FAO no Brasil

Dia Internacional da Abelhas: polinizadoras essenciais para o futuro dos alimentos

20/05/2019

Mês de maio na Extremadura, uma das regiões da Espanha que produz mais mel. Julio Solana Muñoz, terceira geração de uma saga de apicultores, está preocupado. Há um ano ele observa que as flores nos campos perto da sua cidade já não são tão numerosas. Suas colméias também estão diminuindo. Nos últimos anos, a taxa de mortalidade de suas abelhas aumentou para quase 35%.

As abelhas são fundamentais para a economia de Fuenlabrada de los Montes, a cidade natal de Julio; seu mel é considerado um dos melhores da Europa e a região a que pertence, Extremadura, origina mais de 10% da produção de mel na Espanha. No entanto, as abelhas são também importantes em outras partes do mundo: três entre quatro culturas que produzem frutos ou sementes para consumo humano em todo o mundo dependem, pelo menos em parte, de polinizadores como as abelhas.

"As abelhas são a vida", diz Julio. "Sem elas, a maioria das culturas alimentares não existiriam."

As abelhas são famosas por produzir mel, mas seu impacto no mundo todo vai muito além. Em Fuenlabrada de los Montes, como em outros lugares, as abelhas estão ameaçadas. As taxas atuais de desaparecimento de espécies são entre cem a mil vezes superiores ao normal devido à atividade humana. Possivelmente, os insetos respondem pela maior parte da perda futura de biodiversidade, uma vez que 40% das espécies de polinização de invertebrados - em particular abelhas e borboletas - estão em risco de extinção.

Mudanças no uso da terra, práticas agrícolas intensivas, monoculturas e pesticidas fragmentaram e degradaram os habitats dos polinizadores. A globalização também facilita a transmissão de pragas e doenças, o que representa uma ameaça especial aos próprios polinizadores. Além disso, eventos climáticos extremos associados à mudança climática dificultam a polinização, causando uma lacuna entre a demanda (floração das plantas) e a oferta de provedores de serviços (populações abundantes e variadas de polinizadores).

O desaparecimento dos polinizadores pode ter efeitos desastrosos para o futuro dos nossos alimentos. Sua ausência colocaria em risco três quartos das culturas que dependem, pelo menos em parte, da polinização em todo o mundo, incluindo maçãs, abacates, pêras ou abóboras. Melhorar a polinização não só ajuda a mitigar os desastres: com uma melhor gestão, a polinização tem o potencial de aumentar a produção e a qualidade da produção agrícola.

Para muitos dos pequenos agricultores que cultivam culturas que dependem da polinização (como o cacau e o café), a escassez de polinizadores pode significar menos renda e maior vulnerabilidade à fome e à desnutrição.

Em reconhecimento ao papel fundamental dos polinizadores na produção de alimentos e na segurança alimentar, a FAO promove práticas favoráveis ​​na gestão agrícola. Por exemplo, fornece assistência técnica aos países em assuntos que vão desde a criação de abelhas rainhas até a inseminação artificial, por meio de soluções sustentáveis ​​para produção de mel e comercialização para exportação. A FAO também coordena a Iniciativa Internacional de Polinizadores, que monitora o declínio de polinizadores, identifica soluções e constrói capacidade para gerenciar a polinização em favor de uma agricultura sustentável.

Três de cada quatro culturas que produzem frutos ou sementes para consumo humano no mundo dependem, pelo menos em parte, de abelhas e outros polinizadores. Mas cada um de nós também desempenha um papel importante. Como cidadãos, devemos instar nossos governos a aumentar a colaboração entre organizações nacionais e internacionais, instituições acadêmicas e redes de pesquisa para monitorar, investigar e avaliar polinizadores e serviços de polinização. Os agricultores podem ajudar a conservar a abundância, a diversidade e a saúde dos polinizadores, garantindo que suas fazendas lhes ofereçam recursos alimentares e abrigo.

Em Fuenlabrada de los Montes e em outros lugares, proteger os polinizadores, como as abelhas, ajuda a manter a biodiversidade e os ecossistemas dinâmicos, além de proteger as colheitas e os meios de subsistência fundamentais para o futuro #FomeZero.