FAO no Brasil

Missão técnica peruana percorreu estados brasileiros para conhecer experiências em diferentes sistemas de produção de algodão

Foto: Palova Souza/FAO
18/07/2016

A visita de 20 dias integra as ações do projeto de Cooperação Sul-Sul Trilateral executado pelo governo do Brasil, a FAO e o governo do Peru para o fortalecimento do setor algodoeiro peruano

Brasília – Um grupo formado por 17 pessoas entre representantes de governo, técnicos e agricultores do Peru que trabalham na cadeia produtiva de algodão visitou três estados brasileiros e o Distrito Federal, durante 20 dias, para conhecer a experiência brasileira de produção de algodão, industrialização, mecanização, associativismo, comercialização da fibra e em políticas públicas para a agricultura familiar. 

O Brasil é uma referência na atividade algodoeira, já que o país passou da condição de importador a de importante exportador de algodão devido, principalmente, ao grande aumento na produtividade. Além disso, é referência em políticas públicas para o setor da agricultura familiar, despertando interesse da delegação peruana, cujo país tem 90% da produção de algodão em mãos de pequenos produtores familiares, com desafios semelhantes aos enfrentados no Brasil. 

A missão técnica iniciou em Brasília (DF), com uma reunião na Representação da FAO no Brasil, com a participação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário. Além de visitas a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) do Ministério do Trabalho (MT) e a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a ABC/MRE. 

O segundo destino foi Campo Verde (MT), onde a missão peruana conheceu as experiências da Cooperativa de Cotonicultores (Cooperfibra) e da Cooperativa de Produtores (Cooperverde). Além disso, foram visitadas propriedades de agricultores produtores de algodão e a sede ao Instituto Matogrossense de Algodão (IMA). 

Na cidade de Mato Verde (MG), o grupo conheceu a Cooperativa dos Produtores Rurais de Catuti (COOPERCAT), se reuniu com integrantes da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (AMIPA), além de diversas visitas de campo em áreas de sequeiro e de irrigação e de produção de algodão associada à produção leiteira. 

O último destino foi João Pessoa e Campina Grande (PB) para conhecer a experiência do projeto de retomada da cotonicultura no estado, executada pela Empresa de Assistência e Extensão Rural da Paraíba (Emater/PB). A iniciativa trabalha com o modelo diversificado e orgânico de produção de algodão, no qual o algodão cumpre um papel estratégico como gerador de receitas aos agricultores familiares e o consórcio com milho, feijão e gergelim possibilita ampliar as opções para a segurança alimentar e nutricional das famílias. 

O grupo também visitou a Embrapa Algodão para conhecer as linhas de pesquisa da instituição no modelo de trabalho com o semiárido e o cerrado, e a integração de ações para o desenvolvimento da produção de algodão orgânico (branco e colorido), com destaque para os trabalhos de extensão e pesquisa realizados em conjunto com as instituições locais, como a Emater/PB. 

A agenda finalizou com uma visita para conhecer os modelos de organização e agregação de valor do algodão colorido e branco (orgânicos) na Coopnatural, cooperativa de compra direta de matéria-prima de agricultores e produção têxtil; a indústria de fiação Norfil, importante ator na compra do algodão orgânico branco; e o assentamento Margarida Maria Alves. Neste assentamento, um grupo de agricultores familiares algodoeiros agrega valor à produção local por meio do algodão colorido e branco, do associativismo e do processamento da fibra. 

A visita técnica da missão peruana ao Brasil é parte das atividades de um projeto regional Fortalecimento do Setor Algodoeiro por meio da Cooperação Sul-Sul, do Programa de Cooperação Brasil-FAO, executado pelo governo do Brasil, representado pela ABC/MRE, FAO e países do Mercosul, Associados e Haiti. 

Este projeto de Cooperação Sul-Sul Trilateral tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento sustentável da cadeia de valor do algodão na Argentina, Paraguai, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador e Haiti, assim como ampliar as capacidades de coordenação interinstitucional para o fortalecimento do setor. 

Projeto no Peru

O projeto de fortalecimento do setor algodoeiro executado no Peru vem realizando seu trabalho nas zonas de Piura, Lambayeque e Ica. Nestas áreas são executadas atividades destinadas à transferência de tecnologia e modernização do setor algodoeiro, fortalecimento da organização, planejamento e coordenação entre atores-chave deste setor, adoção de boas práticas agrícolas como uso de sementes certificadas e capacitação de extensionistas, pesquisadores e técnicos agrários. 

Participam como parceiros peruanos do projeto o Ministério da Agricultura (Minagri), o Instituto Nacional de Inovação Agrária (INIA) e a Agência Peruana de Cooperação Internacional (APCI), além das direções agrárias dos três departamentos que atuam no projeto. Como instituições brasileiras cooperantes participam a Embrapa e a Abrapa.