Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Webinar destaca educação alimentar como agente de mudança social

Sessão 7 do curso Vida Saudável foi transmitida ao vivo nas redes sociais e teve quase 1.500 visualizações.

Brasília, 8 de julho de 2021 - O papel fundamental da Educação Alimentar e Nutricional (EAN) como agente de mudança social foi o principal ponto de consenso entre os painelistas da sessão 7 do curso 'Alimentação escolar como estratégia educativa para uma vida saudável', realizado pelo projeto Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na América Latina e no Caribe. Além de transformar os indivíduos, os especialistas destacaram que as práticas de EAN podem promover mudanças nos hábitos alimentares dos alunos, de seus familiares, dos ambientes escolares e das comunidades locais.

Este ano o curso chegou à segunda edição, oferecido à Colômbia, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e República Dominicana, com o objetivo de formar cerca de 2.700 profissionais. O projeto Consolidação dos Programas de Alimentação Escolar na ALC, que faz parte do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, é executado em conjunto pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), pelo Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A sessão ao vivo, que teve cerca de 1.500 visualizações nas redes sociais Twitter e YouTube e foi realizada no dia 6 de julho, começou com a apresentação de experiências de sucesso de dois países. Primeiro, foi destacada a substituição de uma cantina de guloseimas por uma com alimentos saudáveis, o que teve ótima aceitação dos alunos de um escola em uma província argentina. Como consequência, houve aumento no consumo de alimentos saudáveis ​​entre jovens e seus familiares e maior conscientização sobre a alimentação no ambiente escolar.

Outra experiência apresentou escolas na Colômbia onde os alunos começaram a ter contato com as práticas da EAN, adotando hortas escolares como ferramenta pedagógica e formando hábitos saudáveis. Os alunos participaram de oficinas com nutricionistas sobre os alimentos que ingeriam, seu peso, seu índice de massa corporal, sobre preparo de pratos com ingredientes balanceados e orientações sobre a leitura dos rótulos dos alimentos.

Com base nas duas experiências, as palestrantes Melissa Vargas, especialista em nutrição da FAO Roma, e Veronica Sánchez, consultora nacional da EAN do Ministério da Educação de El Salvador, mencionaram essas práticas como mecanismos de mudança individual e social. Vargas disse que assim podem ser desenvolvidas habilidades importantes para a vida dos alunos, como a leitura de rótulos e o cultivo de alimentos nas hortas. “Não devemos ter a perspectiva de que a EAN é algo difícil ou complexo de se implementar. Os jovens podem ser facilitadores no processo de mudança para os outros”, disse Vargas. 

Por sua vez, Sánchez falou da importância dos professores na mobilização dos estudantes para transferir o que aprendem nas escolas. “É preciso motivar os jovens a serem agentes de mudança, a se comunicarem, a aprenderem e a se capacitarem para mobilizar outros colegas”.

Jovens líderes

Reina Osório, especialista em estratégias de EAN da FAO El Salvador, compartilhou a experiência de jovens facilitadores em segurança alimentar e nutricional no país. Ela fez um breve resumo apresentando os objetivos da metodologia para transformar jovens da educação básica em líderes para a promoção de boas práticas alimentares e nutricionais. “Respeito, cooperação e criatividade nas ações formativas são elementos fundamentais”, disse Osório, lembrando que é possível ter uma abordagem multidisciplinar nestas atividades.

Najla Veloso, coordenadora do projeto Consolidação dos Programas de Alimentação Escolar na ALC, comentou que as melhores práticas das escolas devem ser transpostas para o ambiente familiar. E explicou que um dos principais objetivos do curso é formar gestores de alimentação escolar nos países para fortalecer esses programas.

Falar sobre ações práticas é muito 'nutritivo' e alimenta nossa alma, porque pensamos que tudo o que estamos lendo e ouvindo parece distante da vida real, mas não é. O que estamos discutindo hoje é possível porque vocês já fazem. Esse curso vem para dizer que é possível", disse a coordenadora.

Por sua vez, Karine Santos, coordenadora do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Brasil, executado pelo FNDE/MEC, disse que os atores do ambiente escolar devem gerar informações e promover atividades que coloquem os alunos em contato com questões como a prevenção de perdas e desperdícios e a alimentação saudável.

É um processo para que os jovens sejam protagonistas em suas escolas. A partir da transformação dos indivíduos, é possível chegar às famílias e aos atores envolvidos no ambiente escolar”, explicou. Karine Santos também enfatizou quatro conceitos-chave para a EAN: continuidade e permanência, transdisciplinaridade, intersetorialidade e contexto multiprofissional.

No encerramento do evento, Paola Barbieri, analista de projetos da ABC/MRE, concluiu dizendo que o curso virtual em sua segunda edição pode contribuir para o desenvolvimento das comunidades onde os alunos vivem. Barbieri agradeceu aos países, ao FNDE, à Cooperação Brasil-FAO e aos painelistas por compartilharem suas experiências. “Espero que todos possam aproveitar cada vez mais nossas reuniões e que todos sejam agentes de mudança em seus países”.