Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Brasil, México e Peru compartilham experiências do trabalho das mulheres artesãs do algodão e a articulação com a moda sustentável

Projeto +Algodão promoveu webinar para comemorar o Dia Internacional da Mulher.

Santiago, Chile, 15 de março de 2024 - Mais de 70 participantes, a grande maioria mulheres que trabalham na cadeia do algodão, se reuniram virtualmente para o diálogo regional "Mulheres Artesãs do Algodão e Moda Sustentável na América Latina e Caribe", promovido dia 8 de março pelo projeto +Algodão, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação Sul-Sul realizada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e sete países parceiros no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. 

O objetivo do evento foi destacar o papel e os desafios enfrentados pelas mulheres do setor algodoeiro na América Latina para o exercício pleno de seus direitos e dialogar sobre as experiências de articulação da moda sustentável com a produção artesanal das mulheres rurais, especialmente de fibras naturais como o algodão. 

Na abertura, a analista de projetos da ABC, Mariana Falcão, destacou o compromisso da Agência na promoção de espaços de diálogo e a troca de experiências para impulsionar o fortalecimento das capacidades das mulheres do algodão. "Através da colaboração e intercâmbio de conhecimentos, podemos alcançar progressos significativos para um futuro mais digno e próspero para todas". 

Por parte da FAO, a especialista em gênero, Catalina Ivanovic, destacou em sua intervenção que as desigualdades de gênero ainda persistem, afirmando que as mulheres enfrentam uma sobrecarga de trabalho não remunerado, mencionando as diversas atividades que elas desempenham, como o trabalho doméstico, por exemplo. "A FAO está comprometida com a equidade de gênero", afirmou a especialista, que também mencionou que a organização mobilizará US$ 8,15 milhões para o empoderamento das mulheres rurais na América Latina e no Caribe. 

Durante o evento, foi apresentado o vídeo produzido pelo projeto +Algodão para celebrar o Dia Internacional da Mulher.

Mulheres artesãs do algodão e a moda sustentável

Para promover o diálogo sobre as oportunidades para as mulheres artesãs do algodão e sua relação com a moda sustentável, foram convidados três palestrantes internacionais que compartilharam suas experiências sobre iniciativas de sustentabilidade social, econômica e cultural das mulheres rurais e da indústria têxtil.

Do Brasil, Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), apresentou um panorama sobre o movimento "Sou de Algodão", criado pela Abrapa em 2016, para promover a moda responsável. "Nosso objetivo não é apenas valorizar a matéria-prima, mas também a contribuição da cadeia para a sociedade. E quando falamos sobre gênero, não podemos esquecer a contribuição das mulheres no setor algodoeiro". Segundo Ferraresi, estima-se que 61% da mão de obra na indústria têxtil brasileira seja feminina.

Outra iniciativa brasileira foi apresentada pelo estilista Ronaldo Silvestre, criador do Instituto ITI, que compartilhou o trabalho desenvolvido por seu instituto para fortalecer as habilidades de mulheres que sofreram algum tipo de violência ou idosas para que aprendam uma nova profissão: a costura. O Instituto ITI já capacitou mais de 800 mulheres na cidade de Itabira, em Minas Gerais. Atualmente, está em andamento um trabalho com um grupo de 67 mulheres que fazem parte de uma "fábrica social" e estão produzindo cerca de 70 mil uniformes para 12 mil alunos de escolas do município, o que tem permitido garantir emprego e renda para essas mulheres e suas famílias, conforme explicou o estilista.

Do México, Andrea Cesarman, cofundadora do Ensamble Artesano, apresentou o trabalho da plataforma que busca criar um espaço de resgate e disseminação de ferramentas importantes para os negócios artesanais: "uma biblioteca de soluções para aprendizado e profissionalização", inovando com a abertura de mercados digitais para a arte dos diversos territórios do México. A arquiteta explicou que são realizadas atividades para conectar os produtos artesanais aos interessados em comprar. "E isso não inclui apenas a produção e venda, mas também todas as atividades complementares que são igualmente importantes, como formalidade, um glossário fiscal, padronização de medidas e preços, cores e tendências, entre outros".

Este diálogo também faz parte das ações desenvolvidas no âmbito da Rede de Mulheres do Algodão da América Latina e Caribe, uma iniciativa de atores públicos e privados da cooperação Sul-Sul, articulada para promover cadeias de valor sensíveis ao gênero que beneficiam as mulheres e a competitividade da cadeia.