'Se é ali que decide, é ali que a gente tem que estar': a luta indígena por representação política
A busca por participação direta na política e o protagonismo feminino são novas marcas do movimento indígena brasileiro
Aldeias de todo o país deram origem a novos líderes. Um reflexo desse movimento foi visto na eleição de 2018, quando 133 candidatos indígenas concorreram ao pleito. O número ainda é pequeno, mas representa um aumento de 56% em relação ao registrado em 2014.
Sônia Guajajara é um dos nomes mais marcantes. No ano passado, ela se tornou a primeira candidata indígena à vice-Presidência na história do país, integrando a chapa de Guilherme Boulos, do PSOL. A candidatura marcou o novo momento da mobilização política dos povos indígenas.
A articulação política deu frutos e pela primeira vez, o Brasil elegeu uma mulher indígena como deputada federal: Joênia Wapichana foi eleita pela Rede no estado de Roraima. Essa foi só mais uma conquista na trajetória pioneira que marca sua vida.
Mas não é só em Brasília que as lideranças indígenas se destacam. No coração da floresta, nasceu o Movimento de Mulheres do Xingu, liderado por Watatakalu Yawalapiti. E já que na tradição indígena a Casa dos Homens é o lugar onde eles se reúnem para tomar decisões, o grupo decidiu criar a Casa das Mulheres, que tem a mesma proposta: ser um espaço que abrigue o debate feminino dentro da aldeia.
Seja em Brasília ou no Xingu; pela internet ou nas rodas de conversa; defendendo uma visão política ou outra, o protagonismo feminino chegou às aldeias e se tornou uma das principais marcas do movimento indígena