FAO no Brasil

O setor privado, a sociedade civil e o mundo científico e acadêmico contribuem para a próxima Conferência Regional da FAO

©️FAO / Eduardo Calix
18/03/2022

1.200 atores não governamentais analisaram os principais documentos da Conferência Regional da FAO, que acontecerá de 28 de março a 1º de abril.

Santiago do Chile – Membros do mundo privado, da sociedade civil e do setor científico e acadêmico analisaram os principais documentos que informarão os debates da próxima Conferência Regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO.

Cerca de 1.200 pessoas participaram de três consultas e contribuíram com suas visões para avançar em direção a uma melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e melhor qualidade de vida, sem deixar ninguém para trás.

Conferência Regional da FAO é realizada a cada dois anos: nela os países estabelecem as prioridades regionais da FAO e buscam respostas conjuntas aos grandes desafios da alimentação e da agricultura.

A próxima Conferência Regional acontecerá em Quito, Equador, de 28 de março a 1º de abril.

“Sem o trabalho e o compromisso do mundo privado, da sociedade civil e do setor acadêmico e científico, definitivamente não será possível avançar para sistemas agroalimentares mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis; os três são essenciais”, disse o Representante Regional da FAO, Julio Berdegué, após participar das três consultas.

As consultas com os atores não governamentais permitiram identificar uma série de prioridades nas áreas-chave que os governos debaterão durante a Conferência.

Sistemas agroalimentares sustentáveis

Um dos temas centrais da Conferência Regional é a necessidade de criar sistemas agroalimentares sustentáveis ​​para proporcionar alimentação saudável a toda a população.

Nesse sentido, integrantes do setor privado destacaram a importância de combater o desperdício de alimentos e apoiar as pessoas de baixa renda a melhorarem sua alimentação.

A consulta ao setor acadêmico e científico enfatizou a importância da educação alimentar, enquanto a sociedade civil chamou a atenção para a necessidade de cultivar sistemas alimentares diversos e heterogêneos.

Sociedades rurais prósperas

Um segundo tema central da Conferência Regional é o impulso que a América Latina e o Caribe devem dar para sociedades rurais mais prósperas e inclusivas.

Nesse sentido, membros do setor acadêmico e científico destacaram o papel fundamental desempenhado pela agricultura familiar, que deve ter mais investimento e inovação, mas cujos conhecimentos tradicionais também devem ser reavaliados (ou valorizados?).

A consulta com o setor privado destacou a importância de fechar lacunas, vinculando produtores menores em cadeias de valor. Além disso, enfatizou que para aumentar sua produtividade e acessar mais tecnologia e digitalização, os pequenos produtores precisam de mais financiamento.

A sociedade civil, por sua vez, indicou que os sistemas alimentares das comunidades indígenas devem ser apoiados, e devem ser desenvolvidas políticas públicas que fortaleçam o desenvolvimento rural, melhorem o acesso ao crédito e ampliem as oportunidades para mulheres e jovens nos territórios rurais.

Agricultura sustentável e resiliente

Uma terceira área prioritária da Conferência Regional da FAO será a necessidade de desenvolver uma agricultura sustentável e resiliente.

Nesse sentido, membros da sociedade civil destacaram a importância da agroecologia para conter a perda da biodiversidade, a necessidade de estabelecer padrões de alimentos orgânicos na região e reduzir as emissões de gases de efeito estufa da agricultura.

A consulta ao setor privado enfatizou o fortalecimento dos ecossistemas e a adoção de uma pesca responsável e comprometida com o meio ambiente; seus membros enfatizaram que uma abordagem regenerativa, sistêmica e transversal deve ser usada nos sistemas alimentares.

O setor acadêmico e científico destacou a importância de reduzir o uso de fertilizantes, pesticidas e agroquímicos e promover a saúde da terra e da água. Ressaltaram que a degradação dos ecossistemas deve ser evitada e os territórios afetados pela agricultura devem ser restaurados.

Um momento crítico

A Conferência Regional da FAO ocorre em um momento crítico para a segurança alimentar na América Latina e no Caribe: a fome atingiu seu ponto mais alto em 22 anos, a obesidade afeta 106 milhões de pessoas e, em 2020, quatro em cada dez habitantes da região sofreram de insegurança alimentar.

"Se não houver transformação dos sistemas agroalimentares, não haverá desenvolvimento sustentável", disse Julio Berdegué. "Por isso estamos muito gratos por ter enriquecido as abordagens da Conferência Regional da FAO com conhecimento do mundo da ciência, inovação e academia, a sabedoria territorial da sociedade civil e a força do mundo privado”.