FAO in Mozambique

“Precisamos de mais impacto da agricultura na Nutrição”

Agricultora a aprender práticas de nutrição
02/12/2016

Num universo de cerca de 24 mil habitantes, 43% sofre de malnutrição em Moçambique, das quais as mais afectadas são crianças dos 0-5 anos de idade.

A estratégia da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em nutrição consiste em contribuir em directrizes sobre nutrição alimentar e implementar políticas que apoiam os programas agrícolas que tenham impacto na agricultura.

Em resposta aos elevados índices de desnutrição no país, a FAO, realizou recentemente uma formação em Planificação Multissectorial em Segurança Alimentar e Nutricional destinada a técnicos provenientes do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) e de outros sectores agrários parceiros do governo.

A formação tinha como principais objectivos:
- Aumentar o conhecimento e a compreensão sobre questões de segurança alimentar e nutrição relacionadas com Moçambique;
- Aumentar o conhecimento e a compreensão sobre os sistemas alimentares sustentáveis, a agricultura, a protecção social e as ligações nutricionais e a relevância para o trabalho do SETSAN;
- Aumentar a conscientização sobre a legislação e políticas relevantes sobre segurança alimentar e nutricional no país;
- E discutir e acordar sobre mecanismos para fortalecer a coordenação e a prestação de contas multissectoriais na segurança alimentar e nutricional a nível nacional, descentralizado e comunitário.

O coordenador do subprograma ODM1c da FAO, Walter de Oliveira alerta que o aumento da produção é visível no país mas ao mesmo tempo há aumento da desnutrição cronica. "As áreas com maior índice de desnutrição crónica são as de maior nível de produção agrícola, isso é uma contradição que estamos a tentar resolver" afirmou.

As províncias de Niassa, cabo Delgado e Nampula são regiões da zona norte de Moçambique em que o índice de desnutrição crónica chega a atingir os 50% mas, em contrapartida, criam um contraste com os níveis de produção que são elevados.

Para minimizar esse contraste, De Oliveira defende que "a ligação entre agricultura e nutrição a nível de políticas e coordenação é muito importante".

"O potencial da agricultura pode melhorar a nutrição mas ainda não temos dados evidentes sobre o impacto da agricultura na nutrição. Precisamos mais evidências e mais impacto da agricultura na nutrição porque só assim poderemos melhorar as nossas acções" concluiu.

Por sua vez Representação do Governo, por parte do SETSAN, Edgar Cossa, referiu que uma das grandes causas da desnutrição em Moçambique que, é uma das principais preocupações do governo são os casamentos prematuros.

Entre vários aspectos, a formação serviu para analisar como profissionais de diferentes sectores e instituições podem contribuir para alcançar resultados nutricionais, familiarizar os participantes com as actuais políticas e programas de segurança alimentar e nutrição a nível global e nacional e, identificar as principais causas da desnutrição, possíveis soluções e sua relação com os meios de subsistência das comunidades.

Esta formação é parte do subprograma da FAO "Acelerar o progresso rumo ao alcance dos objectivos de desenvolvimento do Milénio em Moçambique (ODM1c) ".