Campo celebra acordos de paz na Colômbia
A FAO vai aprovar programas de desenvolvimento com foco territorial, além de medidas para estimular a produtividade agropecuária nas regiões afetadas pelo conflito e a pobreza
Cartagena – O acordo de paz entre o Governo da Colômbia e as Forçar Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que coloca fim a mais de meio século de conflito, vai permitir que as comunidades rurais do país sigam o caminho em direção a reconciliação.
“Essa assinatura representa a possibilidade para a Colômbia aumentar sua produtividade agropecuária, alcançar a segurança alimentar e liderar a produção de alimentos na região”, apontou Raúl Benitez, representante regional para América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO. “Nosso recurso humano e nossa capacidade técnica estão prontos para começar o acompanhamento da implementação do ponto número um do Acordo”, acrescentou em Cartagena, onde acompanhou a cerimônia de assinatura do acordo no dia 26 de setembro.
Durante a visita a cidade caribenha, o Representante aproveitou para se reunir com mulheres líderes das comunidades de Palenque e de Gamero, que fazem parte dos Novos Territórios da Paz, projeto com intervenção da FAO e da União Europeia, que tem como objetivo implementar modelos produtivos e sustentáveis como estratégia para melhorar a segurança alimentar e a resiliência.
“Apesar das dificuldades que tivemos pela intensa seca que aconteceu este ano, graças às capacidades geradas nas Escolas de Campo para Agricultores (ECA), conseguimos produzir milho, repolhos, frutas, ovos para o nosso próprio consumo”, disse Arlet Mata, de Gamero. Benítez agradeceu as líderes o compromisso e a vontade de trabalho, além de ressaltar o papel fundamental das mulheres para alcançar a segurança alimentar.
A FAO aposta na construção da paz a partir do campo
O acordo de paz é fruto de uma negociação de quatro anos e põe fim a cinco décadas de conflito armado. O primeiro ponto do acordo, “Em Direção a um Novo Campo Colombiano: Reforma Rural Integral”, tem como objetivo gerar uma transformação nas áreas rurais da Colômbia, fortemente afetadas pelo conflito armado.
As partes solicitaram para a FAO acompanhar a implementação desse primeiro ponto centrado na luta contra a fome, o desenvolvimento do campo e a segurança alimentar. Inclui um plano de desenvolvimento rural multifacetado que ataca as raízes da pobreza e a fome rural, por meio da criação de um fundo de terras para distribuir entre camponeses sem terra e planos de grande escala para fornecer bens e serviços públicos em infraestrutura, caminhos, desenvolvimento social, educação, saúde e moradia.
Nesse sentido, o representante da FAO na Colômbia, Rafael Zavala, afirmou que a assinatura desse acordo é um passo chave, e que a paz vai ser construída no campo colombiano com a associatividade e o fortalecimento da agricultura familiar.
Respaldo da comunidade internacional
O Secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, no ato da celebração em Cartagena, colocou as vítimas do conflito no centro do seu discurso: “elas foram uma das vozes mais contundentes para o alcance da paz e da reconciliação, e sempre estiveram contra a amargura e o ódio”. Ban Ki-moon expressou que agora os colombianos podem olhar em direção do futuro com otimismo graças ao dialogo laborioso e visionário dessas conversas.
O Secretário-Geral estava acompanhado de vários chefes mundiais de agências da ONU e também dos representantes da Organização na Colômbia. O evento também contou com a presença de 15 chefes de estado do governo, líderes de organismos internacionais, vitimas do conflito armado, e delegados da sociedade civil colombiana.
“Esse é um acordo que vai nos permitir levar grande desenvolvimento aos camponeses da Colômbia, que foram os que mais sofreram as consequências do conflito”, disse o presidente da Colômbia, Juan Manual Santos. “Quanto mais investirmos no nosso campo, os nossos agricultores poderão voltar as suas propriedades”, disse Santos.
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