FAO no Brasil

Projeto internacional de alimentação escolar na região foi um dos destaques do Green Rio

Foto: Pep Bonet-Noor/FAO
01/12/2021

Iniciativa que integra a Cooperação Brasil-FAO teve um painel para promover reflexões e o diálogo sobre a alimentação escolar na região.

BRASÍLIA – A alimentação escolar na América Latina e no Caribe foi destaque em um painel do Green Rio, evento internacional de referência para negócios sustentáveis e economia verde, realizado entre os dias 25 e 27 de novembro no Rio de Janeiro e online, de maneira híbrida.

Com a participação de palestrantes do Brasil e de outros países, o painel apresentou as principais ações desenvolvidas pelo projeto Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na América Latina e no Caribe, executado pelo Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, desde 2009, e que visa fortalecer as políticas de alimentação escolar na região.

Por meio do projeto, são promovidos cursos de capacitação de profissionais como gestores públicos, responsáveis por programas de alimentação escolar, entre outras atividades, que, ao longo desses últimos doze anos, têm contribuído para uma visão da alimentação escolar sustentável como garantia do direito humano à alimentação saudável e adequada na escola. A iniciativa é executada conjuntamente pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A abertura do painel foi de Najla Veloso, coordenadora do projeto regional, destacando os eixos metodológicos do trabalho: intercâmbio de experiências, desenvolvimento de capacidades, assistência técnica a gestores dos países e difusão e compartilhamento de conhecimentos.

A analista de projetos da ABC/MRE, Paola Barbieri, afirmou que a Agência trabalha para apoiar os países a encontrarem soluções para os seus desafios, a partir do desenvolvimento de capacidades e do intercâmbio de experiência, de maneira horizontal e sustentável, enaltecendo os resultados da Cooperação Brasil-FAO em alimentação escolar ao longo dos últimos anos.

Já o assessor da coordenação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), executado pelo FNDE, Bruno Silva, exaltou o fato de o Brasil compartilhar com países da região a experiência de mais de 65 anos em alimentação escolar, contribuindo para a redução da insegurança alimentar e para a garantia do direito humano à alimentação para milhões de estudantes. Também destacou a importância de se desenvolver circuitos de produção e de consumo de alimentos para a sustentabilidade da política de alimentação escolar.

O Representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, afirmou que as escolas são os agentes e os meios principais para mudar a cultura alimentar. "Devido às características dos programas de alimentação escolar, de inclusão social e econômica, de fomento à alimentação saudável, de combate à má nutrição e de geração de emprego, o desafio que temos é converter a alimentação em game-changer (divisor de águas) de maneira que alcancemos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)".

Depoimentos internacionais

O painel contou ainda com um espaço para representantes de países parceiros da Cooperação Brasil-FAO no apoio à construção e consolidação de marcos legais para a alimentação escolar. Mario Domingo, que foi diretor da coordenação de fortalecimento da comunidade educativa da Guatemala (DIGEFOCE), citou a importância do marco legal na garantia de alimentos para 2,5 milhões de estudantes do país e agradeceu ao apoio brasileiro nesse percurso.

Destacou o aumento nos investimentos e a incorporação de elementos da educação alimentar e nutricional nos centros escolares, estimulando o consumo de frutas e verduras por parte dos estudantes, ao mesmo tempo que abriu espaço para a geração formal de demanda de produtos originados de agricultores familiares. "A Guatemala aprendeu com os processos e experiências desenvolvidos no Brasil ao longo de mais de 60 anos. Fomos um dos receptores dessa experiência de contar com uma lei para a alimentação escolar. Esse processo, depois de normatizado, é muito importante para delimitar as atribuições dentro de um arcabouço legal".

Veronica Sanchez, especialista em alimentação escolar de El Salvador, destacou o modelo de Escolas Sustentáveis, desenvolvido pela Cooperação Brasil-FAO, citando o apoio do Brasil, a partir de 2009, para a estruturação de uma estratégia de alimentação escolar saudável e sustentável, e que melhorou a segurança alimentar no país. "O Brasil tem sido muito importante porque nos acompanha nessa caminhada. São anos de experiência nesta temática e, para nós, é uma grande vantagem contar com esse modelo".

"É uma honra para todos os brasileiros sabermos que essa nossa irmandade, ao colocar nossas políticas à disposição, impacta de forma tão bonita e tão marcante os países, cada um a seu tempo, dentro de sua soberania e no princípio de horizontalidade estabelecido pela Cooperação Internacional", comentou Najla Veloso, que ainda acrescentou o papel das Escolas Sustentáveis, que são uma forma laboratorial de se trabalhar localmente e construir o escalonamento da política a nível nacional.

No encerramento, Maria Beatriz Costa, coordenadora do Green Rio, elogiou o nível das discussões. "Esse painel acendeu uma luz de esperança. Só posso agradecer a cada um e a cada uma que participou. A FAO, mais do que nunca, é a locomotiva que vai ajudar a fazer as mudanças que estamos precisando".