FAO no Brasil

Índice de preços dos alimentos da FAO se recupera em julho

04/08/2023

A queda nos preços internacionais do milho e do açúcar compensa parcialmente o aumento significativo nos preços do trigo e do óleo vegetal.

 

Roma - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou hoje que os preços mundiais dos alimentos subiram em julho, influenciados pelo fim da Iniciativa Grãos do Mar Negro e por novas restrições comerciais ao arroz.

O índice de preços dos alimentos da FAO, que acompanha as cotações internacionais mensais das commodities alimentícias comercializadas globalmente, atingiu uma média de 123,9 pontos em julho, um aumento de 1,3% em relação ao mês anterior, mas 11,8% abaixo do nível de julho de 2022.

O aumento ocorreu devido a um forte crescimento do índice de preços de óleos vegetais, que subiu 12,1% em relação a junho, após sete meses consecutivos de queda. Os preços internacionais do óleo de girassol registraram elevação de mais de 15% durante o mês, principalmente devido à maior incerteza quanto às exportações após a decisão da Rússia de encerrar a implementação da Iniciativa Grãos do Mar Negro. Os preços mundiais dos óleos de palma, soja e colza registraram aumento devido a preocupações com as perspectivas de produção nos principais países produtores.

O índice de preços de cereais da FAO recuou 0,5% em relação a junho, impulsionado por uma queda de 4,8% nas cotações internacionais de cereais integrais, devido ao aumento sazonal da oferta de milho das atuais safras na Argentina e no Brasil e à expectativa de maior produção do que a esperada nos Estados Unidos. No entanto, os preços internacionais do trigo subiram 1,6%, o primeiro aumento mensal em nove meses, o que se deve às incertezas em relação às exportações da Ucrânia, bem como à continuidade da estiagem na América do Norte. 

O índice de preços da FAO para todos os tipos de arroz subiu 2,8% no mês, e 19,7% no ano, atingindo seu nível nominal mais alto desde setembro de 2011, já que a proibição das exportações de arroz pela Índia, em 20 de julho, gerou expectativas de aumento das vendas deste produto por outros países, ampliando a pressão de alta já exercida sobre os preços em função da restrição sazonal de oferta e compra na Ásia. 

A FAO alerta que essa pressão de alta sobre os preços do arroz representa motivo de preocupação em termos de segurança alimentar para grande parte da população mundial, especialmente para os mais pobres, que gastam uma parcela maior de sua renda com alimentos. A organização destaca ainda que as restrições às exportações podem ter consequências negativas para a produção, o consumo e os preços que vão além do período de vigência das mesmas, com risco de agravar a alta inflação dos preços dos alimentos no mercado interno de muitos países.

O índice de preços do açúcar recuou 3,9%, devido a grandes safras de cana-de-açúcar no Brasil, e o aumento das chuvas na maior parte das áreas produtoras da Índia reduziu as cotações globais, juntamente com a baixa demanda na China e na Indonésia, os maiores importadores de açúcar do mundo. As preocupações com o possível impacto do El Niño nas culturas de cana-de-açúcar, somadas ao aumento dos preços internacionais do petróleo bruto, atenuaram o declínio.

O índice de preços dos laticínios sofreu uma queda de 0,4% em julho, ficando 20,6% abaixo do valor registrado em julho de 2022. Os preços mundiais do queijo tiveram uma leve recuperação após as recentes diminuições, já que o clima quente teve impacto sobre o menor fornecimento de leite na Europa.

O índice de preços das carnes desacelerou 0,3% desde junho. Os preços das carnes bovina, ovina e de aves caíram em virtude da grande disponibilidade de oferta e, em alguns casos, da menor demanda por parte dos principais importadores. Por outro lado, os preços da carne suína aumentaram devido à alta demanda sazonal e à restrição da oferta nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.