FAO no Brasil

Autoridades agrícolas das Américas se comprometem a tomar medidas para garantir a segurança alimentar e nutricional em resposta à pandemia da COVID-19

13/07/2020

Cidade do México - Os Ministros e Secretários de Agricultura, Pecuária, Pesca, Alimentação e Desenvolvimento Rural das Américas reafirmaram que tomarão medidas nacionais, regionais e hemisféricas para garantir a segurança alimentar e nutricional no hemisfério, que está em risco com a pandemia da COVID-19 e a crise econômica.

As máximas autoridades agrícolas da região participaram nesta segunda-feira (13) de um evento virtual promovido pelo Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México, Víctor Villalobos, com o apoio do Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO).

Após a reunião, eles emitiram uma posição detalhando como irão agir individualmente e em conjunto para garantir a segurança alimentar e nutricional. Seus pontos incluem:

  • Fortalecer a produção de alimentos, produtos florestais e agrícolas, pesqueiros e provenientes da aquicultura nos países das Américas, convencidos do papel estratégico do setor agroalimentar para a recuperação econômica.
  • Fortalecer as medidas e protocolos sanitários que protegem a saúde das pessoas e a saúde agrícola, sem prejudicar o fluxo adequado de alimentos.
  • Manter o bom funcionamento dos mercados internacionais e nacionais e cadeias de suprimentos locais, por meio do intercâmbio de informações sobre disponibilidade, demanda e preços de alimentos.
  • Continuar promovendo a participação de pequenas e médias empresas nas cadeias agroalimentares, no decorrer da pandemia e no período de reativação econômica, por meio de políticas públicas, investimentos públicos e privados e gestão de financiamento preferencial.
  • Reafirmar a cooperação técnica internacional, por meio de organizações especializadas como o IICA e a FAO, para complementar os esforços de inovação, inclusão e sustentabilidade agrícola e rural.

(Veja o documento completo)

As autoridades agrícolas destacaram o trabalho conjunto entre países, organizações internacionais e agências de cooperação.

“Ultimamente nos encontramos em mais ocasiões do que em uma situação normal, o que é muito bom. Devemos manter o intercâmbio de informações, produtos, medidas de saúde agrícola, a continuidade dos mercados e o apoio necessário às pequenas e médias empresas, com a clara intenção de ter elementos para a recuperação econômica após a pandemia, mas também a médio e longo prazo” , expressou Víctor Villalobos.

O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, afirmou: "O resto do mundo deve olhar para o relacionamento que temos nas Américas, como um exemplo de que a cooperação funciona para todos". Ele acrescentou que seu país está comprometido em manter a cooperação com todos os seus parceiros comerciais e pediu para evitar a imposição de medidas que restrinjam a troca de produtos, sem a devida justificativa científica.

“O comércio agrícola é vital para todos os cidadãos, gera empregos, aumenta a renda e fornece alimentos seguros e de alta qualidade. Além disso, é vital manter as fronteiras abertas para os trabalhadores estrangeiros, mantendo sua segurança, pois eles são essenciais e merecem ser tratados dessa maneira ", disse a ministra da Agricultura do Canadá, Marie Claude Bibeau.

Tereza Cristina, Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, disse que o setor agrícola está sob grande pressão para manter o suprimento de alimentos, mas continua demonstrando sua resiliência: “A recuperação estará associada ao setor agrícola, mas precisamos melhorar as condições no campo, onde a pobreza do mundo está concentrada. Não podemos voltar à situação que estávamos antes da pandemia, teremos que evoluir para um sistema mais justo que não recompense a ineficiência.”

Saboto Caesar, Ministro da Agricultura, Silvicultura, Pesca e Transformação Rural de São Vicente e Granadinas, enfatizou a necessidade de maior cooperação técnica dos países do Caribe, para transformar a base econômica de seus países, focados no turismo e atingidos pela pandemia : "Devemos ter novas formas de cooperação, multilaterais e bilaterais."

Antonio Walker, ministro da Agricultura do Chile, expressou: “Se não tivéssemos colaboração internacional, muitos dos habitantes de nossa região não seriam capazes de se alimentar. Todos os países tomaram muitas medidas. No Chile, avançamos na certificação eletrônica e criamos um comitê para o fornecimento seguro de alimentos, com a participação da agricultura familiar camponesa até o consumidor final. Eles incluem agricultores, transportadores, mercados atacadistas, varejistas, supermercados e feirantes".

Espírito de cooperação regional

O representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Julio Berdegué, e o diretor geral do IICA, Manuel Otero, também participaram da reunião virtual de ministros, que concordaram que o setor agroalimentar pode ser um motor para a recuperação econômica necessária pós-pandemia.

Segundo Otero, o trabalho conjunto na região deve ser acompanhado de medidas concretas para alcançar a posição dos ministros. “Sempre, e especialmente nessa situação dramática, o setor de agricultores familiares deve ser uma prioridade; bem como a dos profissionais de saúde ou agentes de segurança pública. Precisamos de uma revolução agrícola digital na agricultura familiar e podemos fazê-la, porque a tecnologia para isso hoje tem um baixo custo e um alto retorno comprovado. É o setor mais relevante para a segurança alimentar”.

Julio Berdegué disse que é necessário reduzir as desigualdades na América Latina e no Caribe, aumentadas pela COVID-19: “A fome cresceu para 47,7 milhões de pessoas em 2019 e a expectativa é de aumentar para quase 67 milhões até 2030, sem considerar o impacto da pandemia. Além disso, nossa região é a mais cara em todo o planeta, para que uma pessoa possa ter uma dieta saudável, com um custo de quase US$ 4 por pessoa ao dia. Somos uma região fabulosamente produtora, mas uma dieta saudável está além do alcance de quase 104 milhões de indivíduos.”

A reunião virtual de 13 de julho foi a segunda reunião hemisférica realizada este ano, ambas organizadas pela FAO e pelo IICA. A primeira foi em 23 de abril, convocada pelo ministro da Agricultura do Chile, Antonio Walker. Uma próxima reunião desse tipo seria realizada em outubro.