FAO in Mozambique

FAO em resposta ao fenómeno El Niño em Gaza, Pfukwé

Teresa Mapswanganhe acompanhada do marido
01/11/2016

Nos últimos dois anos o sul de África conheceu a campanha agrícola mais crítica em 35 anos. Numa região onde cerca de 70% da população é dependente da agricultura, os dois a três anos de seca causados pelo fenómeno El Niño, provocado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico criaram um impacto devastador onde diversos países da África Austral foram declarados em estado de emergência e Moçambique atingiu o alerta vermelho.

Em resposta ao Fenómeno El Niño, a FAO em Moçambique tem realizado várias acções com vista a melhorar a capacidade de resiliência das comunidades. Na localidade de Pfukwé, distrito de Mabalane, província de Gaza, a FAO trabalha com grupos de camponeses na Escola na Machamba do Camponês (EMC) e na Escola no Cural do Criador (ECC) ensinando práticas para uma melhor adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.

Com cerca de 4000 habitantes, as famílias desta região perdem diariamente várias cabeças de gado que morrem de fome e sede devido a falta de chuvas e a seca do rio Limpopo.

Em Pfukwe, os agricultores aprendem práticas de resiliência. As espigas de milho que antes, sem nenhum valor eram queimadas, hoje, em tempo crítico, servem de alimento para os animais. Os animais em situação muito crítica são colocados estábulos com alguns blocos de sais minerais para que se possam recuperar.

Estas são algumas técnicas de resiliência que os pastores tem estado a aprender através do programa de emergência da FAO que tem prestado algum apoio para a campanha agrícola iniciada recentemente.

Teresa Mapswaganhe, uma das agricultoras desta aldeia conta que há mais de dois anos não vê a água da chuva.

– Desde 2014 que não chove aqui. Das 21 cabeças de gado que tinha já perdi oito. Tenho também uma machamba que nada produz porque não chove. O gado percorre longas distâncias a procura de alimentos mas não há praticamente nada. – afirma.

Uma outra abordagem também implementada pela FAO na província de Gaza é a de educação nutricional para a mudança de comportamento. As mulheres da EMC de Pfukwé em Gaza também tem lições de educação nutricional através do Programa de Segurança Alimentar e Nutricional da FAO.

Culturas como as de batata-doce e abóbora são agora misturadas com as papas de milho como forma de enriquecer as refeições.

Na mesma abordagem a FAO tem formado professores de escolas primárias na localidade de Pfukwé e estes por sua vez ensinam boas práticas alimentares às crianças da 1ª e 3ª classes.

Nas últimas campanhas o efeito El Niño dizimou diversos campos de produção, agravando os níveis de insegurança alimentar. Mais de 1.5 milhões de moçambicanos ainda vivem em situação de insegurança alimentar e nutricional.