FAO no Brasil

Relatório da FAO e da OPAS aponta que combater sobrepeso e obesidade ainda é um desafio

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil/arquivo
19/10/2017

Crescimento de sobrepeso em crianças latino-americanas e caribenhas menores de cinco anos acende alerta vermelho para adoção de medidas eficazes de combate

Brasília – Os índices de sobrepeso e a obesidade se transformaram em um problema de saúde na América Latina e Caribe. Todas as faixas etárias são afetadas, sendo que cresce a prevalência de obesidade em adultos e o sobrepeso em crianças menores de cinco anos.

Os dados foram publicados no recente relatório Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2017 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em parceria com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas).

Segundo o relatório, o sobrepeso e obesidade representam um desequilíbrio entre a ingestão de alimentos e o gasto energético com subsequente acumulo de gordura corporal que representa um risco para saúde. Diversas são as causas desse problema, entre elas, mudanças nos padrões alimentares, aumento da disponibilidade de alimentos ultraprocessados, baixo consumo de alimentos frescos e saudáveis, aliados a estilos de vida mais sedentários, jornadas laborais extensas, falta de regulação do mercado publicitário de produtos alimentícios não saudáveis.

“O sobrepeso e a obesidade também fazem parte da garantia da segurança alimentar. Novos padrões de consumo devem ser adotados pelas pessoas e a rotina alimentar diária deve ser composta por alimentos saudáveis, valorizando o que chamamos de comida de verdade em detrimento de alimentos ricos em açúcar, sódio e gorduras”, ressaltou o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.

Alerta para alimentação dos pequenos

De acordo com o Panorama, o sobrepeso afeta 7% das crianças menores de cinco anos na América Latina e Caribe, o índice é maior que a média mundial que registra 6%. Barbados (12,2%); Paraguai (11,7), Chile (9,3%) e México (9,0), são os países que ocupam o topo de lista de crianças na primeira infância com sobrepeso.

Crianças com sobrepeso correm mais risco de contrair doenças e outras complicações de saúde e psicossociais na infância e na adolescência, além de estarem mais propensas a contrair doenças cardiovasculares, diabetes ou vários tipos de câncer durante a vida adulta. “Precisamos estar muito atentos ao que as nossas crianças estão consumindo. Apesar da rotina acelerada que muitos pais têm é necessário que as famílias se esforcem para garantir que os pequenos tenham acesso a alimentos nutritivos e adequados para o desenvolvimento. A primeira infância influencia muito nos adultos que formaremos”, alerta Alan Bojanic.

Compromissos brasileiros

A situação do Brasil não é muito diferente dos demais países da região. O sobrepeso afeta a 54% da população brasileira e quase 20% dos homens e 24% das mulheres estão obesas. Entre as crianças menores de cinco anos, 7,3% registram sobrepeso no país, segundo o Panorama. A FAO tem acompanhado as ações do país para combater o sobrepeso e obesidade. A Organização participa ativamente dos debates em torno de três compromissos assumidos pelo país no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas para a Nutrição. São eles: deter o crescimento da obesidade na população adulta por meio de políticas de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta; e ampliar em no mínimo 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente. A expectativa é cumprir essas metas até 2019.

“Estamos muito entusiasmados com os compromissos assumidos pelo Brasil. O desafio é grande, pois envolve, mudança de cultura da população, mas com o tema inserido na mais alta agenda do governo, acreditamos que o país conseguirá alcançar essas metas. O Brasil, já mostrou que é possível superar metas ambiciosas, ao sair pela primeira vez do mapa da fome da FAO em 2014, agora não tenho dúvida que o país conseguirá vencer mais esse obstáculo da segurança alimentar”, disse Bojanic.