Caderneta agroecológica : o saber e o fazer das mulheres do campo, das florestas e das águas
Dizem que uma mulher que lê é uma mulher perigosa. O que dizer, então, de mulheres que escrevem? E que escrevem não apenas textos, livros, mas a própria história? Não importa se essa história é escrita de forma tradicional, com palavras, frases, referências bibliográficas, ou se é escrita no dia a dia dos movimentos, por meio da organização, da criação conjunta, da reflexão e da ação para mudar situações vividas como injustas. Essas mulheres são realmente muito mais perigosas.
Este livro versa sobre mulheres rurais que estão escrevendo uma outra história de suas vidas, a partir do que poderia ser visto como um singelo instrumento – as Cadernetas Agroecológicas – onde anotam a sua produção e o destino que é dado a ela, seja na forma de trocas com vizinhas, parentes e amigas, doações a pessoas em situação de vulnerabilidade, seja pelo uso na alimentação da própria casa, ou mesmo através da venda em diferentes mercados. Um caderno, uma caneta, o hábito de anotar. Colunas coloridas, fotos de produtos, quadrinhos para marcar... E o perigo está instalado!
As Cadernetas Agroecológicas estão aí para mostrar o que muitos não querem ver – o valor dessas mulheres – e, ao fazer isso, são um instrumento de mobilização e de reafirmação do seu protagonismo nas experiências agroecológicas.