica na província de Tete; a provincia com uma taxa actual de 44% em crianças dos 0-5 anos), segundo o Secretariado técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN).

Esta abordagem faz parte do programa da FAO "Acelerar o Progresso para o Alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio-ODM1c", financiado pela União Europeia, com a finalidade de promover a educação nutricional nas crianças e fazê-los agentes para a mudança de comportamento de higiene e nutrição nas suas escolas, famílias e comunidades.

A Secretária Permanente da província de Tete, Lina Portugal, enfatizou que" reduzir a desnutrição crónica não é da responsabilidade de um único sector, mas sim é a responsabilidade de todos pois, é importante garantir que crianças menores de 2 anos e adolescentes tenham acesso a diversos alimentos nutritivos, como também é crucial investir nos serviços de cuidados materno-infantil, melhorar o acesso a água potável e as condições de saneamento básico, desenvolver programas de transferência social para os mais vulneráveis e expandir a educação nutricional nas comunidades" disse.

Segundo o coordenador da FAO em Tete, Tendai Gonesso, foram abrangidas 31,800 crianças em 36 escolas primárias nos distritos de Angónia, Tsangano e Macanga, onde foram formados 178 professores e 36 presidentes de Conselhos nas mesmas escolas desta província.

O Coordenador da FAO considera que "só com intervenções que promovam o acesso a alimentos diversificados, mudanças sociais e de comportamento efectivas e boas prácticas alimentares de higiene e de saúde é que podemos alcançar um mundo sem fome e desnutrição".

Participaram do seminário de dois dias (06-07 de Maio) representantes do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), representantes do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, secretários permanentes distritais, representantes da sociedade civil, parceiros de cooperação, técnicos distritais de educação, saúde e agricultura, directores das escolas primárias, líderes comunitários e representantes de organizações das Nações Unidas da FAO e do PMA.

Lino Chazuka, régulo do distrito de Tsangano, convidado a participar do seminário, afirma que notou mudanças na sua comunidade e que já vê hortas nas casas. "Depois desta reunião e pelo que ouvi neste seminário, estou motivado em convidar os líderes das aldeias que coordeno (cerca de 38 povoados) e sensibiliza-los para que oiçam as lições que as crianças estão a aprender na escola sobre nutrição".

O régulo conta que já há partilha justa de alimentos e as famílias já conseguem comer os quatro grupos de alimentos. "Agora a comida é servida em pratos diferentes e mudamos a maneira de lavar as maos. Ja não se lava na mesma bacia para evitar a contaminação mas sim com água corrente".

Zeca Chintawala, Régulo do distrito de Macanga agradece a FAO pelo desenvolvimento que trouxe no distrito e por ter escolhido trabalhar com crianças que são o futuro da comunidade.

O régulo conta que na sua comunidade o fecalismo a céu aberto era normal e as crianças trouxeram exemplos claros da importância do uso da latrina.

"Alguns adultos insistiam em dizer que tem feito isso há muito tempo, mas mesmo assim as crianças insistiam dando exemplos de algumas doenças como a diarreia que podem ser transmitidas através das moscas. Agora as nossas latrinas tem o sistema de tip tap para lavagem das mãos com sabão ou cinza. Também verificamos a dieta diversificada e partilha justa de alimentos. Cada um já come no seu prato, o que não acontecia" conta.

O Presidente do Conselho da Escola Primária de Massiria, situada no distrito de Angónia, Maurício Bulei, também partilha que o programa trouxe muitas mudanças na sua comunidade.

"As crianças trouxeram a horta arco-íris (culturas variadas que vão se reflectir na alimentação diversificada), uma abordagem nova que estão a aprender na escola. A comunidade está satisfeita com as receitas de novas formas de preparar verduras. A forma como são preparadas já não é a mesma," conta.
"As crianças aprendiam a comer rápido, porque usavam o mesmo prato, mas agora cada um come à vontade no seu prato" conclui.

O seminário tinha como finalidade promover medidas apropriadas que possam assegurar a sustentabilidade das actividades de Educação Nutricional nas escolas, nas comunidades e nos distritos após o término do programa ODM1c, através das abordagens Vamos Comer Alimentos Nutritivos (VCAN) e Participação das Crianças, Aprendigem e Acção para Nutrição (PCAAN).